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Quem é Lina Bo Bardi, estrela da Bienal de Veneza que Mario Frias não conhece

Quem é Lina Bo Bardi, estrela da Bienal de Veneza que Mario Frias não conhece

Arquiteta ítalo-brasileira, homenageada com o Leão de Ouro, criou o prédio do Masp, um dos principais cartões-postais de SP

Publicado em 21 de maio de 2021 às 17:20

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 Durante a abertura do pavilhão brasileiro da 17ª Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, ocorrida nesta quinta (20), o secretário especial da Cultura, Mario Frias, disse - em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo - desconhecer a ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, que está sendo celebrada no evento com o prêmio Leão de Ouro.

A declaração do secretário causou indignação nas redes sociais, porque Bo Bardi, além de ser a grande estrela desta Bienal, é um dos maiores nomes da arquitetura brasileira do século passado.

A arquiteta italiana Lina Bo Bardi, naturalizada brasileira, posa para foto ao lado de um quadro de seu pai, em dia de vernissage no Museu de Arte em 1952
A arquiteta italiana Lina Bo Bardi, naturalizada brasileira, posa para foto ao lado de um quadro de seu pai, em dia de vernissage no Museu de Arte em 1952. (Agência Folhapress)

Em nota, publicada quando o Leão de Ouro foi anunciado, Hashim Sarkis, curador do evento, disse que "se há uma arquiteta que representa adequadamente o tema da Bienal deste ano ("Como Viveremos Juntos?"), é Lina Bo Bardi".

"Sua carreira como designer, editora, curadora e ativista nos lembra o papel do arquiteto como organizador e, principalmente, como construtor de visões coletivas. Lina Bo Bardi também exemplifica a perseverança da arquiteta em tempos difíceis, sejam guerras, conflitos políticos ou imigração, e sua capacidade de permanecer criativa, generosa e otimista o tempo inteiro", afirmou Sarkis.

A arquiteta se destacou com obras que são lidas tanto como arte erudita quanto arte popular. E se engana quem pensa que Bo Bardi fez apenas grandes edifícios. Ela produziu diversos desenhos, artefatos e instalações.

Muitas de suas obras, aliás, foram criadas a partir de itens que encontrava no lixo. Para ela, estas peças eram o ponto de partida para a construção de uma cultura autenticamente brasileira.

TRAJETÓRIA

Nascida em Roma, em 1914, a italiana se mudou para São Paulo aos 32 anos. Na capital paulista, ganhou notoriedade com projetos como o icônico cartão-postal Masp, o Museu de Arte de São Paulo, a modernista Casa de Vidro, onde viveu até o fim da vida, o Sesc Pompeia e o Teatro Oficina.

Foi Bo Bardi também quem criou a revista artística Habitat, que integrava um projeto do Masp, instituição então dirigida por Pietro Maria Bardi, marido da arquiteta. A publicação veiculava imagens da arte e do design modernos, além da chamada arte popular.

Outro destaque do Masp atrelado à ítalo-brasileira foi o assento dobrável de auditório feito de madeira e couro, considerado a primeira cadeira moderna do Brasil.

Imagem que integra a mostra Maneiras de Expor - A Arquitetura Expositiva de Lina Bo Bardi
Imagem que integra a mostra Maneiras de Expor - A Arquitetura Expositiva de Lina Bo Bardi. (Instituto Lina Bo e P. M. Bardi)

Em 1948, Bo Bardi cofundou o Studio d'Arte Palma, conhecido pela produção manufatureira de móveis de madeira.

No final da década seguinte, a arquiteta assumiu a direção do Museu de Arte Moderna da Bahia e fez o restauro Solar do Unhão, localizado em Salvador.

Segundo Sarkis, os projetos dela se destacam pela união entre arquitetura, natureza, vida e comunidade, através de seus desenhos e formas. "Em suas mãos, a arquitetura se torna verdadeiramente uma arte social."

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Bo Bardi morreu em 20 de março de 1992, aos 78 anos, devido a uma embolia pulmonar. Sua carreira é mundialmente consagrada e, agora, está sendo celebrada na Bienal de Veneza, apesar do desconhecimento de Mario Frias.

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