Treze muros da Barra do Jucu, em Vila Velha, já estão pintados ou em fase de produção para servirem de telas para artistas que assumiram a responsabilidade de dar vida às paredes de concreto. A Galeria Livre de Arte, como é chamado o projeto, é um dos braços do Culturada Viral, evento virtual que vai acontecer entre 9 e 11 de abril, englobando desde as próprias obras de arte até apresentações musicais.
É a segunda vez que artistas são chamados pelo projeto para participarem da ação. A ideia principal é incluir a comunidade local no evento artístico e fazer com que a própria região da Barra faça parte da programação dos shows com as pinturas.
Uma das artistas que fizeram parte desta edição das pinturas é Luiza da Rocha. A artesã pintou São Benedito na Praia da Concha, conhecido local da região. “O São Benedito é uma figura que tem forte importância cultural aqui na Barra, tem ligação com o congo daqui. Além disso, a Praia da Concha é muito importante por ser recanto dos pescadores. Então, quis aproximar esses dois elementos e foi a primeira vez que os pintei representados. Foi muito bom ilustrar essa cultura daqui”, avalia.
Segundo ela, inclusive, o objetivo dos murais espalhados pelo bairro foram mais que atingidos. Isso porque além de incluir os moradores nos projetos, fez com que até alguns deles tivessem a vontade de “participar junto” da elaboração dos trabalhos.
“Foi engraçado, no bom sentido, porque teve uma interação muito boa. Enquanto eu pintava, várias pessoas passavam e se encantavam, queriam saber o que era, como estava sendo feito. Crianças, idosos, pessoas que geralmente também têm dificuldade de acesso à cultura e puderam participar ativamente de uma ação legal como essa”, ainda pondera a artista.
Marcus Vinicius Machado, que é inclusive companheiro de Luiza, também participa do projeto. Ele pintou um barqueiro subindo o Rio Jucu, em homenagem à profissão que foi economicamente e socialmente importante para o desenvolvimento da Barra. Ele lembra que, até meados do século passado, ainda existiam esses profissionais, que só pararam de “subir e descer” o rio quando uma represa foi construída, impedindo a passagem dos barcos.
“A profissão de barqueiro sempre existiu aqui no rio, porque antes das estradas o rio era o principal acesso dos moradores até Vitória. Eles colocavam as cargas no barco, atravessavam e chegavam à Vila Rubim”, narra ele, que demorou cerca de quatro tardes para finalizar seu mural, que já está totalmente pronto.
“E o resultado é uma obra inédita, que também quer levantar a discussão para a importância de olharmos para o social da nossa região”, finaliza ele, que é estudante de Artes Plásticas na Ufes.
Além dos dois, os artistas Kleber Galveas, Roger de Araujo, Marcelo Leão, Fatinha Nascimento, Thomaz Musso, Maria Lúcia Alcantara Milanezi, Leonardo Rocha e Francione Salvador também elaboraram pinturas nos muros do local.
Toda a temática é voltada para a arte, os costumes e práticas comuns da Barra. Também estão sendo homenageadas pessoas que são ilustres personagens na comunidade. Um deles é o diretor de teatro e professor Paulo de Paula, que adotou a Barra do Jucu como lar e aqui criou na companhia Teatro da Barra; e outro é seu Zé de Lora, um morador ilustre, grande contador de histórias, que morreu recentemente.
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