Fotógrafo, fotojornalista e profundo conhecedor dos problemas sociais que o rodeavam, o francês Henri Cartier-Bresson certa vez disse sobre a arte de fazer fotos: "Fotografar é colocar, na mesma linha, a cabeça, o olho e o coração". Se pensarmos sobre essa ótica, a câmera fotográfica, então, seria os olhos da alma? A forma mais pura de inclusão para os excluídos sociais?
Procurando essas respostas tão relevantes, especialmente no contexto de abandono social por que passam as regiões periféricas das grandes cidades, nasceu o projeto "Olhai Por Nós", comandando pelo premiado fotógrafo de A Gazeta, Fernando Madeira, e pelo Instituto Raízes.
Abusando da poesia, mas com olhar totalmente voltado para o social, a iniciativa propõe uma oficina prática e teórica sobre a arte de fotografar a 20 pessoas (entre 13 e 25 anos), moradores de bairros de risco social de Vitória, mais precisamente Piedade, Fonte Grande, Moscoso e Capixaba, locais marcados pela violência e pela falta de oportunidade profissional para os mais jovens. As aulas começaram em julho e seguem até outubro, no Centro de Vitória.
"Nossa ideia sempre foi dar novas perspectivas para esses jovens periféricos, levar a arte até eles. Nas aulas, tanto teóricas como práticas, tento apresentar o universo da fotografia em suas infinitas possibilidades", informa Madeira, ao "Divirta-se".
"É importante educar o olhar. Ensinamos História da Fotografia e percepção da luz, aquilo que você deseja fotografar. Queremos impulsionar a autoestima dessas comunidades".
Segundo Fernando, a projeto busca parceiros em sua expansão para outros municípios da Grande Vitória. "Os interessados podem entrar em contato conosco pelo Instagram. Qualquer apoio é bem-vindo", adianta.
Por falar em suporte, o "Olhai por Nós" ganhou muitos admiradores, especialmente após o projeto ter sido pauta do jornalístico "ES1", na TV Gazeta. Em um post nas redes sociais, os administradores afirmaram que, com a matéria, muitas pessoas mostraram interesse na empreitada.
Fernando Madeira garante que o próximo local a receber a iniciativa deve ser Cariacica, mais precisamente o bairro Flexal, outra região de grande vulnerabilidade social.
"Ainda estamos em negociação, mas, se tudo der certo, o curso deve começar no primeiro semestre de 2022. Nasci em Cariacica e conheço bem a realidade periférica do município. São regiões marcadas pela desigualdade social e pela falta de políticas públicas voltadas para a juventude", complementa.
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