Em conversa com jornalistas na tarde desta quinta-feira (21), as atrizes Patrícia Pillar, 56, e Claudia Raia, 53, se mostraram indignadas com a falta de um projeto por parte do governo para apoiar os artistas e produtores culturais brasileiros, que estão sofrendo com a paralisação do setor por causa da pandemia do novo coronavírus.
"Acho que tem um plano de extermínio do artista e da cultura [no Brasil]. É pensado. Os artistas em qualquer lugar do mundo representam uma indústria, são muitos empregos. Esse ódio em relação à liberdade, à criação, à arte e aos artistas é tão grande que eles não conseguem nem ver que nós somos empregadores também", afirmou Pillar.
Segundo ela, a classe artística e os intelectuais são a consciência e a liberdade de uma nação e são os primeiros a serem combatidos. "Acho que existe, sim, um plano de extermínio para que calem as nossas vozes. Isso dá para se ver em cada setor."
Sem citar nomes, Pillar acrescentou que são colocadas pessoas para cuidar da cultura do país, que "não tem a mínima noção do que deve ser feito ou pensado". "Como nos outros setores também, coloca ministro do Meio Ambiente que não quer defender o meio ambiente, quer defender grilagem de terra. Coloca o ministro da Educação que odeia a educação.", disse.
Ambas ressaltaram a importância de um projeto de apoio às pessoas que trabalham no setor e que estão passando muitas dificuldades. "E aí vem o preconceito: "Ah, artista rico quer receber apoio". Não é isso. Quantos cenotécnicos, quantos funcionários da sonoplastia, camareiros, iluminadores, uma série de pessoas, gente que depende disso para alimentar as suas famílias."
Produtora de teatro, Claudia Raia afirmou que não vê uma luz no fim do túnel para o segmento. "Eu continuo acreditando na arte, nas pessoas que fazem arte nesse país. Acho o brasileiro extremamente talentoso, versátil. Mas a gente precisa contar com um plano para a cultura do país."
A atriz disse que não demitiu ninguém da equipe que trabalha com ela e que, mesmo parados, todos seguem sendo remunerados. "Porque eu simplesmente não aceito ter que mandar uma equipe embora e contribuir com o desemprego. Só que não tem um plano, uma ajuda, uma pesquisa do que está precisando, do que pode ser feito pelo setor." Elas lembraram que o segmento cultural foi o primeiro a ter as suas atividades paralisadas e deverá ser o último a ser reaberto.
"É muito triste porque as pessoas realmente não têm o que comer, não tem como sobreviver. Estamos fazendo várias campanhas, pedindo ajuda, coisa que o governo deveria fazer, mas estamos sem pai nem mãe, completamente. Já faz um tempo, e agora com esse novo governo mais ainda, estamos completamente abandonados", disse Raia.
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