Muitas já foram as discussões acerca da origem do samba, que alguns dizem ter nascido na Bahia, outros no Rio, e por aí vai... O que não dá para negar é que o gênero musical, uma das maiores marcas registradas da cultura brasileira, passou por diversas modificações, sofreu influências valorosas e merece todos os tipos de homenagens possíveis, como a comemoração do Dia Nacional do Samba, celebrado neste domingo, 2 de dezembro.
O ritmo de raízes africanas e gingado brasuca percorreu um longo e árduo caminho até aqui, encarando preconceitos, vencendo barreiras e consagrando grandes nomes. Cada etapa foi essencial para que o ambiente do samba pudesse ser o que é: sobretudo democrático.
Por isso, convidamos três figuras que circulam bastante em cenários diversos para contar um pedacinho da história e da relação com o ritmo que é coisa nossa.
Relação Afetiva
Nascido em São Mateus, no Norte do Estado, Cecitônio Coelho deu os primeiros passos musicais na escola de samba da cidade, a Unidos do Sernamby, onde seu pai compunha sambas na década de 1970. No início dos anos 1990, Cecitônio mudou-se para a Capital, onde passou a ter ainda mais convivência com sambistas e a compor. Em 2006, ajudou a fundar o grupo Ilha e, mais tarde, o Samba de Comunidade, com músicos amigos do Morro da Fonte Grande, onde mora.
Muita coisa me levou ao samba, parece que está no sangue da gente. É uma energia muito forte. Embora tenha passado a vida tocando de tudo, o samba eu abracei de uma forma inexplicável, diz o músico, que tem 40 anos de carreira e lista Cartola, Zé Keti e Noel Rosa entre os favoritos.
Intérprete oficial da Mocidade Unida da Glória (MUG), atual campeã do carnaval capixaba, Thiago Brito conta que sua relação com o gênero musical nasceu na virada para os anos 2000. Primeiro, tocou forró, pagode, até encontrar-se de vez no samba, onde fez amigos e construiu família.
Estou na escola há 15 anos, oito como intérprete oficial. Acima de tudo, é um prazer dizer que o samba é minha profissão. É quem coloca o ganha-pão em casa, assim como faz com muita gente. Ganhei em todos os aspectos da vida graças a ele, destaca Brito, que se inspira em grandes nomes de sua área, como Wander Pires, Igor Sorriso e Diego Nicolau.
Integrante do Regional da Nair, que tornou-se um dos blocos mais concorridos do carnaval de Vitória, Caetano Monteiro conta que cresceu escutando o ritmo em casa, por influência dos pais. Nunca esqueceu, por exemplo, da primeira vez que pegou um pandeiro para tocar em uma roda, experiência que classifica como inacreditável.
A energia que aquilo me causava era indescritível. Vendo as pessoas em volta, todos dançando e cantando juntos, tudo isso me dava energia. Diferente de outros ritmos, o samba tem essa coisa de ter muita gente em volta, quebrando a quarta parede do palco, emociona-se Caetano.
Com preferências que vão de Pixinguinha a Paulinho da Viola, passando por Art Popular, o também publicitário defende a expressão cultural do samba como bandeira de ocupação dos espaços, como acontece durante a folia de Momo.
Nosso objetivo central é sempre ocupar os espaços de forma saudável, ocupando uma avenida inteira no Carnaval. Essa é uma luta nossa e nos esforçamos para isso, inclusive para que o nosso carnaval seja na data regular, conclui.
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