Na década de 1970, quando voltava de uma viagem ao Rio de Janeiro, o colecionador e pesquisador musical capixaba Tarcísio Faustini, por uma feliz coincidência, sentou-se ao lado de ninguém menos que Luiz Gonzaga. Na ocasião, trocou algumas palavras com o Rei do Baião e descobriu, de uma forma não muito convencional, que o ícone andava insatisfeito com o filho, Gonzaguinha, que dava seus primeiros passos na música e havia acabado de ser censurado pela ditadura militar.
Esta é apenas uma das histórias reunidas em Caixas de Música, livro a ser lançado por Faustini nesta terça-feira (13), no Raiz do Canto Gastropub, na Praia do Canto. A publicação traz 54 textos, de análises a crônicas sobre intérpretes, compositores e outras figuras que povoam a história da música popular brasileira. A coletânea de textos inclui colaborações de Faustini ao Pensar, suplemento de A GAZETA.
Nascido em Aracruz e engenheiro civil por formação, Tarcísio é professor aposentado do Centro Tecnológico da Ufes, mas sempre fez questão de conciliar a paixão pela área de exatas com a paixão pela música. Além de colaborar com textos para o jornal, apresenta há 25 anos o programa Domingo Brasil, na rádio Universitária FM.
Meu interesse surgiu ainda na infância, no interior, quando escutava a rádio Nacional. Na época dos grandes cantores, eu ouvia e ficava encantado. E isso aumentou durante a adolescência, na fase dos festivais, conta Faustini, que fez um movimento retroativo na juventude, quando foi buscar conhecimento sobre a bossa nova por influência da obra de Chico Buarque, Edu Lobo e Caetano.
Os livros, discos (LPs e compactos), e outras mídias colecionadas resultaram em uma espécie de clubinho para debater música com amigos próximos. O expert em MPB chegou a estudar com o lendário Maurício de Oliveira, com quem diz ter aprendido mais a ouvir música que a tocar. Eu ficava apaixonado ouvindo as explicações dele, acabei não aprendendo a tocar, mas sim a ouvir. Devo isso ao Maurício, diz.
Em Caixas de Música, o autor faz questão de lembrar de fatos que passam também pela história da música no Espírito Santo. Em um dos textos, Tarcísio conta fala do encontro que teve no ano passado com Maria Cibele, uma das rainhas do rádio no Estado. Antes de falecer, a cantora vivia em um asilo em Ecoporanga, no interior, e já com mais de 90 anos, ficou emocionada com a visita do pesquisador e de alguns colegas.
No livro, quis mesmo compartilhar essa paixão que tenho pela música, inclusive pela música feita no Espírito Santo. Temos excelentes músicos aqui, a história da MPB passa por aqui, de alguma forma, com Menescal, com Nara Leão, com Zé Renato e outros mais, conclui.
"Caixas de Música"
Tarcísio Faustini. Editora da Ufes (Edufes), 196 páginas. Depois do lançamento, o livro será vendido na Livraria da Ufes, no campus de Goiabeiras, por R$ 40.
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