Renato Russo pouco viveu, mas o fez intensamente. O cantor e compositor, um dos grandes nomes do rock brasileiro, faleceu aos 36 anos, em 1996, mas deixou para trás obras que ecoam até hoje. O líder da Legião Urbana tem sua trajetória é contada no espetáculo Renato Russo O Musical, que será apresentado neste sábado, dia 24, na Praça do Papa, com entrada gratuita. Há mais de dez anos rodando o país, o musical já foi apresentado em 40 cidades e é idealizado pelo ator Bruce Gomlevsky, que vive Renato Russo nos palcos.
Em bate-papo com o Gazeta Online, Bruce fala sobre a concepção do projeto, que tem direção de Mauro Mendonça Filho. Todo o espetáculo é acompanhado pela banda Arte Profana. que toca ao vivo 22 canções, que vão desde a juventude punk em Brasília de Renato até os seus últimos anos de sucesso com o Legião Urbana.
Por que quis levar para o público esse musical?
A ideia surgiu a partir da leitura do livro Renato Russo, o Trovador Solitário, de Arthur Dapieve. Uma biografia muito bem escrita. Li há 15 anos e devorei o livro. Na hora tive a ideia de fazer a peça. O Renato é um porta voz da minha geração. Cresci ouvindo Renato Russo, Legião Urbana e toda leva de bandas de rock nacional dos anos 1980, como Titãs, Os Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho. Acho que as músicas dele são muito propícias para um musical porque ele canta em primeira pessoa, fala dele mesmo, de suas questões. As músicas são parte fundamentam da dramaturgia do espetáculo e ajudam a contar a história. Não é só um musical careta. Acho que fui um precursor dessa moda de musicais, porque em 2006 nem existiam tantos musicais sobre artistas como hoje.
E o que você mais admira no Renato Russo?
Sua poesia e qualidade poética. Ele consegue escrever com excelência e mesmo assim ser um poeta universal e atemporal. Ele equilibrava duas qualidades importantes, ser popular e culto. Ele era erudito, mas comercial, fazendo o que ele queria. Suas músicas não são da moda, são músicas marcam geração e ficam, que passam de pai para filho.
Como foi o processo de construção do personagem?
Foram dois anos de pesquisa. Apesar de já ser fã, fiz um mergulho intenso na obra do Renato, assistindo a
shows e entrevistas. Falei com os amigos dele e com a família. Foi um trabalho de imersão total meu, da Daniela Pereira de Carvalho, que é a autora e do Mauro Mendonça Filho, que assina a direção. Foi um trabalho coletivo a seis mãos.
Você se acha parecido fisicamente com o Renato?
Não pareço com ele, mas percebi que poderia ficar parecido em cena. E esse trabalho de pesquisa também ajudou. Não sou um cover de Renato Russo. O que tento é trazer a alma dele. Só estou interpretando.
E você já cantava?
Sempre cantei. Tive banda na escola. No show canto as músicas acompanhado ao vivo pela banda Arte Profana. Fiz um trabalho para tentar aproximar a voz a de Renato, do seu grave. Mas é a minha subjetividade.
É verdade que em alguns shows você até volta ao palco para o bis?
É sim, já voltei umas cinco, seis vezes para o bis em algumas cidades. As pessoas sempre pedem bis e acabo voltando sempre pra cantar músicas como Faroeste Caboclo, que não está na peça. Depende do público capixaba.
E como foi a escolha do repertório do musical?
São 22 músicas. Foi difícil escolher, mas tentamos selecionar as músicas que contam a história do Renato. Outro ponto foi tentar dar um panorama de toda sua obra. Desde O Trovador Solitário, que traz os primeiros registros dele, passando pela banda Aborto Elétrico, Legião Urbana, até sua carreira solo. É um apanhado das principais canções de suas fases mais importantes. E estão lá também os grandes hits, como Será, Tempo Perdido, Pais e Filhos, Ainda é Cedo, Eduardo e Mônica, e Geração Coca-Cola.
Você tem uma música preferida do Renato?
É Metal Contra as Nuvens. Eu adoro. Ele fez essa música na época do Plano Collor, em um momento de caos e esperança. Mas é difícil escolher uma música só. São músicas que fazem parte da história de vida, o cara ouve e lembra de onde ele estava na época.
As letras de Renato continuam atuais...
Sim, a peça também é pertinente hoje quando fala contra o preconceito, da indignação, do país que não muda... As músicas de Renato falam sobre política, e pouca coisa mudou de lá pra cá. Ele escreveu Que País É Esse? em 1978 e quase não gravou porque achou que ia ficar obsoleta.
Renato foi um ícone para juventude dos anos 80. Qual a importância dele para juventude de qualquer geração?
O Renato faz falta. Caras como ele, Cazuza e Raul Seixas fazem falta nesse mundo superficializado em que a gente vive. Os jovens de hoje precisam conhecer Renato pela sua poesia, pela sua mensagem. Se estivesse vivo. ele ainda faria esse tipo de música. Mas na plateia sempre vejo adolescentes de 13, 14 anos, que não eram nem nascidos na época do Renato. O público vai se renovando.
RENATO RUSSO O MUSICAL
Quando: Sábado, dia 24. Às 19 h. Local: Praça do Papa. Av. Nossa Senhora dos Navegantes, Vitória.
Entrada gratuita.
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