Uma visão lírica do Espírito Santo por meio de fotografias que fazem um mosaico destacando a beleza, as riquezas e a cultura do Estado. Esse é um dos olhares subjetivos que podem ser direcionados a Expedição Capixaba - Uma Viagem Pitoresca e Fotográfica pelo Espírito Santo, livro de Gabriel Lordello, Tarcísio Bahia e Tadeu Bianconi que terá lançamento nesta terça (3), no Shopping Vitória, a partir das 19h, com entrada franca.
A publicação é inspirada nas expedições que passaram pelo Estado no século XIX, como a do francês Auguste Saint-Hilaire, que explorou a região há cerca de 200 anos destacando as belezas locais. A obra possui 300 fotografias - que contam com textos introdutórios em português e inglês - marcantes para a carreira dos três autores. As imagens retratam com rigor estético os povos, as regiões, a cultura, a natureza e a fé do nosso povo.
As imagens nasceram de minhas andanças pelo interior do Estado, a trabalho ou mesmo de férias. São frutos de um olhar muito íntimo sobre a nossa diversidade, adiantou um dos autores, Gabriel Lordello.
Durante a conversa, Lordello (que trabalhou na redação de A Gazeta por dez anos) também falou sobre o amor pela arte de fotografar - tendo como uma das referências o mestre do naturalismo Ansel Adams, um dos homens que definiu o modernismo americano na fotografia -, e da necessidade do turismo capixaba ganhar investimentos do setor público para, finalmente, alavancar.
A ideia surgiu de um dos autores, Tarcísio Bahia, que é arquiteto e já lançou algumas obras literárias. Em 2015, ele lembrou dos 200 anos da expedição de Auguste Saint-Hilaire para pesquisar as nossas belezas naturais. O Tarcísio teve um start de fazer uma obra com um conceito de expedição também, sempre usando o acervo de fotos que fizemos em nossos momentos de andanças pelo interior do Espírito Santo. Foi um projeto gestado, que demorou cerca de quatro anos para ficar pronto.
No livro, boa parte das minhas fotos foram inspiradas em viagens que fiz a trabalhando para A GAZETA. Sempre gostei de andar pelas ruas e ver a realidade das cidades visitadas, como a sua cultura e a tradição do povo. Quer um exemplo? Em Expedição Capixabas, há uma série de fotos sobre a agricultura de Santa Maria de Jetibá que foram clicadas nos meus intervalos de viagens do trabalho.
O que tem de conceito estético é o nosso olhar representativo de um lugar ou de um tema. Algumas imagens não seguem um estilo de "cartão postal", mas sim do que um lugar representativo para o nosso imaginário. O antropológico é sugerido quando tentamos lincar alguns momentos históricos, especialmente a expedição que Auguste Saint-Hilaire. Há, também, o intuito de abordarmos os vários povos que compõem a nossa sociedade, como os negros, tiroleses e pomeranos, por exemplo. Não pensamos em mostrar fotos pela estética, mas sim por sua representatividade.
São muitas (risos), pois passei por diversas fases em minha carreira. Comecei com a predileção por fotografar paisagens e tive uma forte influência do americano Ansel Adams. Uma vez, uma professora disse que faltavam pessoas em meus cliques (risos). Então, comecei a enriquecer o olhar para o lado mais humano da fotografia. A partir de então, tomei paixão por Luiz Braga e Walter Firmo, que ficaram famosos por mostrar as cores do Brasil. No Estado, destaco o Rogério Medeiros, um homem que soube explorar muito bem as particularidades naturais e culturais do Espírito Santo. Uma referência, sem dúvidas.
Na verdade, fizemos apenas as traduções dos textos, mas, sim, nossa ideia é alcançar um público mais amplo futuramente. Lembrando que o livro também conta com um texto do historiador Fernando Achiamé. Além disso, são dez capítulos temáticos, cada um deles subdivididos em verbetes com assuntos como: Povo, Arquitetura, Mar, Matas, Gastronomia, Trabalho, Arte, Religiosidade e Esportes.
Nosso foco sempre foi mostrar a diversidade capixaba. Na economia, por exemplo, as fotos retratam a força do café e do minério de ferro. A cultura também é muito abordada, como o congo, o ticumbi, o jongo e a Folia de Reis. Também tem os quilombolas entre os povos que tentamos destacar. Não é um trabalho definitivo sobre o Estado, como uma verdade absoluta. É apenas o nosso olhar sobre as coisas que consideramos importantes mostrar para o mundo. Por isso, uma segunda edição do livro já está sendo pensada.
Acho que são todas as imagens relacionadas ao folclore, pois me dá um prazer enorme vivenciar isso. O amor pelas tradições culturais é o que me move no trabalho, o que me impulsiona a sair de casa. Gosto de conviver com pessoas simples, que têm fé, e fazem suas manifestações sem se preocupar com o retorno.
Primeiro, o turismo precisa realmente ser visto como uma potência econômica. Os governos, normalmente, destinam a menor verba do orçamento para essa área. Portanto, faltam investimentos públicos. Comecei trabalhando em uma revista de turismo, em 1999, e sempre constatei que falta um plano de longo prazo, seja dos governantes ou do empresariado. Quer um exemplo? Você vai a Pedra Azul (em Domingos Martins) em dezembro, no Natal, e os restaurantes estão quase todos fechados. O setor precisa aproveitar que o capixaba está desenvolvendo cada vez mais o orgulho das coisas da terra.
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