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Livro resgata a carreira, e o talento, do pianista Hélio Mendes

Livro resgata a carreira, e o talento, do pianista Hélio Mendes

"O Piano e seu Conjunto: Vida e Obra de Hélio Mendes", de Cínthia Ferreira, será lançado nesta quarta, às 19h30, no Palácio da Cultura Sônia Cabral, em Vitória

Publicado em 2 de outubro de 2019 às 16:29

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Pianista Hélio Mendes. (Arquivo A GAZETA)

Com o trabalho reconhecido em toda a América Latina (mesmo sem nunca ter feito um show fora do país), Hélio Mendes (1925-1991) ganhou uma homenagem à altura de seu talento. Conhecedor da Bossa Nova e da MPB, o pianista capixaba tem sua história (e façanhas artísticas) contada no livro “O Piano e seu Conjunto: Vida e Obra de Hélio Mendes”, um trabalho de resgate de memória afetiva escrito pela neta do artista, a jornalista Cínthia Ferreira.

Os fãs do instrumentista - que ganhou reconhecimento nas décadas de 1950 e 1960, especialmente com a criação do grupo Trio Vagalume - podem conhecer a publicação durante o seu lançamento, que acontece nesta quarta-feira (2), a partir das 19h30, no Palácio da Cultura Sônia Cabral, em Vitória. A entrada é franca.

"O livro tem um forte elemento da cultura jornalística. Afinal, é baseado em uma série de reportagens publicadas em jornais e revistas sobre a carreira do meu avô”, informa a autora, dizendo que, na publicação, usou entrevistas de pessoas do meio cultural próximas a Hélio, como Cariê Lindenberg (presidente do Conselho de Administração da Rede Gazeta); os músicos Marien Calixte e Maurício de Oliveira; o jornalista Cacau Monjardim, e o ex-reitor da Universidade Federal do Espírito Santo, Rômulo Penina.

“Muitos amigos do meu avô  me incentivaram a escrever. Sempre me falavam que o Hélio precisava ser resgatado, principalmente para que a nova geração conhecesse a sua importância para a música capixaba”, revela, confessando que a paixão do pianista pela família e pelo Espírito Santo está impregnada nas 150 páginas de sua obra (e em mais de 40 anos de carreira do músico).

SHOW

A noite de lançamento ainda contará com as apresentações do trio de músicos instrumentistas Fábio do Carmo (violão), Bastian Herrera (piano) e Rodrigo Souza (bateria). O repertório foi preparado por Cínthia e contará com faixas que marcaram a carreira de Mendes, como “Corcovado”, “Ela é Carioca”, “Rio” e “Garota de Ipanema”. Acima, ouça o disco "Hélio Mendes e seu Trio Vagalume - Na Bossa" (1963)

“Ele dava uma nova sonoridade para essas músicas. A trajetória de Hélio sempre foi marcada por novos arranjos e improvisos, flertando com vários estilos, do samba até o bolero”, assinala.

A produção de “O Piano e seu Conjunto” começou em 2006, quando a autora iniciou o processo de pesquisa jornalística. A obra, porém, só foi concluída em 2018, após Cínthia conseguir o suporte financeiro de um edital lançado pela Secretaria Estadual de Cultura.

“É um projeto caro e muito detalhista. Editamos 147 artigos, entre fotografias e reportagens. São 67 imagens catalogadas e a maioria muito antigas e de complexa digitalização”, explica Cínthia.

A obra - que, inicialmente, estará à venda apenas na noite de lançamento - traz várias curiosidades sobre a carreira de Hélio Mendes. “Pesquisando, descobri que ele tocava com a mão esquerda, que é típico dos pianistas que não têm formação clássica. É uma característica de instrumentistas que tentam dar um swing diferente as suas composições”.

Futuramente, a escritora pensa em lançar uma versão digital de “O Piano e seu Conjunto”, em formato e-book. “Estamos dando um passo de cada vez. Os discos do meu avô já estão disponíveis em várias plataformas digitais, como o Youtube e o Spotify. É uma forma de manter sua obra viva e de fácil acesso para todos”, acredita.

TALENTO

Hélio Mendes, pianista capixaba. (José A Magnano/Divulgação)

Entre os reconhecimentos que Hélio Mendes conquistou em sua carreira (marcada por sete Lps e um compacto duplo) está o Prêmio Estácio de Sá, concedido na categoria Conjunto Revelação em Disco Elepê. O álbum foi "Weekend Guarapari".

A medalha e o diploma Estácio de Sá (fundador da cidade do Rio de Janeiro) foram entregues no Theatro Municipal, na capital carioca, em 29 de dezembro de 1963. Na ocasião, Elis Regina e Jorge Ben Jor também foram reconhecidos.

A paixão de Mendes pela música começou desde cedo. Suas irmãs, Hely e Rosilda, pianistas, o incentivaram a praticar diariamente usando o instrumento delas. Com Hely e Rosilda, aprendeu harmonia e conheceu a música erudita.

“Elas faziam aula de piano em casa. Ele assistia a tudo e aprendeu a tocar apenas observando, com a sua apurada audição. O Hélio adorava a pianista Carolina de Menezes. Foi com ela que, aos sete anos, teve a certeza de que seria músico”, relembra, com nostalgia.

Lançamento: "O Piano e seu Conjunto: Vida e Obra de Hélio Mendes", de Cínthia Ferreira

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