O cenário paradisíaco, tendo como inspiração cartões-postais de Vitória, como a visão da Catedral Metropolitana e da Praça Costa Pereira, embalou a live “Música que Toca”, gravada do último domingo (20), no terraço do Centro Cultural Sesc Glória, agora batizado de área de eventos aberta para apresentações musicais.
O encontro - que será transmitido no dia 30 de junho, a partir das 20h, nas redes sociais (Instagram e Youtube) do Instituto Todos os Cantos (ITC) e da Unimed Vitória - foi comandado apenas por mulheres, tendo participação da Orquestra de Mulheres do Espírito Santo, que contou com regência da maestrina Alice Nascimento, das musicistas Adriana Vinand, Claudine Abreu e Flavia Bones, além da participação do Coral Unimed Vitória, este de composição mista e que fez sua primeira apresentação artística.
"Foi um momento de muita emoção. Começamos os ensaios do coral em setembro, no meio da pandemia, em aulas pela plataforma Zoom. A primeira vez que nos encontramos pessoalmente foi na gravação do concerto", confessa Alice Nascimento, falando, também, no ineditismo de fazer uma apresentação musical no telhado de um centro cultural.
"Inicialmente, gravaríamos no palco do teatro, respeitando todos os protocolos de segurança relacionados a Covid-19. Porém, me lembrei do show histórico do The Beatles, feito no telhado da Apple Records, em Londres, na década de 1960. Foi um momento emblemático da música mundial. Me perguntei: por que não fazer aqui em Vitória (risos)? Fiz a proposta e o pessoal do Sesc Glória topou", vibra a maestrina.
"Ficamos com receito da chuva que caiu em Vitória nos últimos dias, mas, durante as gravações, o tempo estava lindo. Optamos por começar às 17h, aproveitando os últimos raios de sol, para, em seguida, sentirmos a força da noite e da iluminação artificial", relembra, em tom poético.
Criado em 2019, a Orquestra de Mulheres do Espírito Santo fez sua segunda apresentação. A primeira, aconteceu em março deste ano, numa live transmitida da Catedral Metropolitana homenageando Chiquinha Gonzaga.
Com as restrições impostas pela crise sanitária, Alice Nascimento afirma que precisou se adaptar ao desafio de reger o grupo à distância. Ela conta que os ensaios passaram a ser feitos de forma remota, devido ao isolamento social.
“Cada músico recebeu a sua partitura em casa para a gravação dos vídeos e, apesar de ser difícil de imaginar um ensaio com as instrumentistas distantes, deu supercerto”, ressalta.
Composta por 30 mulheres, a orquestra, de acordo com Alice, possui um forte caráter de sororidade. "O projeto nasceu de uma vontade 'orgânica' das musicistas de fazer um trabalho em conjunto. Comandar uma orquestra é complexo, especialmente porque é preciso convencer músicos profissionais a serem regidos por você, mas somos um grupo diferente. Queremos estar juntas e, o que é melhor, nos propomos a fazer um som do nosso jeito", comenta, orgulhosa, dizendo que, no mundo, apenas 4% das orquestras são regidas por mulheres.
Na apresentação do Centro Cultural Sesc Glória, o repertório foi marcado pelo ecletismo, mas sempre mantendo o caráter popular. Tchaikovsky, por exemplo, foi relembrado com "Quebra Nozes" e "Lago dos Cisnes". Ícone da música erudita nacional, Heitor Villa-Lobos foi representado por "Bachiana 4 - Preludio". Chiquinha Gonzaga, por sua vez, esteve presente com "Abertura da Opereta Pastoral Estrela D'Alva", "Dança Número 2" e "Os Oito Batutas".
"Um dos pontos altos foi um duo de fagote e libras, com Ariana Mendonça e Kamila Romão. Elas apresentaram 'Eu Sei que Vou te Amar', de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Foi um momento de muita emoção", complementa.
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