Um ano após a manifestação dos artistas capixabas em defesa do Centro Cultural Carmélia, que corria o risco de ser transformado em local para armazenamento de sacas de café, o futuro do tradicional aparelho de Vitória, inaugurado em 1986, na gestão Gérson Camata, ainda está em compasso de espera.
Com o imóvel em posse da União, o Governo do Espírito Santo espera receber a cessão do espaço para dar início às obras de restauro. Segundo a Secretária Estadual de Turismo, Lenise Loureiro, as primeiras reformas já estão na planilha de custos da secretaria. De caráter emergencial, elas devem custar cerca de R$ 700 mil, abrangendo o restauro do telhado (para conter infiltrações), da calçada e da parte externa, incluindo o jardim.
"O caso está nas mãos da Superintendência do Patrimônio da União. Fizemos o pedido de concessão do Carmélia à Brasília. O imóvel estava em posse da Prefeitura de Vitória e retornou para o Governo Federal. Fomos informados que houve um inventário e uma vistoria do local. Pedimos um cuidado e um carinho especial, pois só falta a liberação para começarmos as primeiras reformas", adianta Lenise.
Entramos em contato com a Superintendência do Patrimônio da União, responsável pela cessão, para saber quando o Centro Cultural Carmélia finalmente será repassado ao Governo Estadual ou mesmo de quanto tempo será a concessão do aparelho cultural. O órgão federal, integrante do Ministério da Economia, respondeu através de nota, afirmando ainda não haver prazo para a liberação.
"Os autos do processo referente ao Teatro Carmélia foram encaminhados à Unidade Central da Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União para análise da destinação proposta. A deliberação ocorrerá na forma prevista pela Portaria SEDDM/ME nº 7.397, de 24/06/2021. No momento, não obtivemos de Brasília prazo para a apreciação desta cessão".
Enquanto espera o repasse de Brasília, o Governo do Espírito Santo traça planos para o Carmélia Maria de Souza. Atualmente, o imóvel é sede da TV Educativa. Futuramente, sob a gestão da Secretaria Estadual de Comunicação, também abrigará a Rádio Espírito Santo, hoje localizada na Reta da Penha, em Vitória. A ideia é transformar o local em uma espécie de centro de comunicação, também abrindo espaço para a cultura.
"Em um segundo momento, o Governo do Estado pretende fazer uma reforma mais ampla, para receber a emissora de rádio. O valor estimado da obra é de R$ 5 milhões. O teatro será totalmente reformado e manterá as apresentações culturais. Também desejamos que o espaço seja usado para as transmissões de programas e de lives da TVE e da Rádio Espírito Santo", adianta, sem traçar prazos para a segunda obra.
"O bairro (Mário Cypreste) é uma área estratégica. Com a reforma, além de revitalizá-lo, vamos trabalhar o conceito de comunicação atrelado às atividades culturais. Também vamos atender a um pedido do setor da cultura, que lutou tanto para que o Carmélia continuasse aberto como espaço destinado a apresentações artísticas", complementa.
O Carmélia foi alvo de uma polêmica após a União anunciar que utilizaria o espaço para o armazenamento de grãos da Conab. Medida que seria adotada com o anúncio da venda do atual local de armazenamento, os Galpões do IBC, em Jardim da Penha, Vitória. Recentemente, os galpões foram cedidos ao Ifes/ES.
Após manifestações da classe cultural capixaba em agosto do ano passado, o superintendente Nacional do Patrimônio da União, Fernando Anton Bispo, informou que o aparelho cultural seria transferido para o Estado. A estimativa, na época, é de que de cessão seria por um prazo entre 10 a 20 anos.
Meses depois, a novela continuou. O Governo Federal afirmou que o acordo só iria ocorrer após as eleições municipais, realizadas em novembro de 2020.
Na ocasião, o superintendente da SPU-ES, Márcio Furtado, afirmou que o pedido para a formalização da cessão já teria sido apresentada pelo Estado, mas encontrava-se em um impasse temporário. "As cessões de imóveis da União não podem ocorrer durante a fase eleitoral. Logo depois poderemos viabilizar", explicou, na época. Por enquanto, nenhuma outra ação foi efetivamente tomada por parte de Brasília
A área ocupada pelo Centro Cultural pertence à Conab e, no passado, abrigou o Instituto Brasileiro do Café (IBC). A parte do teatro estava cedida à Prefeitura de Vitória, mas há quase oito anos não é utilizada. A outra parte está em posse do governo estadual, e abriga a TV Educativa (TVE), que buscava outro espaço com o anúncio da retomada do imóvel. Tanto Estado quanto a Prefeitura de Vitória chegaram a ser notificados pela União a deixarem o imóvel.
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