A literatura brasileira traz em sua trajetória grandes autores, como Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis e tantos outros já consagrados. Em sua vastidão, as "páginas" nacionais também abrigam vozes de autores de os quatro cantos do país, em uma diversidade de gêneros que compõem grande riqueza cultural. Nomes novos, como Aline Bei, ganhadora do Prêmio São Paulo de Literatura (2018), e o carioca radicado no Espírito Santo Caê Guimarães - vencedor do Prêmio Sesc (2020) -, não são exemplos isolados de sucesso no mercado editorial. Tem muita gente de talento esperando para ser descoberta.
No entanto, dados da quinta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil mostram que, entre obras infantis, juvenis e young adult, autores estrangeiros são os mais citados. Chama atenção a ausência de figuras de destaque entre os 49 autores brasileiros da literatura infantil mais mencionados pelos entrevistados, como é o caso de Ziraldo, Lygia Bojunga e Marina Colasanti. Essas informações revelam uma desproporção entre leituras nacionais e internacionais por parte dos jovens, o que pode sugerir falta de interesse ou pouca divulgação da produção brasileira para esse nicho pesquisado.
Tendo isso em vista, se você sente que ainda não adentrou o suficiente na literatura nacional, uma lista desenvolvida pelo "Divirta-se" pode ser uma ótima oportunidade de mudar esse cenário. Entre os dez títulos que trouxemos como opções, estão gêneros diversos, do romance de época à fantasia. Confira as indicações e conheça um pouco da produção contemporânea brasileira.
Todos os livros listados estão disponíveis no catálogo do Skeelo, plataforma de leitura na qual os assinantes de A Gazeta têm direito a um livro por mês.
Nossa lista de indicações já começa no Espírito Santo, com a obra “Ao Meu Redor”, da capixaba Elysanna Louzada. Trata-se de um romance de época, gênero que tem feito sucesso entre os leitores. O título young adult (jovem adulto) gira em torno do regresso da personagem Maria Antônia ao Brasil sob o chamado de ajuda da sua melhor amiga, Sophia. Chegando à São Paulo da década de 1920, a protagonista revive angústias do passado enquanto a vida que criou em Paris desmorona. Marcas e cicatrizes do tempo em que ela e Sophia passaram em cativeiro como prostitutas seguem vivas em seu corpo ao passo em que ela encara uma paixão inesperada e o reencontro com seu carrasco. Para quem gosta de obras ambientadas em outras épocas, o título pode ser uma boa opção, além de lidar com a temática da luta da mulher para se impor na sociedade patriarcal.
Outro romance que entra para a lista é “Todo o Tempo do Mundo”, de Maurício Gomyde. O livro, embora não seja de época, brinca com o tempo, como o próprio título sugere. Seu protagonista, Vitor Pickett, viaja no tempo. As viagens duram segundos, minutos ou, no máximo, poucas horas. O seu humor determina o destino. Se está insanamente feliz, volta ao passado; se fica absurdamente triste, vai para o futuro. Com os problemas que essa condição lhe causou, Vitor se isolou do mundo em sua tentativa de nunca mais ser feliz ou triste, até receber uma carta que pode ser a chave para entender origem de sua "peculiaridade". Sem dúvidas, um livro que desperta curiosidade. O paulista Maurício Gomyde também é responsável por "Surpreendente!", título finalista do prêmio Jabuti.
Se romance não é bem sua praia, talvez uma fantasia seja do seu agrado. E tem fantasia brasileira, sim. A escritora Tati Azevedo mistura planetas distantes, poderes especiais, um sequestro, um guardião e um pedra em seu título de estreia, “A Improvável Annelise”. Na trama, Annelise Toder começa a conhecer esse mundo depois que seus pais desaparecerem. Ela descobre ser descendente do povo de Antera e deve aprender a confiar em seus instintos para salvar a família. Um texto que promete trazer emoção com a sua aventura extraterrestre.
Mais um título voltado para o público Young Adult é “Um Milhão de Finais Felizes”, do escritor Vitor Martins. Em suas páginas, acompanhamos Jonas, um rapaz que se divide entre turnos em um café, a escrita e o conservadorismo de seus pais. Seu pai só lhe traz problemas e a mãe alimenta a esperança de que ele volte para a igreja. É Arthur, um rapaz de barba ruiva que faz Jonas questionar por quanto tempo aguentará viver sob essas pressões familiares, fingindo ser alguém que não é. Um livro com trama LGBTQIA+ que pensa a liberdade de ser e as questões religiosas. Martins é também autor do livro “Quinze”.
Com mais de 40 livros publicados o poeta e jornalista gaúcho Carpinejar traz em “Coragem de Viver” memórias de gratidão à sua mãe, Maria Carpi, também poeta. A obra mostra em sua poética lições aprendidas, acompanhadas de belas ilustrações. A homenagem feita em ano de isolamento, foi uma forma de presentear a mãe pelos seus 30 anos de literatura. Uma obra com quase 60 textos repletos de amor.
Em tom divertido, a psiquiatra carioca Ana Beatriz Barbosa Silva acompanhada de Lauren Palma traz uma obra sobre a loucura de ser uma mulher jovem na atualidade. Na trama, Eleonora é uma mulher solteira que mora num quarto e sala bancado por seus pais e não tem muita ideia do que fazer com sua vida. Enquanto tenta encontrar o amor, sua vocação, um grupo de amigos e até o sucesso nas redes sociais, a protagonista leva os leitores em suas trapalhadas e observações ácidas sobre o mundo. Um título fácil de fazer o público se identificar, trazendo uma leitura leve, boa para os momentos de ressaca literária, em que uma leitura mais densa pode ser complicada.
Para os que gostam de textos reflexivos, a obra "Depois do Fim", do criador do blog "Entre Todas as Coisas", Daniel Bovolento, é uma opção. O título pensa em seus 50 textos, entre crônicas e desabafos, a questão da vida após o término de um relacionamento. A obra do autor carioca é sobre o recomeço que se faz necessário após nos distanciarmos de uma pessoa com quem convivemos por tanto tempo.
No best-seller na Europa e nos EUA, Maria José Silveira acompanha a trajetória de mulheres indomáveis. A obra se propõe a recontar a história brasileira sob uma ótica feminina, compondo um retrato através de detalhes da sociedade. Entre as temáticas presentes estão a opressão dos colonizadores e ditadores; a dominação; e a exploração do ouro e do pau-brasil. Ficam em destaque os problemas crônicos da sociedade brasileira neste romance histórico de autoria da escritora goiana. Um título denso, para repensar as estruturas que formam o nosso país.
Em "Pressa de Ser Feliz", estão reunidos textos inéditos de Matheus Rocha, autor do blog Neologismo, em que compartilha suas inquietações. Em suas crônicas, o baiano demonstra o cotidiano de alguém que vive feliz apesar de sua ansiedade, evocando temas como relacionamentos, desencontros e o aprendizado diário com as "loucuras" do caminho. A obra ainda conta com ilustrações. Rocha também é o autor de títulos como “Não Me Julgue Pela Capa” e “No Meio do Caminho Tinha Um Amor”.
Fechando a lista de indicações está “Veronika decide morrer”, obra do autor Paulo Coelho, sucesso nacional e internacional na literatura. No título em questão, o escritor carioca traz a história de uma jovem que tenta tirar a própria vida, mas acorda em um hospital psiquiátrico com a impactante notícia de que só teria mais uma semana de existência. Veronika passam então a confrontar sua decisão anterior. A temática forte é tratada com sutileza pelo autor e promete despertar reflexões nos leitores.
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