O único museu de história natural do Espírito Santo, localizado em Jerônimo Monteiro, no Sul do Estado, realiza uma campanha on-line para arrecadar fundos e digitalizar parte de seu acervo. Segundo o diretor do Museu de História Natural do Sul do ES (Muses), Rodrigo Giesta Figueiredo, a ideia surgiu após o início da pandemia do novo coronavírus com o objetivo de aproximar o museu do público, que teve de ficar ausente pelas questões sanitárias.
"A gente já vinha pensando em trazer ferramentas e algum tipo de material que pudesse ser exposto de forma virtual. Com a pandemia, a urgência se mostrou maior. Claro que temos uma série de entraves para fazer isso, como ordem financeira, ter profissionais e equipe que nos auxiliem com isso", explica sobre o propósito para a realização da vaquinha.
Lançado em 27 de julho, o crowfunding espera arrecadar R$ 30 mil até o fim do mês para custear a plataforma que vai receber o material e equipe especializada para digitalizá-lo. Realizado pelo Catarse, ele recebe doações de R$ 10 a R$ 500. As doações seguem até 30 de setembro.
"A campanha é bem flexível. Estabelecemos a meta para conseguir 100% dos recursos. Se ao final do prazo não batermos a meta, a gente vai usar para o que der. Talvez ele nao saia 100%, mas alguma coisa a gente vai conseguir com o que for adquirido", explica, adiantando que 21% do valor estipulado foi arrecadado até o momento.
Os apoiadores da campanha receberão brindes de acordo com a cota contribuída. Há bottons, camisas, canecas entre outros, tudo personalizados dentro da temática do Muses.
No acervo do Muses há peças relacionadas às áreas da geologia, parasitologia, zoologia, botânica e paleontologia. São objetos ricos e diversificados como rochas do Espírito Santo, animais e plantas da mata atlântica, fósseis de diversas partes do mundo e meteoritos do espaço sideral.
Assim, o diretor conta que fechou o trabalho com a equipe de uma start-up capixaba para colocar este acervo como uma linha do tempo virtual. "A ferramenta traz um meio de apresentar a história de maneira interativa. No site, você passeia pelo tempo e viaja para a pré-historia, por exemplo, com os registros de animais e plantas que não existem mais e que temos catalogados", detalha.
Além do material catalogado, outras ações serão realizadas para a criação da linha do tempo. "Teremos depoimentos de pessoas que trabalharam do museu, pesquisadores, convidados para falar sobre a importancia das peças que temos aqui... Teremos muitas fotos, videos, textos, fazendo a linha do tempo interativa, onde cada pessoa fará o seu percurso para quando no tempo quer viajar", ressalta.
Para tudo isso, é necessária a contratação da equipe para digitalizar o acervo, colher depoimentos, fazer fotos e até reconstruir peças catalogadas em 3D para exibição on-line. "Temos as peças, mas não temos os profissionais e equipamentos para montar essa exposição virtual sobre uma forma na linha do tempo. Estamos querendo custear a mão-de-obra e a construção da plataforma digital", reforça, explicando a necessidade da vaquinha.
Segundo o Muses, a digitalização beneficiará 600 mil alunos dos ensinos fundamental e médio no Espírito Santo.
Embora existam outros museus no Estado que estão dentro do escopo da história natural, como o Mello Leitão, em Santa Teresa, ou o Museu de Ciências da Vida, em Vitória, o Muses contempla mais áreas. Nele, estão catalogadas rochas, animais e plantas da mata atlântica, fósseis de diversas partes do mundo.
Com sete anos de existência, seu acervo é divido em duas partes: um fixo na sede, em Jerônimo Monteiro, e outro itinerante, que vai a feiras escolares e de ciências pelo país.
"Temos dois tipos de visitação: a in loco, que anualmente recebe 2 mil visitantes - em sua maioria estudantes -; e a itinerante, quando o museu vai até às pessoas com um acervo específico", detalha Rodrigo.
Apesar do vínculo com a Ufes, ele não conta com muitos recursos. "Temos um orçamento baixo que dá apenas para fazer a manutenção do museu, como pagar as contas de água, luz e internet. Não recebemos nenhum repasse extra da faculdade. Toda minha captação para fazer eventos, cursos de capacitação para estudantes e sociedade é feita por meio de edital via Fundação de Amparo à Pesquisa e Invação do ES (Fapes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ)", conta Rodrigo.
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