O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, assinou uma portaria publicada nesta quarta (11) determinando que o critério de seleção para a lista de personalidades negras da entidade seja a "relevante contribuição histórica".
De acordo com Camargo, nomes como Elza Soares e Gilberto Gil serão excluídos, sob a justificativa de que a lista será de homenagens póstumas.
"Assinei hoje portaria que moraliza a lista de personalidades negras da Fundação Palmares. O critério de seleção passa a ser a relevante contribuição histórica. Haverá exclusão de vários nomes. Novas personalidades serão incluídas em razão do mérito e da nobreza de caráter", explicou Camargo, por meio de sua conta oficial no Twitter.
Posteriormente, Camargo chegou a dizer que já iria divulgar alguns dos nomes que seriam incluídos e outros que seriam excluídos. Porém, voltou atrás e disse que iria aguardar a publicação da portaria, que deverá entrar em vigor em 1º de dezembro.
"A portaria entrará em vigor no dia 1º de dezembro, quando serão divulgadas todas as exclusões de nomes, assim como todas as novas personalidades negras, antes negligenciadas. Em razão disso, em vez da divulgação de alguns nomes, acho melhor aguardar a data. Ficará mais organizado", afirmou.
No próximo dia 20 é comemorado o dia da Consciência Negra. Camargo já afirmou que não dará nenhum suporte à celebração. Instituído como feriado em 2011, a data é atribuída à morte de Zumbi do Palmares (1655-1695), líder quilombola brasileiro.
A comemoração é realizada em mais de mil cidades e em Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro por meio de decreto estadual.
Em setembro, a deputada federal e candidata à prefeitura do Rio de Janeiro Benedita da Silva (PT) foi retirada das personalidades negras da fundação. A justificativa de Camargo na ocasião foi que a parlamentar "responde pelo crime de improbidade administrativa e seus bens foram bloqueados pela Justiça". Ainda disse que "o preto, o pobre e o favelado são as maiores vítimas da corrupção.
Já em outubro, a ex-senadora Marina Silva (Rede) também foi retirada da lista. À época, a justificativa de Camargo foi que "Marina não tem contribuição relevante para a população negra do Brasil. Disputar eleições não é mérito. O ambientalismo dela vem sendo questionado e não é o foco das ações da instituição".
Em entrevista à GloboNews, no dia 13 do mesmo mês, a ex-senadora classificou a decisão como autoritária. "Você decreta a própria realidade. Todas as pessoas que são excluídas, com certeza não foram excluídas por serem irrelevantes, mas exatamente pela importância das causas que defendiam", avaliou.
Em junho, biografias de personalidades negras importantes da história do país foram censuradas de forma sistemática no site da Fundação Palmares, instituição federal que tem como objetivo zelar por essa memória.
Funcionários e pesquisadores acusaram Sérgio Camargo de negar a importância de figuras históricas, em especial aqueles que se projetaram como símbolos da esquerda.
Na ocasião, sumiram os artigos sobre Zumbi dos Palmares, os abolicionistas Luís Gama e André Rebouças, a escritora Carolina de Jesus e muitos outros homens e mulheres negros de projeção na história. Também desapareceram artigos sobre personalidades negras de destaque no esporte do país.
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