Diversos artistas lançaram suas perspectivas sobre a pandemia do novo coronavírus neste último ano. Músicos, escritores, artistas plásticos, diretores de cinema apresentaram seus trabalhos voltados para o momento de reclusão, ansiedade e até mesmo desespero gerados pela crise sanitária mundial. Agora chegou a vez de fotógrafos, que tiveram suas câmeras voltadas para o cenário que a sociedade vive e registraram momentos incríveis, terem suas obras expostas.
Até o dia 29 de maio, a mostra "Olhares Sobre a Pandemia" fica em cartaz na Mosaico Fotogaleria, na Mata da Praia, em Vitória, trazendo registros do último ano. Fotógrafos profissionais e amadores compõem a exposição de 20 fotografias, que recebeu auxílio da Lei Aldir Blanc, que pode ser visitada de forma digital e presencial.
De acordo com um dos responsáveis pela mostra e proprietário da Mosaico Galeria, Gabriel Lordello, a proposta partiu de uma convocatória para que fotógrafos enviassem análises pessoais do momento da pandemia do coronavírus. A seleção de 20 fotografias aconteceu diante de mais de 300 opções.
"Desde o início desta crise, recebíamos milhões de imagens por todos os lados e entendemos que, para que algumas delas tivessem um destaque maior, a gente deveria fazer um recorte de imagens. Então, convocamos artistas amadores a enviar as imagens para nós, para que a gente formasse uma coleção que se tornaria uma pequena amostra com olhares plurais, diferentes", iniciou o sócio da empresa.
Ao todo, 120 fotógrafos de 11 países participaram da competição com 304 registros fotográficos. Do Brasil, a Mosaico recebeu trabalhos de 13 estados distintos.
Entre os selecionados está o fotógrafo de A Gazeta, Carlos Alberto Silva, que registrou a dor dos profissionais de saúde após a confirmação da perda de mais uma vida para a doença. Vale lembrar que o Brasil registra mais de 358 mil mortes para a Covid-19.
"Foram cinco dias de trabalho na UTI chegando de manhã e saindo depois do almoço. Essa foto foi feita logo no primeiro dia. Tinha acabado de chegar no local e me deparo com a cena da morte de uma jovem de 25 anos que estava há 60 dias internada. E chegar vendo a cena da enfermeira abraçando a outra foi única. É uma cena que mostra que quem trabalha na linha de frente também tem sentimentos e sofre", explica o fotógrafo.
O registro de Carlos Alberto foi tão intenso que chegou a ser selecionado para prêmios como o Vladmir Herzog e o Latino-Americano de Jornalismo. "Já fiz trabalhos e exposições ao longo de mais de 20 anos de carreira, mas vou te falar que este é o trabalho mais importante da minha vida. Nunca vi tanto sofrimento e trabalho para salvar vidas e, mesmo assim, ver tanta gente morrer em pouco tempo", conta o fotógrafo de A Gazeta, sobre o momento do registro.
Lordello explica que, dentre as imagens selecionadas, também há aquelas mais artísticas. "É uma seleção que conta com registros mais do front, do hard news, do hospital; ou mesmo da rua, do dia a dia do isolamento. Acredito que a gente tenha conseguido formar um olhar bem plural. Por exemplo, está na galeria a fotografia de uma artista que colocou um plástico filme na boca, como se não conseguisse respirar. Há muito material interessante, que causa reflexão nas pessoas", detalha.
A mostra, que fica aberta até o fim de maio, aberta pode ser visitada de maneira presencial e virtual. As visitas presenciais podem ser realizadas mediante agendamento pelo e-mail [email protected]. A fotogaleria limita as visitas em até duas pessoas por vez, seguindo todas as regras da vigilância sanitária como uso de máscara, higienização das mãos com álcool em gel e distanciamento entre os visitantes.
Devido ao agravamento da pandemia, a fotogaleria também vai oferecer visita guiada on-line via chamada de vídeo pelo WhastApp, mediante pré-agendamento pelo email citado ou pelo telefone (27) 99943-0831. "A pessoa me liga ou manda o e-mail, combinamos um horário em que eu faço uma chamada de vídeo pelo WhatsApp e vou apresentando as fotos para a pessoa contando os detalhes de cada foto", finaliza Gabriel.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta