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Macucos canta amor em álbum de 20 anos: “Revolução não é com armas”

Macucos canta amor em álbum de 20 anos: “Revolução não é com armas”

Banda de reggae das mais famosas do Espírito Santo renova fidelidade com fãs cantando importância do amor somando influências do reggaeton e rap às novas composições

Publicado em 23 de dezembro de 2020 às 12:00

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A banda Macucos: Gustavo Souza, Leomar, Frederico Nery e Xande
A banda Macucos: Gustavo Souza, Leomar, Frederico Nery e Xande . (Aron Ribas)

Há 20 anos o Macucos tenta transmitir mensagens de paz, esperança e amor com suas músicas sempre embaladas pelo reggae. Agora com o rap, ritmo que passaram a explorar mais em “Revolução do Amor”, disco lançado neste mês, eles cumprem o mesmo papel, mas cada vez menos se preocupando tanto com essa função. “Te confesso que acho que a gente nem absorve essa responsabilidade (de cumprir um papel). A gente sempre teve uma história relacionada com amor, natureza, questões sociais... A gente mantém isso”, diz Xande, guitarrista do grupo, em entrevista à Gazeta.

No disco comemorativo aos 20 anos de carreira, que foi lançado no último dia 18 de dezembro, eles reforçam justamente essa liberdade cantando a revolução. Na música de trabalho, homônima do álbum, isso fica ainda mais claro quando os versos trazem a exaltação de todas as formas de amor. “No clipe, essa mensagem fica ainda mais clara”, começa Xande, que compõe a banda com Gustavo Souza, Leomar e Frederico Nery, o Fred.

Que continua: “O clipe mostrou muito o amor acima de tudo. Teve um casal de homem e mulher, um casal homoafetivo, crianças que representam outras formas de amor... Tentamos representar a diversidade da forma mais ampla possível. A ideia é essa: revolucionar por meio do amor. Acho que a pandemia até mostrou como a gente não deve agir em hipótese alguma, a importância do amor, da reciprocidade, do quanto isso faz falta quando não temos”.

Falando em pandemia, o período que começou em março deste ano foi o que eles mais produziram e compuseram no Macucos. Mas a enxurrada de novidades causou uma dualidade dentro do grupo: lançar ou não lançar? “Até com o disco ficou assim. Era para ter saído em 2019, preferimos esperar esse ano, aí veio a pandemia... E agora saiu”, detalha o guitarrista.

No bate-papo, o integrante da banda destacou o processo de produção do álbum Revolução do Amor, as novas sonoridades dos músicos do Macucos e adiantou o que os fãs podem esperar para os próximos meses.

Como foi o processo de produção desse novo álbum?

  • Na verdade, esse disco era para sair em 2019, então estava tudo bem encaminhado... Tivemos um produtor que já produziu Tiago Iorc, Gabriela Brown, o Silva... E ele abraçou muito a nossa causa. Por estratégia, a gente decidiu passar para 2020 (o lançamento) e veio a pandemia. Aí lançamos singles e o álbum conseguiu sair esse ano.

Além do nome sugestivo, Revolução do Amor, as músicas realmente tratam muito do tema romântico. Algum motivo especial?

  • Nesse dia, inclusive, da música homônima do álbum, eu não estava no estúdio. Mas essa música, Revolução do Amor, não ia nem entrar. Nosso baixista saiu do estúdio, num dia de gravação, compôs, apresentou e todo mundo gostou. A gente sempre entra nessa discussão política de revolução quando conversamos sobre. E aí preferimos falar da revolução por meio do amor e isso a gente tentou transmitir na música e clipe.

Amor é a mensagem que querem passar com as canções?

  • A gente quis transparecer justamente isso. Que nossa revolução não é com armas. É com amor. O clipe de Revolução do Amor mostrou muito isso, amor acima de tudo. Teve um casal tradicional, de homem e mulher, um casal homoafetivo, crianças que representam outras formas de amor... Tentamos representar a diversidade da forma mais ampla possível. A ideia é essa, revolucionar por meio do amor. Acho que a pandemia até mostrou como a gente não deve agir em hipótese alguma, importância do amor, da reciprocidade, do quanto isso faz falta quando não temos.

Li que esse disco é “um grito de amor e liberdade”. Por quê?

  • Eu acho que é exatamente isso... A única forma que temos de nos expressar é o palco, o show... E a gente não tem conseguido fazer isso. E existem divergências políticas dentro da própria banda. O único ponto de intercessão é a música e amor. Isso que nos une.

E como tem sido o retorno, até agora, já que o álbum foi lançado no último dia 18?

  • Para a gente está sendo incrível. A gente fica muito feliz com a ansiedade dos fãs, de ter coisa nova... Somos uma banda de 20 anos que está sempre tentando renovar, trazer as canções como se fossem novas e as músicas que a galera mais pede, sempre, são as novas. Isso nos motiva muito, para sempre continuar renovando.

A renovação é um processo difícil, não? Como provocá-lo?

  • A gente acha que é jovem (risos). Por isso renova (risos). Um monte de cara de 40 anos que acha que tem 20. Mas acho que é estilo de vida, a gente vive a natureza... Nossas conexões... Tenho filhos adolescentes, quase adultos, estou sempre compartilhando sons com eles e vice-versa. E assim é com todos. Então a gente vai aprendendo.

A renovação é o mais difícil para um grupo que tem formação mais madura?

  • Acho que não é renovar (o mais difícil). É entender o mercado musical. Além da música, da boa música, você tem que empreender. Tem que gerir o seu negócio. E trazer isso para a banda toda... É difícil. Tem que ser manager da carreira, obviamente têm divergências de ideias... Mas acaba que tudo se soma para que seja feito um trabalho melhor cada dia mais.

E o disco trouxe, propositalmente, algum resgate de ritmos, sonoridade que marcou a carreira de vocês...?

  • No sentido de relembrar, não. Eu imagino assim: eu ouvindo o disco me apaixone. E eu lembro muito do primeiro (disco), que falavam que não dava para pular uma faixa. Hoje em dia sinto que é isso, você consegue ouvir todas as faixas de Revolução do Amor sem dar ‘skip’ nos players. Os arranjos, o groove... Acho que remetem muito ao primeiro disco. Quem é fã antigo acho que vai pegar.

E quais sonoridades acha que renovaram a música Revolução do Amor, que é espelho do álbum como um todo?

  • Revolução do Amor é um reggaeton com rap, que é mais dessa influência nova, é o que a gente também ouve. Não tem como fugir... Você acaba compondo em cima daquilo que ouve. E a gente não consegue desvencilhar de uma história de 20 anos sem se desprender dela.

Falando em influências... Com que papel artístico o Macucos chega às duas décadas?

  • Te confesso que acho que a gente nem absorve essa responsabilidade (de cumprir um papel). A gente sempre teve uma história relacionada com amor, natureza, questões sociais... A gente mantém isso. E com relação à música, sempre tentamos manter um padrão de qualidade que pudesse representar bem em qualquer lugar do mundo. E criar uma identidade.

As músicas de vocês sempre tiveram esse quê do politicamente correto...

  • A música da gente sempre falou muito do “meu mar”, “minha natureza”... A gente mora em um lugar lindo, que é Vila Velha, que é o Espírito Santo... E essa natureza nos inspira muito. O que nos renova nisso é união com o Instituto Jacarenema que fizemos recente. Estamos envolvidos em ações em praias, em regiões de recuperação e de proteção ambiental... Fizemos até uma websérie com o pessoal para falar disso, mostrar algumas coisas práticas... E acho que o resultado foi bem satisfatório. A ideia foi reforçar nossa mensagem sobre a natureza.

E o que vocês têm feito durante a quarentena e o que esperam lançar ou produzir nos próximos meses?

  • A gente produziu muito. Tem muita composição... Infelizmente a gente não pôde tocar, financeiramente o ano tem sido muito complicado, a gente não conseguiu se programar para o ano seguinte em função disso... E fizemos muitas parcerias. E já estamos planejando os próximos singles para 2021.

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