Com "Me Sinto Bem", lançada em 2019, Nick Cruz já chamou atenção do mercado. De forma independente, na ocasião, o cantor de 22 anos do Espírito Santo conquistou mais de 1 milhão de visualizações com o hit. De lá para cá, só acumulou mais sucesso para, hoje, se tornar aposta da Warner Music - gravadora que tem Anitta no casting.
Mas desta primeira canção para o último lançamento, "Até de Manhã", a evolução do artista é clara - da preparação vocal à clareza da sonoridade. Agora, muito mais pop, é nesse nicho que ele pretende investir.
Neste primeiro trabalho com o novo selo, após contrato que Nick assinou durante pocket show no Rock in Rio do ano passado, ele aborda o amor e relacionamentos com base em experiências que teve ao longo da vida, conforme ele mesmo confidencia ao Divirta-se.
"Até de Manhã" já está disponível nas plataformas digitais desde o último dia 25. No YouTube tem mais de 580 mil visualizações e no Spotify, a canção contabiliza mais de 21 mil plays até a manhã desta quarta (14).
"Eu achei que a letra tinha bastante a ver comigo porque eu saí de casa cedo, rodei o Espírito Santo até chegar no Rio de Janeiro e realizar o meu sonho. Então, conheci muita gente que ficou pelo caminho. Pessoas pelas quais me interessei, mas não teve futuro", fala.
Em nova fase da carreira, ele também celebra o orgulho LGBTQIA+ mais intensamente e chega a colocar a bandeira na intenção de suas novas produções: "Quero continuar fazendo muita música, lançar mais singles, conquistar públicos de diferentes idades e gêneros e levar a minha mensagem de amor e visibilidade LGBTQIA+ para o Brasil".
Durante o bate-papo, Nick também abordou inspirações, momento atual da vida e carreira e planos para os próximos meses.
Até de Manhã foi uma indicação. Pablo Bispo, Ruxell e Sérgio Santos me mandaram essa letra e eu me amarrei, achei a minha cara. Eu fiz alguns ajustes na composição para me sentir mais confortável cantando, como colocar as palavras certas para não haver outro tipo de interpretação. E então produzimos.
Sim. Eu achei que a letra tinha bastante a ver comigo porque eu saí de casa cedo. Rodei o Espírito Santo até chegar no Rio de Janeiro e realizar o meu sonho. Então, conheci muita gente que ficou pelo caminho, pessoas pelas quais me interessei, mas não teve futuro. A trajetória de uma pessoa transexual envolve solidão, muita desilusão amorosa. Isso transborda em mim em forma de música.
Eu estou na melhor fase comigo mesmo. Estou trabalhando bastante, rodeado de pessoas incríveis que me respeitam e sonham o mesmo que o meu, além de gostar do que vejo no espelho.
É o melhor momento da minha vida. É muito legal ter uma equipe que pensa e planeja toda a minha carreira, com todos os bastidores da produção, de divulgação e de assessoria. E eu tenho o privilégio de focar exclusivamente na minha música e na mensagem que eu quero passar. Só tenho que agradecer por isso.
Acho que são os mesmos desafios que tenho na vida mesmo. Quero fazer com que o público entenda que o transexual pode e deve escrever sobre relacionamentos da mesma maneira que uma pessoa cisgênero. Também choramos e sofremos por amor. Então, precisamos colocar para fora o que sentimos e mostrar o nosso ponto de vista nas músicas. Às vezes é doloroso, mas nós também lutamos contra o preconceito mostrando o nosso lado mais vulnerável.
Sim, vou continuar misturando as minhas influências e canalizando em uma sonoridade mais universal, mais pop mesmo.
Como eu disse, eu saí de casa aos 15 anos de idade. Morava no interior e passei por uns perrengues cedo para poder me sustentar sozinho. Então, eu não tive tanta informação como eu tenho hoje. Comecei ouvindo as MPBs que tocavam no rádio e eu acompanhava com a minha mãe. Depois, conheci o samba e o rap na rua, nas minhas andanças. Agora, posso acompanhar artistas que representam o que eu sou e fazem um som maravilhoso também como o Dan Abranches, cantor trans e capixaba também.
É, eu cantei no estande da Warner, no Rock in Rio, e assinei o meu contrato lá. Foi incrível. E a ideia era lançar a minha primeira música com eles no início do ano, mas veio a pandemia e demorou um pouquinho o que foi ótimo para pensarmos em toda a estratégia da minha carreira. Mas todas essas experiências que tive até aqui me deram a certeza de que a música é o meu destino. Cantar sempre foi o que mais gostei de fazer e sempre foi o lugar onde eu mais me sentia confortável de estar.
Eu estou no início de tudo, mas começando muito bem, com uma confiança e a autoestima que a gravadora me dá. Vou evoluir muito ainda. Quero explorar mais a dança nos meus clipes e nas minhas futuras apresentações. Quero ser um artista completo e me sinto capaz de fazer isso.
Quero continuar fazendo muita música, lançar mais singles, conquistar públicos de diferentes idades e gêneros e levar a minha mensagem de amor e visibilidade LGBTQIA+ para o país inteiro!
Eu tenho estudado e escrito muito. Estudado sobre a minha luta e a bandeira que carrego, e escrito músicas novas para produzi-las no futuro. Eu acredito que vá demorar ainda, precisamos ter muita responsabilidade agora enquanto artista. Se tudo der certo, no ano que vem tudo voltará a ser como era antes!
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