Após a morte do músico Aldir Blanc, aos 73 anos, por causa do novo coronavírus, na madrugada desta segunda-feira (4), diversos membros da classe artística homenagearam o compositor e comentaram a importância para a música brasileira.
"Ele era um compositor, letrista e poeta que não tem igual", afirma Moacyr Luz à Folha. Parceiro costumaz de Blanc, ele afirma que uma das maiores marcas do compositor era o ar coloquial das suas letras uma possível influência do sambista Noel Rosa, sugere.
"Foram mais de cem músicas gravadas, e com parceiros maravilhosos, com João Bosco, Guinga e Cristóvão Bastos. Para cada um, tinha uma literatura diferente, um dicionário diferente. A gente ouvia a música e identificava logo de cara quem era o parceiro", diz Luz.
Ele conta que os dois se conheceram "para valer" nos anos 1980, quando passaram a morar no mesmo prédio e a compôr juntos. Desde então, mantiveram contato diariamente por 24 anos. "Nós vamos sentir muita falta dele, como letrista e compositor. E eu, como um amigo", continua o músico.
"Peço desculpas aos que têm me procurado hoje. Não tenho condições de falar. Aldir foi mais do que um amigo para mim. Ele se confunde com a minha própria vida", publicou o músico João Bosco no seu Instagram. O músico disse ainda esta segunda-feira se tornou um dos dias mais difíceis da sua vida.
"Perco o maior amigo, mas ganho, nesse mar de tristeza, uma razão para viver: quero cantar nossas canções até onde eu tiver forças. Uma pessoa só morre quando morre a testemunha. E eu estou aqui para fazer o espírito do Aldir viver. Eu e todos os brasileiros e as brasileiras tocados por seu gênio", finalizou Bosco.
É ao outro legado de Blanc que outros músicos fizeram referência nas redes sociais, frequentemente lembrando versos marcantes do músico. Os mais citados pertencem, provavelmente, a "O Bêbado e a Equilibrista", canção de 1979 que foi adotada como o hino da anistia, em referência à lei que concedeu perdão aos perseguidos políticos e abriu caminho para o retorno da democracia no país, e imortalizada na voz de Elis Regina.
Filha da cantora, Maria Rita foi uma das que trouxe à tona versos da canção. "Que o sr. descanse em Luz, com a certeza do tanto que nos deixou de legado, amor, senso crítico, arte, cultura. Missão cumprida! Que farra boa o céu vai presenciar!"
"Dentre as pérolas de Aldir Blanc em parceria com João Bosco, alguns versos batem forte no momento: 'tá lá o corpo estendido no chão'... 'caía a tarde feito um viaduto'", escreveu João Barone, baterista do Paralamas do Sucesso.
O ex-presidente Lula foi outro que lembrou da música, reproduzindo-a no Twitter. "Aldir Blanc foi um compositor brilhante, autor de canções que emocionam gerações de brasileiros. O Brasil, sua cultura e democracia devem muito ao seu talento e generosidade."
Já o cantor Arnaldo Antunes citou um trecho de outra música, "Mestre-Sala dos Mares". "Quando morre o autor de um verso como esse, entre tantos outros memoráveis, só nos resta chorar e reverenciar", escreveu.
Outras gerações de músicos também prestaram homenagem a Blanc. O rapper Emicida, por exemplo, escreveu que a "poesia acorda triste com a partida de mais uma caneta que nos inspirou a sonhar": "Aldir Blanc, assim como o sol, saiu de nosso campo de visão normal nessa noite [...] Obrigado por nos presentar com um país pelo qual nos apaixonamos, Seu Aldir. O maior dos obrigados."
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