No Espírito Santo, há a era do xadrez antes e depois de "O Gambito da Rainha", série recém-lançada da Netflix que caiu na graça do brasileiro. O fato é que, apesar de retratar pouco a realidade dos acontecimentos propriamente ditos, a produção visual ilustra com bastante preocupação as jogadas que a protagonista do esporte de tabuleiro faz ao longo dos episódios. E essas manobras surgem com tanta riqueza de detalhes que chegam a chamar a atenção do espectador curioso que assiste.
Tanto que, no Estado, um dos mais tradicionais eventos de xadrez marcado para o próximo dia 22 de novembro está com número recorde de mulheres inscritas, o que é considerado um reflexo da série, já que os episódios narram a história de Beth Harmon, uma órfã prodígio que se torna uma excelente enxadrista.
"O xadrez é um jogo tradicionalmente 'de homem'. Mas, quando a gente tem produções como as da série, as pessoas acabam tendo mais iniciativa e tendo um incentivo. Ver a presença feminina na Netflix, para mim, foi maravilhoso", fala Ana Paula Vieira, de 19 anos, que desde os 8 se dedica ao xadrez.
"No dia a dia, divido a faculdade de Direito com a ocupação de enxadrista. Também atuo como árbitra de alguns torneios, faço avaliação de provas...", detalha.
A jovem que mora na Serra, mesma cidade que sediará a competição no próximo domingo, dia 22, começou a ter interesse pelo esporte vendo o pai jogando. "Não entendia o porquê de mexer as peças, a estratégia... Ficava imaginando. Até que por volta dos 8 anos, por curiosidade, fui jogando", completa.
A competição, chamada de Torneio de Xadrez Rápido e que será sediada no Clube Recreativo de Xadrez Capixaba, já possui seis inscrições só de mulheres. "Antes, se a gente tivesse duas participações femininas, já considerávamos muito. Mas acaba que esse tipo de série e filmes divulgam o esporte e mais pessoas ficam interessadas. O interesse aumentou muito de poucos dias para cá e ficamos contentes de mais pessoas buscarem a atividade", defende Paulo Cesar Vieira, presidente da Federação Capixaba de Xadrez Escolar, que organiza o campeonato no domingo.
Segundo dados da federação citada, o Espírito Santo tem 300 jogadores ativos: 200 na categoria até 1800 de rating, 70 até 1900 de rating e 30 acima de 2000 de rating. Ela abrange escolas públicas, privadas e seis clubes e serviços.
De acordo com Ana Paula, que não só vai concorrer no torneio como faz parte de um grupo de cerca de 25 outros jogadores da Grande Vitória, depois do interesse, surgiu o gosto pelo xadrez. Aos poucos, ela foi se aventurando pelos tabuleiros com o pai e passou a participar dos torneios e, hoje, se espelha um pouco em Beth, da história da Netflix, querendo vencer grandes nomes do esporte do Estado.
"Na série, para quem a viu completa como eu (risos), a Beth tem um grande propósito que é derrotar o mestre do xadrez, que é retratado nos episódios. E é bem isso. As filmagens mostraram muito bem o xadrez além do tabuleiro. A tática, estratégia... E como tudo é relacionado ao que a pessoa vive, à maneira que lida com as situações", conclui.
Torneio de Xadrez Rápido 15'' + 15s
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