Explorar a versatilidade - e a "pasión" - da cultura latina. Essa é uma das apostas de Alinne Garruth para o lançamento de seu primeiro EP, Abre Alas, já disponível nas plataformas digitais. Com seis faixas, o álbum traz como destaque a música "Quiero Más", que também ganhou um clipe no canal oficial da cantora.
Extrapolando (no bom sentido, é claro) os limites da salsa e do reggaeton, "Quiero Más" é uma música "caliente", criada especialmente para denunciar os desmandos de um relacionamento abusivo. Achou confuso? A própria artista capixaba explica.
"Compus pensando em uma amiga superinteligente e independente que viveu um relacionamento ruim por quatro anos com um homem de Honduras. Tinha que explorar essa história da exacerbação da masculinidade latina", explica a cantora, por telefone, de sua casa, em Cachoeiro de Itapemirim.
"A opção por gravar em espanhol é um resgate da própria cultura de nosso continente. Temos um idioma completamente diferente dos nossos países irmãos e, às vezes, esquecemos da nossa história", detalha, voltando a falar da importância social de sua música.
"É importante falarmos de relações abusivas por meio da arte, pois é uma situação recorrente para as mulheres. O intuito é que elas se sintam acolhidas e confortadas. É para dizer que elas não estão sozinhas."
"Quiero Más" também chama a atenção por seu clipe, que remete ao "hipermelodrama" do espanhol Pedro Almodóvar, com tons terrosos, personagens "histérios" e pelo abuso de um vermelho verborrágico, fruto da fotografia de Marcela Bicalho.
"Gravamos o vídeo em agosto, na minha casa em Vitória. Por conta da Covid-19, foi feito com uma equipe bem reduzida. Somente três pessoas cuidaram da produção. Optamos por cores vibrantes e saturadas, tudo para explorar o lado caliente do latino", brinca.
Outra faixa de destaque de Abre Alas é Sucesso, que, ao contrário de "Quiero Más", vem em uma vertente mais calma, explorando ritmos indianos.
A composição de surgiu como resposta às críticas negativas de 'Azar', uma música minha que detalhava antigos relacionamentos. Como Vitória é uma cidade pequena, muitas pessoas ouviram e, por estarem direta ou indiretamente envolvidas, não gostaram da repercussão. Muitos chegaram a me ofender", lamenta. "'Sucesso' mostra que o meu trabalho é a confirmação da volta por cima. Os ataques só me fizeram crescer como artista.
Recém-formada em Publicidade pela UFES, Alinne Garruth diz que sua versatilidade vem de berço. "Desde pequena tive contato com as artes, estudando violão e piano. Meu pai era jornalista e minha avô, musicista. 'Abre Alas' (o EP) traz um pouco dessas referências, pois compus todas as faixas. Queria mostrar essa versatilidade, sempre voltada para a música pop", ressalta a artista de 23 anos, que chegou a fazer um curso de teatro musical nos Estados Unidos em 2019.
Alinne ressalta o bom momento por que passa a música capixaba. "Temos nomes de valor aparecendo para o país, como Silva e César MC, mas sinto que falta investimento para que a nossa cena alavanque. O capixaba precisa valorizar mais os seus artistas. Veja o exemplo do Silva. Ele precisou se destacar lá fora para começar a ser mais valorizado aqui", aponta.
A cachoeirense revela estar cheia de projetos para 2021. "Por conta da pandemia, tive que adiar algumas ideias. Quando tudo passar, quero começar uma turnê pelo país na divulgação de 'Abre Alas'. Além disso, estou trabalhando em um novo EP. Será bem diferente do primeiro. Pretendo resgatar a música Pop dos anos 1950", complementa, com empolgação de sobra.
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