Na literatura, existe uma máxima de que a vida do escritor não deve ser usada como base para compreender sua obra. Esse seria, sim, um erro fatal, que cegaria o leitor às diferentes formas de interpretação daquele romance ou naquele poema.
O tema volta a ser debatido agora que, desde 1º de janeiro, a obra do escritor brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948) está em domínio público -ou seja, de acordo com a lei brasileira, as editoras têm direito à publicação sem pagar direitos aos herdeiros.
E esses novos livros se dividem entre o texto integral e adaptações que suavizam passagens tidas como racistas, acusação recorrente sofrida pelo escritor de Tautabé. Se estão livres até versões da Turma da Mônica com o mundo de Monteiro Lobato e as livrarias são tomadas por uma enxurrada de Emílias, Narizinhos, Pedrinhos, Donas Bentas e Viscondes, essa seria uma boa chance de valorizar ainda mais a obra em detrimento de possíveis falhas de caráter do escritor. Afinal, todo artista é um retrato de sua época, não um manual ambulante.
Ciente disso, a Globo Livros, que detinha os direitos de publicação de Monteiro Lobato, pretende caprichar ainda mais em sua edições. Prevê lançar "A Chave do Tamanho" e "O Picapau Amarelo" -ambos pelo selo Biblioteca Azul, aposta em livros de capa dura, texto integral e recuperação das ilustrações das primeiras edições.
No catálogo da editora, já estão edições célebres, como o polêmico "Caçadas de Pedrinho" (R$ 48, 160 págs.), de 1933, e "A Chave do Tamanho" (R$ 54, 271 págs.), de 1941. Entre as novidades, que vão de R$ 30 a R$ 60, estão "Narizinho Arrebitado" (Girassol), aposta de Mauricio de Sousa para este mês.
Já a FTD pretende lançar coleções indicadas a faixas etárias específicas, que vão de 3 a 11 anos. O processo de edição e seleção começou em setembro de 2017. Entre as obras escolhidas, estão "O Museu da Emília". A Autêntica, por sua vez, lança "Reinações de Narizinho" e "O Picapau Amarelo".
Mas outras editoras preferiram fazer suas próprias adaptações de Lobato. É o caso da Moderna, que encomendou uma versão de "Reinações de Narizinho" a Pedro Bandeira. O título deve sair ainda no primeiro semestre.
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