Um dos temas que mais gera discussão no mundo é o amor. Ele sempre rendeu quadros e programas na televisão, aproveitando o filão de audiência que este tipo de conteúdo gera. Quem não se lembra dos quadros feitos em programas como "Caldeirão do Huck" e "A Hora do Faro" ou até mesmo o reality show de sucesso "The Barchelor"?
Em fevereiro deste ano, a Netflix fez esquentar os debates em torno do assunto assim que lançou a primeira temporada de reality, "Love is Blind" ("Casamento às Cegas", como está sendo chamado o programa do streaming em português). A diferença deste experimento para os outros é a forma como o casal se conhece e a velocidade em que acontece um casamento.
Nele, os participantes do programa passam por algumas etapas desde provas simples de afinidade, nos primeiros episódios, até - literalmente! - morarem juntos na fase final. E, então, têm que subir ao altar para decidirem se vão ou não passar o restante de suas vidas com o eleito até que a morte os separe.
Mas antes disso, o próprio participante ganha autonomia para decidir se deseja seguir com a empreitada. O casal, inicialmente, "se escolhe" às cegas. Os participantes ficam em espécies de boxes e só saem de lá quando o parceiro está escolhido. Em seguida, se conhecem pessoalmente e decidem se vão continuar no reality ou não.
Se comprarem a ideia, partem para uma lua de mel luxuosa no México e, depois, para um apartamento de volta às cidades de origem. Nos dois lugares, ficam por curtos períodos tendo que conviver juntos, e é nessa hora que os problemas começam a aparecer.
Para a psicóloga Adriana Muller esse aspecto já não faz do reality um espelho da vida real. "(O programa) estimula curiosidade, mas não sei se isso é bom. Porque gera a ideia de que posso opinar na vida daquelas pessoas. Estimula uma intromissão nesse assunto que é delicado e gera uma reflexão, comentários. Posso até torcer para um ou para outro, porque o público acaba se envolvendo nas histórias", avalia.
Já a administradora Diana Maria Peruzo, de 36 anos, acredita que essas relações é que tornam a atração divertida. "Achei engraçado. Talvez mostra um pouco de carência dos participantes, mas você percebe que todos ali vão determinados na intenção de encontrar alguém", fala ela, que não tinha o costume de acompanha programas desse tipo.
Diana começou a assistir "Love is Blind" por indicação de uma amiga e os epidódios da primeira temporada viraram até assunto entre rodas de conversas com colegas. "Alguns casos deram certo, né? Acho que relacionamento não tem padrão. Tem gente que é mais rápido, outras pessoas demoram mais, mas é uma situação diferente (a do reality). Em um, dois meses, você está envolvendo família para se casar de verdade", exclama.
A psicóloga também adverte sobre essa "corrida" ao altar e reitera que o período pelo qual o casal passa junto não quer dizer muita coisa para significar uma vida inteira. "O espectador fica apoiado em glamour, falsa ideia de que existe aquela imagem de 'pessoa certa', 'seremos felizes para sempre', que casar é algo fácil e simples e que casais são formados por homem e mulher", corrobora.
Adriana ainda completa: "Podemos gostar de assistir, mas temos que lembrar que é um show. É editado, supervisionado e realizado em ambientes que não são comuns na vida real. A vida real é sempre mais desafiadora".
ATENÇÃO: A partir daqui, o texto pode conter spoilers para quem não assistiu
As opiniões disseminadas na internet partem dos mais diversos públicos, mas são os jovens que dominam a maioria das publicações sobre o reality. Em alguns posts, dá para ver que o público-alvo da plataforma de streaming nem estava acreditando no sucesso e engajamento do programa, mas agora acabou ficando viciado em acompanhar a vida amorosa dos participantes.
Com memes, fotos e vídeos curtos do reality, os fãs se manifestam em sua maioria com mensagens de apoio ao casal Lauren Speed e Cameron Hamilton (que ficaram os mais famosos da temporada) e mostrando a dependência aos episódios.
"Eu assistindo Casamento às Cegas: 'Nossa, esse casal se conhece há dois dias, nunca se viu e fala que se ama'. Eu hoje: 'Lauren e Hamilton melhor casal, perfeitos", brincou um internauta no Twitter.
Outro opinou: "Esse 'Casamento às Cegas' só conseguiu fazer um casal que presta, então agradeçam à Lauren e ao Cameron por salvarem o programa".
Não é de hoje que programas que envolvem amor, namoro ou qualquer outro tipo de relacionamento viram manchete - seja pelo sucesso ou polêmica que causam. O Divirta-se fez uma lista com alguns programas dessa natureza para você relembrar. Confira!
No programa, que estreou em 2016, casais famosos enfrentam provas para testar o quanto eles se conhecem e quão bem se dão. Cada semana representa um casal eliminado até que só reste uma dupla, que vence e leva como prêmio o dinheiro acumulado ao longo dos testes que o reality propõe. Com a morte de Gugu Liberato, o reality passará a ser apresentado por Adriane Galisteu em 2020.
Comandado por uma audiência jovem e cheia de vigor, o programa disponível na TV por assinatura surfa na mesma onda de virilidade. A ideia é mostrar cinco homens e cinco mulheres confinados em um local luxuoso e paradisíaco quando, aos poucos, ex namorados dos participantes entram na casa. Não há competição ou disputa, mas o reality pega fogo por conta das pegações, festas e bebedeiras dos confinados.
Assim como o "De Férias Com o Ex", o reality é da MTV Brasil. Exibido até 2018, este reunia dez solteiros e dez solteiras que ficavam em uma casa do Rio de Janeiro. Os confinados passavam por testes com psicólogos que formam casais de acordo com o perfil de cada um, mas sem que os participantes saibam previamente que são os pares ideais. O objetivo era justamente que eles acertassem suas duplas na corrida para levar meio milhão de reais.
O reality, exibido na Warner em 2014, não ajuda os participantes a encontrarem um amor. A ideia é recuperar a autoestima das pessoas que sofreram desilusões amorosas. O programa reunia 13 participantes e era apresentado por Mica Rocha, que estava no começo da carreira.
O programa que voltou a ser exibido no SBT, após sucesso no fim dos anos 1990, apresenta um convidado que tem que achar o seu par ideal entre centenas de participantes. A seleção acaba sendo feita por meio de perguntas aleatórias e, às vezes, de gosto duvidoso. Se as respostas do participante bater com a do convidado, ele segue no jogo até só restar um e o par escolhido é revelado. Depois, nos bastidores, o casal vai testar a química.
O quadro do programa "Hora do Faro", na RecordTV, reúne um grupo de mulheres que vai escolher um dos candidatos, que passam por apresentações até situações de vergonha alheia. Se o "galã" for escolhido por uma das moças, eles conversam e depois dançam uma valsa. No fim, a mulher decide se vai dar namoro ou se fica na amizade.
Quadro extinto do programa Eliana, do SBT, que tinha um formato parecido com o do "Hora do Faro". Nele, um grupo de mulheres analisa candidatos dispostos a pagar micos e fazer cantadas baratas para conquistá-las. Neste programa, a mulher pode trocar o candidato casa encontre outro mais interessante no meio do programa. No fim, se ela sair com um rapaz, ganha um jantar pago pela produção e a possibilidade de um relacionamento.
O quadro teve duas temporadas no "Caldirão do Huck", no início dos anos 2000. A música de introdução, cantada por Supla, já apresentava o que esperar da atração: "Aí, meu camarada, alguma coisa tá errada. Não sei se é comigo ou com essas seis acorrentadas...". Sim! Ao longo das semanas, um homem era acorrentado a seis pretendentes. A cada semana uma era eliminada até só uma ficar acorrentada ao pretendente. A sobrevivente tinha, então, o direito de decidir se queria ficar com ele ou com uma maleta cheia de dinheiro.
O programa que fez sucesso nos anos 1990, no SBT, tinha diversos quadros com o intuito de formar ou reatar casais. Um dos mais esperado era o da valsa. Durante todo o programa, cerca de 10 homens e 10 mulheres ficavam em lados opostos do cenário se observando. No último bloco, os homens chamavam as moças para dançar a valsa e conversar. Em seguida, Silvio Santos questionava se ia rolar o romance ou se ia ficar na amizade.
Outro quadro de amor apresentado no Caldeirão do Huck, no início dos anos 2000. Este contava com 14 participantes que passavam dias dentro de um iate se conhecendo. A dupla com maior entrosamento ganhava um cruzeiro em um navio de luxo, bem longe das câmeras e com toda liberdade.
Depois de Silvio Santos, que comandou o "Em Nome do Amor" e o "Xaveco" por anos, Luciano Huck foi o cara do romance na TV. Outro quadro que tentava formar casais no programa do rapaz era "Namoro às Escuras". Nele, dois desconhecidos ficavam numa cabine escura se conhecendo através do tato. Comidas, bebidas e almofadas davam o tom de romance. Depois, no palco, eles tinham que adivinhar entre os figurantes com qual pessoal passaram o tempo no escuro. Daí, o namoro podia rolar ou não. Confira um dos programas neste link: https://globoplay.globo.com/v/1985535/
No ar desde 2002, o reality tem 23 temporadas e tem três spin-off: The Bachelorette, Bachelor Pad e Bachelor in Paradise. Devido ao sucesso, na NBC, ganhou versões pelo mundo. O Brasil teve a sua em 2014 produzida pela RedeTV. O programa consiste em cerca de 25 a 30 mulheres disputando o coração de um solteirão. A cada semana, um grupo entre dez, cinco, três ou duas mulheres, dependendo da quantidade ainda restante, é eliminado através da escolha do próprio bendito fruto, que tem encontros amorosos com várias ao mesmo tempo. O processo culmina com quatro finalistas, de quem o solteirão conhecerá pessoalmente as famílias, para uma melhor avaliação, e selecionar a campeã.
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