Único teatro da Serra, point de encontro de artistas e amantes das artes, o Centro Cultural Eliziário Rangel está fazendo das tripas coração para sobreviver. Promovendo uma vaquinha on-line a fim de levantar R$ 40 mil, dinheiro necessário para a aquisição de um sistema de iluminação, o espaço precisa refazer as contas com o aparecimento de um problema inusitado: foi alvo de um furto na semana passada, com prejuízo orçado em R$ 10 mil.
"Seis pessoas roubaram materiais de trabalho das nossas oficinas, como notebook, projetor, impressora, aparelho de TV e caixas de som. Vamos juntar os cacos e fazer as contas. Pretendemos reforçar a segurança, consertando portas que foram quebradas e colocando outras em frente ao prédio. Os bens materiais teremos que comprar parcelado, vendo como podemos pagar", conta Antônio Vitor, psicólogo e agitador cultural que administra o projeto. O roubo, que aconteceu na semana passada, foi registrado pelas câmeras de segurança instaladas na Rua Gonçalves Dias, em São Diogo.
Voltando ao financiamento coletivo - cujo dinheiro arrecadado não será usado para cobrir os prejuízos do assalto -, a ideia é comprar um sistema de iluminação para o teatro, que possui uma estrutura contemporânea. "Nosso palco é mais próximo do público, o que possibilita uma maior interação entre artista e e espectador. A iluminação é ponto fundamental dessa química 'ator x plateia', pois o espetáculo pode ser melhor usufruído dessa forma", ressalta Vítor. o dinheiro está sendo arrecadado pelo site Catarse. Cada doação é recompensada com um prêmio. "Se não conseguirmos todo montante necessário, vamos devolver as doações. O 'Luzes para o Eliziário' (título dado à iniciativa) é um manifesto político. Queremos chamar a atenção das autoridades para a necessidade de investir em cultura", conclui.
O Gazeta Online procurou a Prefeitura Municipal da Serra (PMS) para saber se há interesse em apoiar o projeto de aquisição do sistema de luz. Em nota, por meio de sua assessoria de comunicação, o órgão afirmou que "a prefeitura está à disposição para receber os responsáveis pelo espaço, conversar e avaliar como pode contribuir diante da situação". Vitor, por sua vez, afirma que vai procurar a prefeitura novamente com cópias de projetos e ideias para alavancar o centro. "Qualquer ajuda é bem-vinda e essencial", comemora.
O Centro Cultural Eliziário Rangel, que não conta com nenhuma verba pública para funcionar, seja municipal ou estadual, só está aberto, de acordo com Vítor, por conta das doações de amigos e frequentadores do local. "Além das doações, nosso custo mensal de funcionamento, que gira em torno de R$ 3 mil, sai do meu próprio bolso", complementa, revelando que funciona em um prédio que pertence a sua família.
OFICINAS
Mesmo com tanto esforço, o centro oferece um serviço exemplar. São mais de 300 estudantes que participam de várias oficinas diárias, como caraté, capoeira, balé, cursos de voz e violão, pintura, teatro e forró, entre outras atividades. "Atendemos uma demanda não só da Serra. Temos estudantes de Vitória, Vila Velha e Cariacica", enumera Vítor, orgulhoso do trabalho de conscientização social que é feito pelo projeto. "A Serra é um município violento e com vários problemas sociais, mesmo sendo o maior e o mais rico do Estado. Nossa luta sempre foi para criar uma identidade cultural e afetiva. Fazer com que nossos moradores não precisem sair da Serra para buscar instrução e diversão". (Com informações de Pedro Pimenta).
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