Desde o início da carreira, quando ainda fazia parte do Solveris, Morenna (nascida Stefany Senna Kulnis) queria mostrar para o público qual era sua verdadeira essência. Eis que, depois de se lançar em carreira solo, de uns meses para cá, nunca se sentiu mais preparada para conversar com os fãs - pelas canções - sobre tomar as rédeas da própria vida. Tanto que lançou, neste mês, "Video Game".
O single aborda o empoderamento a partir de reflexões que a artista de 26 anos, de Vila Velha, faz comparando o auto-controle ao joystick de um jogo. Em poucos dias, a música conquistou milhares de plays só no Spotify.
E o hit, que terá clipe lançado ainda neste mês, promete ser só o primeiro que vai causar identificação do público. "Ela (a música) faz parte de um projeto que são os próximos lançamentos em conjunto. Quis, justamente, passar a ideia de que temos que manter o controle das nossas decisões, da nossa vida... E, como você falou, se empoderar frente a isso. Virar essa chave do controle", avalia, em entrevista ao Divirta-se.
A cantora, que durante a quarentena produziu até máscaras personalizadas para juntar dinheiro e montar o próprio estúdio de gravação dentro de casa, também opina sobre o cenário desafiador para artistas (sobretudo as que são mulheres) empreenderem na arte: "Desde o início da quarentena, a gente tomou um choque. Eu tinha acabado de assinar com uma gravadora, logo depois do carnaval, então tive que pensar rápido em uma forma de capitalizar e empreender pela falta de shows e eventos".
Mas, no final da história, o saldo do aprendizado durante a pandemia não será tão negativo assim. A própria cantora admite que ganhou experiência em estreitar a relação com os fãs pelas redes sociais, além de ter se posicionado muito mais ativamente na web. "Tive a experiência de fazer muito mais lives, o contato com os fãs mudou completamente... Fiz uma participação grande no MoV.Cidade, que foi muito bom, um clima diferente. Mas acho que a forma de empreender mudou bastante, então tivemos que nos adaptar", conclui.
Durante o bate-papo, Morenna detalhou os planos para a carreira, bem como abordou a produção de "Video Game" e as mensagens que quer transmitir para o público ao cumprir o que acredita ser seu papel social como artista.
Com certeza. A intenção era a gente passar uma ideia de controle da mulher dentro das relações. E 'Video Game' era isso que eu queria: entender a estéticas das relações, o que as mulheres passam e muitas vezes a gente acaba entrando em situações em que não estamos no controle. Era para passar essa ideia de nós nos mantermos no controle das nossas decisões, da nossa vida, e, como você falou, se empoderar frente a isso. Virar essa chave.
Fizemos antes do carnaval, mas acabamos finalizando no início da pandemia. Lembro que a pandemia já estava começando. Em questão de lançamento, pensamos muito em como seria. Eu tinha acabado de lançar "Cristal", que falava de mim, do meu sonho de ser artista e viver disso, e estávamos planejando qual seria a próxima música. Mas justamente por várias pessoas estarem vivendo situação difícil, terem perdido o controle da situação, a gente optou por lançar "Video Game" e acho que veio no momento certo. Para ajudar mesmo as pessoas a passarem por essa fase da forma menos pior.
Poder consumir o trabalho de pessoas que lançaram na quarentena foi muito bom. Todo mundo percebeu o quanto a gente depende da arte para se entreter e ficar feliz. Na quarentena isso ficou claro, porque todo mundo perdeu as outras atividades, então a arte ficou mais importante ainda.
Ele faz parte de um projeto que são os próximos lançamentos em conjunto. É a continuação do meu EP, o "Blá Blá Blá Deluxe", mas todos são singles que estão dentro dessa estética, do nosso conceito de novos trabalhos que estão por vir. A gente gravou o próprio videoclipe de Video Game para lançar, que deve sair esse mês ainda.
Desde o início da quarentena, a gente tomou um choque. Eu tinha acabado de assinar com uma gravadora (a Warner), logo depois do carnaval, então tive que pensar rápido em uma forma de capitalizar e empreender pela falta de shows e eventos. A gente já sabia que ia ter que cancelar apresentações neste período. Nessa época, eu desenvolvi uma coleção de máscaras para montar meu home studio para produzir de casa mesmo, porque a gente entendia a necessidade de gravar e de produzir. Tive a experiência de gravar minha voz, comecei um projeto de cover no Instagram, fiz lives... Então foi um momento de redescoberta.
Tive a experiência de fazer muito mais lives, o contato com os fãs mudou completamente... Fiz uma participação grande no MoV.Cidade, que foi muito boa, um clima diferente. Mas acho que a forma de empreender mudou bastante, então tivemos que nos adaptar. Hoje vejo que o artista depende muito da influência que tem na internet. E em como estreitar a relação com quem está do outro lado da tela, já que a relação pessoal acabou. Mas foi bom para se entender, pensar mais em relação aos trabalhos, analisar o que vivemos hoje, dar importância à arte... E fiquei bem feliz de conseguir produzir dentro dos protocolos e arrumar soluções para todos os desafios.
Com certeza foi um amadurecimento que foi chegando naturalmente. A gente, como artista, cantor, músico, vai se encontrando e entendendo o que queremos cantar. Nisso, a gente amadurece o canto, a expressão e o jeito de cantar, mesmo. E fiz um trabalho muito profundo de analisar o propósito do meu trabalho que eu acredito que também tenha refletido nesse ponto.
Acho que são duas coisas que foram naturais e que têm alguma ligação, com certeza. No trabalho solo, a gente se mostra de forma muito mais completa. Então, a minha intenção com meu trabalho solo é justamente essa. Trazer para as pessoas quem eu sou, o que quero passar, minha história, minha missão como artista... Tenho agora a oportunidade de fazer isso com mais profundidade.
Com certeza, é uma vontade minha de mesclar aquele rap puro. Eu comecei no rap, mas a gente sempre classificou o próprio Solveris com outras características. Sempre trazíamos outras estéticas. Com o trabalho solo, eu quis aprofundar no meu mundo musical que eu sempre consumi, que é muito do pop. Eu consumo muito o que há na cena do pop norte-americana e eu sou latina, então tem toda essa mistura. A ideia é que meu trabalho continue tendo minha raiz, do hip hop, rap, mas que cada vez mais as pessoas entendam que hoje faço parte do pop e inclusive é dessa forma que a gravadora me classifica. E o pop une tudo: tem funk pop, sertanejo pop... Todos os gêneros têm uma parte que são do pop.
É ótimo que a gente pense nesse momento. Fico pensando: 'Quantos profissionais capixabas estão envolvidos no meu trabalho?'. Hoje tenho o prazer de ter diretores, stylist, produtor, maquiador, cabeleireiro... Todos do Espírito Santo. Mesmo eu estando em uma gravadora mundial, a gente continua tendo parceiros do Estado. Então, a gente vê que a cena atinge, como um todo, diferentes regiões do Brasil. E temos um trabalho muito forte para valorizar o que é nosso. Fico muito feliz com essas conexões e com as representações que a cena capixaba tem no Brasil e no mundo com outros nomes fortes da arte e da música.
Eu acho que eu tento ter uma relação muito próxima com quem me acompanha e, ao mesmo tempo, trabalho muito com a minha personalidade. Acho que cada artista tem uma identidade própria e eu tento passar para quem me acompanha quem eu sou, profundamente, na arte e na vida. Minhas estéticas, minhas referências... E mostrar, cada vez mais, no que eu estou envolvida nesses dois lados da vida. E sempre estou eu, Morenna, envolvida nesses processos. Então também rola uma identificação nas redes sociais, o que é ótimo.
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