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Morte da cantora Goo Hara mostra o lado sombrio do K-pop

Morte da cantora Goo Hara mostra o lado sombrio do K-pop

As mulheres, especialmente, sofrem com pressões neste gênero musical, principalmente numa sociedade extremamente conservadora como a sul-coreana

Publicado em 28 de novembro de 2019 às 20:42

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A cantora de K-Pop Goo Hara. (Reprodução/Instagram @nice2meetchuu)

A morte da cantora sul-coreana Goo Hara deixou claras as pressões que estrelas, especialmente mulheres, enfrentam no cruel gênero do K-pop e numa sociedade sul-coreana extremamente conservadora. Sua morte, aos 28 anos de idade, ocorreu menos de dois meses depois do desaparecimento de Choi Jin-ri, também conhecida como Sulli, outra estrela do K-pop e grande amiga de Goo.

Especialistas afirmam que Sulli e Choi enfrentaram bullying e assédio sexual do público e da mídia em toda a carreira, o que teve um impacto negativo sobre sua saúde mental. A polícia ainda investiga a morte de Goo e encontrou um "bilhete pessimista" na casa dela.

Antes muito popular em grande parte da Ásia, o K-pop se propagou para além da Coreia do Sul graças a grupos bastante populares como BTS e Blackpink. Goo iniciou sua carreira em 2008, participando do grupo de cinco garotas chamado Kara, que ficou famoso e contribuiu para deslanchar o fenômeno global do K-pop. Posteriormente, ela começou uma carreira solo bem-sucedida na Coreia do Sul e no Japão.

Goo ocupou as primeiras páginas dos jornais quando levou seu ex-namorado, Choi Jong-bum aos tribunais, no ano passado. Choi disse ter sido assediado por ela, ao passo que Goo o acusou de ter ameaçado divulgar um vídeo de sexo com ela. Durante essa disputa, a agência coreana de Goo não renovou seu contrato. Choi foi condenado a um ano de prisão por coerção, assédio e chantagem. O mandado de prisão foi suspenso e ele ficou em liberdade. Choi recorreu da sentença e o julgamento ainda está em curso.

Goo Hara no clipe de Choco Chip Cookie

Especialistas do setor há muito tempo vêm alertando para esse lado sombrio de uma indústria dominada por escândalos. Artistas aspirantes a uma carreira, também adolescentes, se aprimoram durante anos. Somente alguns se lançam e muito poucos alcançam o sucesso.

Trata-se ainda de um setor com rigorosas regras para suas estrelas - incluindo a proibição de namoro, um treinamento espartano e dietas, às vezes impondo contratos injustos e equivalentes a trabalho escravo. E estabelece requisitos adicionais no caso das mulheres, regras não escritas que refletem a sociedade patriarcal da Coreia do Sul. Park Hee-A, uma jornalista que escreveu Interviews with K-pop Stars, disse que as cantoras de K-pop estão sujeitas às rígidas regras sociais. "Algumas cantoras de K-pop foram relegadas ao ostracismo por não sorrirem num programa de TV ou lerem um livro sobre feminismo que vai contra uma sociedade patriarcal dominada pelos homens" disse Park à Associated Press.

Expectativas de pureza e castidade regem a vida das mulheres no país. Goo sofreu um bombardeio de comentários de ódio depois que surgiram as notícias sobre o vídeo de sexo, apesar de ela ser a vítima de "pornografia de vingança". "O tema sexo é tabu na Coreia do Sul", disse Tae-Sung Yeum, psiquiatra da clínica Gwanghwamun Forest. "É exigido um padrão moral muito alto, especialmente no caso das celebridades femininas, porque a Coreia do Sul é uma sociedade patriarcal."

Sulli, amiga de longa data de Goo, também apareceu nas primeiras páginas dos jornais ao se expressar sobre assuntos como discriminação por idade e feminismo. Foi criticada por usar camisetas sem sutiã, chamar colegas masculinos mais velhos pelo primeiro nome e apoiar abertamente o feminismo. Dois dias antes da sua morte, Goo postou um selfie no seu Instagram com a legenda "Boa Noite". (TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO)

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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