Falar da importância de Raul Seixas na construção da identidade da música popular no Brasil chega a ser pleonasmo. Considerado o pai do rock tupiniquim, o Maluco Beleza (como o cantor era conhecido carinhosamente pelos fãs) nos deixou há 30 anos e ainda continua lembrado por suas letras politizadas, que confrontavam a caretice e a censura típicas do governo militar.
Em tom de resgate de memória afetiva, o baiano (ou melhor, as suas músicas) será relembrado em Concerto Canta Raul, recital que acontece no sábado (2), às 20h, no Teatro da Ufes, com entrada franca. O encontro contará com regência do maestro Julliano Barcellos e apresentação do Coral Jovem Vale Música e Coral de Empregados Vale. O músico capixaba André Prando faz participação especial.
O repertório, de acordo com o regente, reunirá 18 canções de Raulzito, incluindo sucessos como Maluco Beleza, Gita, "Sociedade Alternativa" e Metamorfose Ambulante, além de músicas menos conhecidas do compositor, chamadas por Barcellos de Lado B, como Judas e Cantar.
A experiência foi fantástica, pois tenho a oportunidade de apresentar a obra desse cantor decisivo para o sucesso da música brasileira a um grupo que, em sua maioria, não vivenciou a carreira do Raul, empolga-se o maestro. Quis louvar a sua história, na tentativa de adaptá-la para a realidade dos alunos, que, em média, têm entre 14 e 18 anos. Eles precisavam conhecer a energia e a jovialidade do cantor, suspira.
Além de fazer a seleção das faixas, Julliano Barcellos também ficou responsável por criar 15 arranjos musicais especialmente para o espetáculo. Para isso, utilizei as composições menos populares do Raul, como Cantar, Judas e Novo Aeon (cujo LP foi eleito um dos melhores discos da música brasileira pela revista Rolling Stone, em 2008), enumera o maestro, dando detalhes sobre o processo criativo.
Sempre levo em consideração o contexto da música e a forma como quero trabalhá-la com os meus coristas. Com essas faixas, quis testar novas harmonias e ritmos, visto que, com as composições mais conhecidas, precisei ser um tanto conservador, explica.
Barcellos afirma que André Prando sempre foi a sua primeira opção na hora de escolher um convidado especial para compor o espetáculo. Além de sua potente voz, o André (Prando) é um ótimo exemplo para os membros mais jovens do coro, até por ser alguém que acredita no talento e sempre apostou na carreira, aponta.
Julliano conta ainda que o objetivo do concerto sempre foi contextualizar o momento em que Raul Seixas viveu, vencendo a ditadura e a censura. Nomes como o dele servem para aguçar nos mais jovens o senso crítico, despertando a liberdade de opinar sobre todos os assuntos.
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