Em 1981 o fotógrafo David Protti chegou ao Espírito Santo para ser professor na UFES e logo caiu de amores pela cidade. Sua admiração pelo local que o acolheu está refletida em Vitória PanorAmada, seu livro com fotografias da Capital que ganha uma segunda edição revista e atualizada que será lançada no dia 24 de julho, na Biblioteca Pública do Espírito Santo.
Dez anos depois da publicação da primeira versão, a obra ganha imagens novas e texto bilíngue (português e inglês), entre outras novidades. A primeira edição foi feita com propósito de chamar atenção para a cidade que estava sofrendo o processo de verticalização e poluição visual. Também queria mostrar a cidade para o próprio capixaba, que muitas vezes não conhece direito Vitória, conta. Mas com os anos percebi que o morador se orgulha das belezas daqui e quer também mostrar para as pessoas conhecidas, enviar o livro para outras pessoas. Então, resolvi fazer algo mais descritível, para apresentar Vitória e também com o texto em inglês, completa.
ROTEIRO
O passeio começa a partir do morro da Fonte Grande, de onde é possível ver grande parte de Vitória. Dali parte para o Porto e caminha em direção à ponta final de Camburi. Vitória é vista de diversos pontos diferentes, mostrando os cenários naturais e construções imponentes da cidade. Por fim, o percurso termina novamente na Fonte Grande já à noite. É um roteiro histórico, pessoal e afetivo, explica David.
Todas as imagens do livro são panorâmicas, o que acabou virando referência para o título da obra, Vitória PanorAmada. Diferente da primeira versão, na nova edição as fotografias ocupam páginas inteiras, chamando mais atenção aos detalhes.
Aqui tem muitos morros, a vista predileta para uma foto panorâmica, que pode ser feita em qualquer lugar, mas se adequa mais a alturas. O morro te dá uma vista muito mais agradável, onde é possível espalhar o olhar. A panorâmica te dá a ilusão do cinema, ela te dá mais espaço e pede mais tempo pra desapressar o olhar. Quando cheguei aqui, eu vi que Vitória tem uma geografia toda acidentada, o olhar não é linear, tem altos e baixos, diz o fotógrafo.
Entre morros, ilhas, mar, vegetação e instalações históricas e artísticas, David revela lugares que dão identidade para a cidade e formam a memória coletiva de moradores e visitantes, que vivenciam diariamente experiências nesses locais.
Você tem que ressignificar essa identidade de tempos em tempos. A cidade está em constante mudança, mas é preciso criar medidas preservacionistas dos monumentos sem querer interromper o processo de crescimento do local. Esses monumentos têm referência estética e também são referências geográficas. Existe também a referência histórica, como o Penedo de Vitória, que guarda muitas histórias de invasões. E a referência simbólica, ainda mais abrangente, reflete David.
O fotógrafo contou com o apoio de moradores que abriram suas casas, condomínios e empresas para ele conseguir os melhores ângulos. Foram três anos para registrar tudo através das suas lentes. Para o resultado final de algumas fotografias foram necessários, em alguns casos, 150 cliques. Ele poderia usar um drone, mas preferiu seguir o modo tradicional.
Ainda tem o trabalho de montagem, de juntar as imagens como um artesão digital. Eu poderia usar o drone, que está na moda, mas se é um livro voltado para o visitante, as fotos precisavam ser feitas de lugares tangíveis. O drone é legal mas cria uma coisa muito fora da realidade, fica aquém das possibilidades das pessoas. E fazer panorâmica não é fácil, não é como pegar o celular e fazer, o que é muito mais rápido, mas não é possível ampliar, você tem limitações de acabamentos, regulagem de luz... um dia vamos chegar lá, aí vai ser bom, brinca.
VITÓRIA PANORAMADA
David Protti. 2ª edição. 112 páginas. Quanto: R$ 40 (no evento).
Lançamento no dia 24 de julho, às 19h, na Biblioteca Pública do Espírito Santo (Av. João Batista Parra, 165, Praia do Suá, Vitória).
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