Foi há, mais ou menos, sete anos que Dudu, de 17 anos, viu de perto, pela primeira vez, o que é uma batalha de rappers duelo de rimas bastante comum na cena rap. No momento em que viu o sonho dele sendo tratado como trabalho, decidiu que era aquilo o que ele queria fazer.
Quando ainda morava em Itararé, bairro de Vitória, o jovem começou a frequentar eventos musicais e a aprimorar o dom. Em 2020, ele já chega como promessa do rap no cenário nacional e com milhões de ouvintes nas plataformas digitais.
Seu mais novo passo é o disco "Acídia", primeiro da carreira e já com o selo da Som Livre. Previsto para sair no início de junho, o álbum terá uma pegada mais moderna e diferente do que ele vinha trazendo em sua bagagem. Os fãs e interessados no som que o capixaba vai apresentar, podem conferir a recente "Calabasas", que estará no álbum.
Lançada no dia 14 de maio deste ano, a canção teve clipe filmado no Espírito Santo. No vídeo, que tem mais de 260 mil visualizações no YouTube, é possível identificar a passagem por ruas da Grande Vitória e ambientes fechados do Estado.
Segundo Dudu, a mensagem a se passar é a de liberdade. Aliás, é sempre essa a palavra de ordem que rege o trabalho do capixaba na arte.
São muitas (as mensagens) que quero transmitir, mas que no final remetem a liberdade. Música é liberdade acima de tudo, é a pessoa sentir o que quiser sentir, falar o que quiser... No fim, minha música quer fazer as pessoas se sentirem livres, diz ele, em entrevista ao Divirta-se.
Atualmente, o rapper, que mora na Barra do Jucu, em Vila Velha, dá os primeiros passos para conquistar autonomia. Dudu pensa em retomar os estudos para concluir o Ensino Médio e, sobretudo, se orgulha do que construiu até agora.
Em bate-papo com a reportagem, o jovem também falou sobre projetos para o mundo pós-isolamento provocado pela pandemia do novo coronavírus, lançamento de seu primeiro álbum e parcerias com outros grandes nomes do rap.
Calabasas foi um dos últimos sons a integrar um projeto maior que eu tenho, que é um projeto futuro ainda, que é um álbum. Será meu primeiro trabalho com a Som Livre e meu primeiro solo, também. Calabasas foi a penúltima música a ser adicionada ao projeto.
Foi uma das que achei mais legais, também, dentro do ambiente que estávamos produzindo. Gravei ela em casa, uma música que já estava comigo há bastante tempo... E aí pensei nela para esse projeto. A música tomou uma proporção que nem eu imaginava.
Acho que o clipe em si é uma imersão na música. Eu espero que as pessoas assistam e sintam isso, a entrada no universo que a música proporciona. Como se fosse uma forma de as pessoas tentarem entender o que significa a música.
Isso é um papel muito importante que qualquer pessoa que ganha destaque tem que assumir: reafirmar as próprias origens. Não saí do Estado, não tenho previsão de me mudar daqui, nunca me vi fora daqui.
Posso adiantar só que em breve vamos ter novidades (risos) e também (vamos ter) um olhar maior sobre o que é o projeto. É um passo muito grande para qualquer artista, então quero que seja algo muito especial.
Acredito que toda pessoa que atinge o sucesso na vida, e não nasceu em berço de ouro, atribui esse sucesso ao trabalho. Tenho certeza que é um mérito de todo mundo que trabalha comigo, também. Nasci e cresci em Itararé, em Vitória. Atualmente moro na Barra do Jucu, em Vila Velha, e acho que sou até capixaba demais (risos).
Estou conquistando... Sempre fui muito independente de forma pessoal. Quero independência financeira para ajudar meus pais. Tenho mais dois irmãos, mas só eu na música. Parei de frequentar o Ensino Médio, mas terminar os estudos estão nos meus planos.
A maioria das parcerias são com pessoas que tenho amizade, que conheci por meio do trabalho. Nunca parei para pensar em uma colaboração programada, sempre foram coisas muito espontâneas. Todo mundo ganha no final. Às vezes, você chega para fazer um trabalho, sem conhecer ninguém, e depois sai conhecendo um monte de gente nova. E isso é ótimo.
Sentir alguma dificuldade é impossível, é a própria dificuldade (risos). Em todas as áreas há falta de apoio.
O Estado ainda é muito preso à cultura de outros lugares. A gente acaba perdendo e deixando de valorizar dezenas de artistas que são daqui. Então, acaba sendo um cenário muito difícil de evoluir, mas o rap tem um papel muito importante na cultura do Espírito Santo.
Eu comecei a batalhar, frequentar batalhas, quando eu tinha uns 10 anos de idade. Nisso, eu fui conhecendo pessoas maravilhosas que me mostraram que eu não estava sozinho. Acho que esse foi o início de tudo. Isso aconteceu quando eu já queria, aliás, sempre quis, trabalhar com algo ligado à música. Sempre gostei de cantar. De rap, então... Para mim, a batalha foi meu suspiro, meu nicho. A música foi um grande agente que me evoluiu no sentido de conhecer melhor o mundo.
(Risos). Acho que não sei. Não posso afirmar que sou uma promessa, mas também não descartaria essa possibilidade. A gente tem muito trabalho para mostrar ainda para o povo, para a música do Brasil. Então, espero ser maior que uma promessa, espero ser uma realização.
Tenho procurado novo rumo, uma nova proposta bem diferente de tudo que nós [equipe] já fizemos. Todos estamos envolvidos em preparar algo novo para adotar um projeto mais robusto.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta