A arte pode ser vetor de transformação social. A partir desse princípio, o projeto “Integralidades” se desenvolve. Idealizada pelo musicoterapeuta Alexandre Araújo, ao lado das assistentes sociais Maurenia Lopes Ferreira e Tassiana Guerzet, da psicóloga Jamille Neves Rangel e do terapeuta ocupacional Daniel Silvano Silva Cunha, a proposta visa levar oficinas culturais para jovens de 12 a 17 anos, moradores da Região 5 de Vila Velha, conhecida como a Grande Terra Vermelha.
Uma das oficinas a serem disponibilizadas - cujos recursos para início das aulas veio do edital Nº 01/2020 da Secretaria de Estado de Direitos Humanos do Espírito Santo (SEDH) - é a de musicoterapia. Para o desenvolvimento da mesma, o grupo está arrecadando instrumentos de corda, tais como cavaquinhos; bandolins; violões de corda de aço; violões de Nylon; ukuleles; guitarras; violões de 12 cordas; violas caipiras; e contrabaixos. Outros instrumentos também estão sendo aceitos, embora os principais sejam os de corda.
“Com a ideia de doação de instrumentos, fora o que a gente já previu adquirir com a verba do projeto, vai nos dar uma possibilidade maior, inclusive de se replicar, tanto em outras regiões quanto numa pretensão de que isso possa ir até para outros municípios”, pontua Araújo. O musicoterapeuta relata que até o momento foram arrecadados cerca de catorze instrumentos, sendo que o objetivo é conseguir cem deles.
Os interessados em doar instrumentos podem entrar em contato com o musicoterapeuta através do telefone (27) 9996-42742. Já contribuições em dinheiro estão sendo aceitas através do PicPay @alexandrenaraujo. Os valores serão revertidos na manutenção dos instrumentos recebidos e também na compra de equipamentos de som.
A princípio, as aulas do projeto irão ocorrer na fundação Carmem Lúcia, na Barra do Jucu. Previstas para serem presenciais, a partir da segunda semana de abril, as oficinas estão programadas para durarem seis meses, totalizando 24 encontros, de uma turma que terá escopo de cerca de 40 vagas. As inscrições serão feitas através de unidades de saúde, mas ainda sem definição.
Vale destacar que a data de início prevista está dependendo da evolução do quadro da pandemia da Covid-19. O Espírito Santo iniciou nesta quinta-feira (18) uma quarentena que vigora até o dia 31 do mesmo mês. “Tudo em relação a isso (a programação) pode mudar, porque vai depender do avanço da Covid, mas o que está previsto é isso”, pondera o idealizador e presidente da Associação de Musicoterapeutas do Espírito Santo (AMTES).
Além das oficinas musicais, o projeto “Integralidades” também visa desenvolver aulas de capoeira e ioga, por exemplo. “A gente está pensando em colocar a prática de produção de instrumentos, que, ao mesmo tempo, tem relação com a prática de capoeira. Então virão alguns convidados para fazer outras atividades durante o calendário, educador físico, um instrutor de prática de meditação”, adianta. Ele ainda acrescenta que terá alguém que irá falar sobre economia solidária e geração de renda.
Alexandre conta que está fazendo um levantamento dos pacientes atendidos na Região 5, que revelam que a maioria deles sofre de ansiedade, autoagressão e práticas suicidas. “A maioria (dos casos) é em função social, da dificuldade de se comunicar, da falta de perspectiva, principalmente nos anos que estamos vivendo, do ano passado para cá, que agravou muita coisa”, relata, afirmando que, nesse sentido, a arte, a música e a expressão física podem dar um direcionamento, através da transformação dos sentimentos em algo palpável.
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