"Não tem como eu não ter um pouco da personalidade de Lorelai em todos os papéis que fiz no cinema e na TV desde Gilmore Girls", afirma a própria Lauren Graham, em entrevista à Gazeta via Zoom. Como não consegue se desvencilhar do papel de mãezona da televisão, a atriz de 54 anos de idade foi chamada para encarar mais uma em "Virando o Jogo dos Campeões" (The Mighty Ducks), série da Disney+, que estreou no fim de março no Brasil pelo streaming.
Na nova trama, Lauren dá vida à personagem Alex, que é superpreocupada e protetora do filho, que acaba saindo do time de hóquei mais famoso da cidade, os Patos, e o ajuda a formar o time dos “excluídos” com outras crianças que também não foram aceitas pela equipe. No meio do caminho, ela mesma absorve parte do papel de treinadora e pensa: “Por que não prepara-los para uma virada daquelas?”.
A série, baseada na trilogia de filmes dos anos 1990 "Nós Somos os Campeões", tenta mostrar que, no mundo competitivo em que as crianças começam treinos intensos cada vez mais cedo, a prática de esportes por diversão é necessária. Alex quer mostrar que dá para ser feliz e até vencer jogando por amor.
No desenrolar da narrativa, ela se envolve nos problemas dos jovens, vive aventuras relacionadas ao amor e, é claro, dá aquela lição de moral sobre valorização do feminismo e inclusão social.
"Eu me sinto muito sortuda de ter tantas crianças da TV contracenando comigo. Definitivamente, me sinto orgulhosa de cada um deles e responsável por fazer a experiência deles na TV ser a mais positiva possível, cuidar deles. Eu fico mais velha e eles, mais novos (risos)”, brinca, sobre sempre interpretar este tipo de personagem.
Mas nada que a deixe chateada por ser vista como a mãezona nas séries de TV e filmes: "É meu amor da vida. Atuar como essas mães solteiras que buscam amor. Eu acho que é alguma coisa nessas personagens, que elas procuram, não sei, que me fazem me atrair por elas. Alguma coisa nessas personagens fala comigo com quem eu sou na vida real e penso que, por alguma razão, eu sirvo nelas (risos). Então, eu só aceito (os papéis) e continuo atuando até algo diferente surgir”.
Eterna Lorelai Gilmore, da série "Gilmore Girls", ela também não exclui essa personagem que foi de suas mais emblemáticas interpretações de toda a carreira. Questionada pela reportagem sobre qual característica carrega desse papel, Lauren responde: "Eu acho que sempre tem uma parte de mim, uma grande parte de mim, que terá Lorelai. Eu sempre penso nela, sou muito grata a ela e muito grata aos fãs que a amam. E sei que os brasileiros são muito devotos dela e sou grata por isso também. Amo meus fãs do Brasil e obrigada".
Durante o bate-papo, Lauren entrega impressões sobre a experiência de contracenar com atores e atrizes mirins, além de fazer um balanço do que a nova série da Disney+ quer transmitir com sua amostra de humanidade ao discutir a exclusão nos esportes nos Estados Unidos.
Eu não sei. Quero dizer, eu só aceitei, é o amor da minha vida. Atuar como essas mães solteiras procurando por amor. Eu acho que é algo que essas personagens buscam, não sei. Elas são vazias, vulneráveis, cheias de esperança... E acho que há um tipo de abertura nisso, uma esperança. Alguma coisa nessas personagens fala comigo, com quem sou na vida real. E penso que, por alguma razão, sirvo nelas. Mas fiquei muito feliz de receber essa personagem maravilhosa, eu realmente amei a Alex.
No mundo em que há milhões de shows de TV, séries, filmes, eu acho que essa nostalgia, algumas doses de nostalgia, são boas. Fazem o público reconhecer, tem um motivo para estar ali. Mas também tem uma pressão no sentido de que lembram de mim, esperam que eu seja tão boa quanto lembram de mim. E acho que isso tem a ver com o momento, o período. Não sei se, por isso, podemos elevar nossas expectativas. Em "Virando o Jogo dos Campeões", por exemplo, por ser um reboot, é como se fossem os pais olhando para trás. As crianças não sabem, não conhecem. E isso é o legal.
Eu sou muito competitiva em alguns aspectos, como escritora, sabe? Perseguição solitária. Eu estava bastante competitiva por um tempo e depois tudo mudou, trocou e eu acabei me apaixonando por outras áreas, como o teatro, e, sim, tenho esse espírito.
Eu acho que sempre tem uma parte de mim, uma grande parte de mim, que terá essa personagem. Eu sempre penso nela, sou muito grata por tê-la feito e por ter os fãs que a amam, que me acompanham em tudo o que fiz desde lá.
Eu acho que é a personagem que é mais próxima de mim, sim. Não posso imaginar outro papel chegando tão perto. Então, sou muito grata, particularmente os brasileiros. Sei que os brasileiros a amam e sou muito grata por isso também. Obrigada.
Eu me sinto sortuda de ter tantas crianças e jovens na TV e, definitivamente, me sinto orgulhosa de cada um deles. E responsável por fazer a experiência deles ser a mais positiva possível. Eu fico mais velha e eles mais novos (risos). Eu quero que todos eles tenham bons momentos, divertidos, e que também pensem no que querem para o futuro deles. E é muito bom ter amizade com essas pessoas mais jovens, é muito importante. Quanto mais velha você fica, mais é importante. É esperançoso manter contato com pessoas que têm experiências diferentes, uma vivência diferente. E eles me ensinam tanto quanto eu aprendo.
Bom... Eu a vi esse dia, inclusive, na TV. Kelly Bishop, que foi minha mãe na TV. E eu a amo tanto, acho ela tão fantástica! Eu sempre estou em contato, também, com o criador de 'Gilmore Girls', Dan Palladino. Sempre falo com ele. Sou muito grata a esses dois e aos relacionamentos que tenho com eles.
Eu acho que não posso me separar demais das minhas personagens. Todas têm muito de mim. Se fosse assim, nunca teria feito comédia na minha vida e não sou muito do drama (risos). Sei lá... Sou tão Lorelai, por exemplo. Sempre trarei um pouco dela em todos os meus papéis. E quando li 'Virando o Jogo dos Camoeões', eu queria fazer parte, me deu vontade. E tem muito desse espírito meu lá. Estou confortável com o papel e por isso gostei tanto.
Eu não sei... Surpreendente? É só muito gratificante quando as pessoas falam que fiz algo de que todos gostaram, viram com a família - sobretudo mulheres e suas filhas, é claro. Mas é incrível a honra que sinto quando pessoas dizem que alguma coisa que eu fiz para entretê-las - ou dei duro para fazer - as divertiu, deu paz, alegria. Isso é algo muito gratificante e também virou algo com que me preocupo durante os trabalhos. Sempre penso em como fazer algo mais feliz, fazer ser mais positivo, de valor... E eu tento pensar nisso sempre que estou atuando, escrevendo, fazendo parte de algo. É o mais importante para mim.
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