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Nick Cruz, cantor trans do ES, vira aposta da gravadora de Anitta

Nick Cruz, cantor trans do ES, vira aposta da gravadora de Anitta

Cantor investe no pop para decolar na carreira e, após sucesso em pocket show no Rock in Rio, virou grande aposta artística da Warner Music

Publicado em 14 de outubro de 2020 às 16:23

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O artista Nick Cruz
O artista Nick Cruz. (Bleia)

Com "Me Sinto Bem", lançada em 2019, Nick Cruz já chamou atenção do mercado. De forma independente, na ocasião, o cantor de 22 anos do Espírito Santo conquistou mais de 1 milhão de visualizações com o hit. De lá para cá, só acumulou mais sucesso para, hoje, se tornar aposta da Warner Music - gravadora que tem Anitta no casting.

Mas desta primeira canção para o último lançamento, "Até de Manhã", a evolução do artista é clara - da preparação vocal à clareza da sonoridade. Agora, muito mais pop, é nesse nicho que ele pretende investir.

Neste primeiro trabalho com o novo selo, após contrato que Nick assinou durante pocket show no Rock in Rio do ano passado, ele aborda o amor e relacionamentos com base em experiências que teve ao longo da vida, conforme ele mesmo confidencia ao Divirta-se.

"Até de Manhã" já está disponível nas plataformas digitais desde o último dia 25. No YouTube tem mais de 580 mil visualizações e no Spotify, a canção contabiliza mais de 21 mil plays até a manhã desta quarta (14).

"Eu achei que a letra tinha bastante a ver comigo porque eu saí de casa cedo, rodei o Espírito Santo até chegar no Rio de Janeiro e realizar o meu sonho. Então, conheci muita gente que ficou pelo caminho. Pessoas pelas quais me interessei, mas não teve futuro", fala.

Em nova fase da carreira, ele também celebra o orgulho LGBTQIA+ mais intensamente e chega a colocar a bandeira na intenção de suas novas produções: "Quero continuar fazendo muita música, lançar mais singles, conquistar públicos de diferentes idades e gêneros e levar a minha mensagem de amor e visibilidade LGBTQIA+ para o Brasil".

Durante o bate-papo, Nick também abordou inspirações, momento atual da vida e carreira e planos para os próximos meses.

O artista Nick Cruz
O artista Nick Cruz. (Bleia)

Como foi o processo de produção de Até de Manhã?

  • “Até de Manh㔠foi uma indicação. Pablo Bispo, Ruxell e Sérgio Santos me mandaram essa letra e eu me amarrei, achei a minha cara. Eu fiz alguns ajustes na composição para me sentir mais confortável cantando, como colocar as palavras certas para não haver outro tipo de interpretação. E então produzimos.

Li que usou sua trajetória de vida e a saudade de episódios da adolescência para se inspirar nessa música. Realmente foi isso?

  • Sim. Eu achei que a letra tinha bastante a ver comigo porque eu saí de casa cedo. Rodei o Espírito Santo até chegar no Rio de Janeiro e realizar o meu sonho. Então, conheci muita gente que ficou pelo caminho, pessoas pelas quais me interessei, mas não teve futuro. A trajetória de uma pessoa transexual envolve solidão, muita desilusão amorosa. Isso transborda em mim em forma de música.

E acha que está em uma fase mais romântica agora?

  • Eu estou na melhor fase comigo mesmo. Estou trabalhando bastante, rodeado de pessoas incríveis que me respeitam e sonham o mesmo que o meu, além de gostar do que vejo no espelho.

Você assinou com a Warner e se tornou uma aposta da gravadora no pop, funk e hip hop. Como tem sido esse momento da carreira?

  • É o melhor momento da minha vida. É muito legal ter uma equipe que pensa e planeja toda a minha carreira, com todos os bastidores da produção, de divulgação e de assessoria. E eu tenho o privilégio de focar exclusivamente na minha música e na mensagem que eu quero passar. Só tenho que agradecer por isso.

E quais são os desafios que você tem que vencer hoje para continuar decolando na cena artística?

  • Acho que são os mesmos desafios que tenho na vida mesmo. Quero fazer com que o público entenda que o transexual pode e deve escrever sobre relacionamentos da mesma maneira que uma pessoa cisgênero. Também choramos e sofremos por amor. Então, precisamos colocar para fora o que sentimos e mostrar o nosso ponto de vista nas músicas. Às vezes é doloroso, mas nós também lutamos contra o preconceito mostrando o nosso lado mais vulnerável.

E pretende investir mesmo no pop, funk e hip hop?

  • Sim, vou continuar misturando as minhas influências e canalizando em uma sonoridade mais universal, mais pop mesmo.

Como acha que foi transformando sua sonoridade?

  • Como eu disse, eu saí de casa aos 15 anos de idade. Morava no interior e passei por uns perrengues cedo para poder me sustentar sozinho. Então, eu não tive tanta informação como eu tenho hoje. Comecei ouvindo as MPBs que tocavam no rádio e eu acompanhava com a minha mãe. Depois, conheci o samba e o rap na rua, nas minhas andanças. Agora, posso acompanhar artistas que representam o que eu sou e fazem um som maravilhoso também – como o Dan Abranches, cantor trans e capixaba também.

Lembro de você ter participado do RiR no ano passado, também. Não sei se participou de outros projetos grandes desde então... Mas como essas experiências foram influenciando para a sua atual maturidade profissional?

  • É, eu cantei no estande da Warner, no Rock in Rio, e assinei o meu contrato lá. Foi incrível. E a ideia era lançar a minha primeira música com eles no início do ano, mas veio a pandemia e demorou um pouquinho – o que foi ótimo para pensarmos em toda a estratégia da minha carreira. Mas todas essas experiências que tive até aqui me deram a certeza de que a música é o meu destino. Cantar sempre foi o que mais gostei de fazer e sempre foi o lugar onde eu mais me sentia confortável de estar.

Aliás, como avalia que esteja hoje em dia artisticamente falando? Tem algum ponto ou aspecto que quer evoluir mais, mudar, transformar...?

  • Eu estou no início de tudo, mas começando muito bem, com uma confiança e a autoestima que a gravadora me dá. Vou evoluir muito ainda. Quero explorar mais a dança nos meus clipes e nas minhas futuras apresentações. Quero ser um artista completo e me sinto capaz de fazer isso.

E o que pode adiantar de planos e novidades que estão por vir? Quais são os próximos passos da carreira?

  • Quero continuar fazendo muita música, lançar mais singles, conquistar públicos de diferentes idades e gêneros e levar a minha mensagem de amor e visibilidade LGBTQIA+ para o país inteiro!

E como tem usado seu tempo na quarentena? Também acredita na recuperação do setor artístico pós-pandemia para este ano ainda?

  • Eu tenho estudado e escrito muito. Estudado sobre a minha luta e a bandeira que carrego, e escrito músicas novas para produzi-las no futuro. Eu acredito que vá demorar ainda, precisamos ter muita responsabilidade agora enquanto artista. Se tudo der certo, no ano que vem tudo voltará a ser como era antes!

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