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Ringo Starr, que lança EP, recorda Charlie Watts e fala sobre o fim dos Beatles

Ringo Starr, que lança EP, recorda Charlie Watts e fala sobre o fim dos Beatles

Ex-baterista do Fab Four toca reggae, regrava a seminal 'Rock Around the Clock' e mostra que ainda quer mudar o mundo

Publicado em 24 de setembro de 2021 às 12:24

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Ringo Starr no Grammy 2021
Ringo Starr no Grammy 2021. (Reuters/Folhapress)

Ringo Starr continua incansável em seus dois propósitos na vida: se divertir e espalhar a mensagem de paz e amor. "Tem todas essas pessoas se encontrando em Nova York agora, mas metade do mundo está em chamas e a outra metade está debaixo d'água, e eu fico pensando que não podemos fazer isso", diz o baterista, se referindo à Assembleia-Geral da ONU, em evento para a imprensa. "Queria mudar o mundo para as crianças. Fico pensando... Os políticos têm filhos?"

Ringo lança na sexta (24) seu segundo EP de 2021, "Change the World". O título revela as intenções do músico de 80 anos, que marcou a história tocando bateria nos Beatles.

"Moro nos Estados Unidos, mas metade do mundo está passando fome e metade do mundo não tem água. Todo mundo sabe que apoio a [organização] WaterAid, porque acredito que se você não tem nada, pelo menos deveria ter água. Mas as pessoas bebem lixo, água poluída e, daqui uns anos, vai ser difícil respirar por causa da poluição no ar."

O baterista diz que não é político, mas faz o que está ao seu alcance. "Só acho que você tem que ser legal com seu vizinho, seus amigos. É só isso. Tentar entender o que está acontecendo. Os governos têm que se responsabilizar não apenas pelo próprio país, mas por todos esses países que estão sofrendo."

"Change the World" traz quatro faixas com sentimentos diferentes. "Let's Change The World" é a que encapsula os sonhos do baterista por um mundo mais justo. "Coming Undone", composta por Linda Perry, tem um pé no country e é a mais triste do EP. "Just That Way", composição do próprio Ringo, é um aceno ao reggae com participação de duas lendas do gênero--o guitarrista Tony Chin e o baixista Fully Fullwood.

"Amo o reggae desde que ele evoluiu do calipso. E também vivi bons momentos na Jamaica. Aí aproveito para tocar com esses músicos incríveis. Fiz o EP para mim, para curtir com essas pessoas e me divertir."

No novo trabalho, o baterista também faz sua versão de "Rock Around the Clock", clássico seminal do rock dos anos 1950, de Bill Haley & His Comets. Ele lembra que tinha 16 anos e estava internado havia mais de um ano com pneumonia em Liverpool quando foi levado para assistir ao filme homônimo no cinema.

"Eu estava no hospital, meio por fora do que estava acontecendo. E aí todos aqueles jovens começaram a destruir o cinema. Eles arrancaram e jogaram as cadeiras. Fiquei pensando, 'uau, isso é incrível!' Aquele momento ficou gravado na minha memória. Lembro como se fosse ontem."

De óculos escuros, sempre fazendo o sinal de paz e amor com os dedos e distribuindo piadas, Ringo também recordou uma história dos anos 1970. Ele estava com o amigo Charlie Watts, baterista dos Rolling Stones, morto em agosto.

"Dei uma festa e estava cheio de gente da música, do cinema. Charlie foi, e [o baterista do LedZeppelin] John Bonham também. Ou seja, três bateristas estavam tirando onda quando um deles foi tocar. Mas não tinha palco, e o bumbo estava andando. Em certa altura, estavam lá Charlie e Ringo Starr segurando o bumbo para John."

Ele diz que, se fosse hoje, a cena daria "um vídeo curto perfeito para o TikTok, que rodaria o mundo". "Nos anos 1970, eu dava essas festas e você nunca vai encontrar foto, porque eu não deixava ninguém tirar foto na minha casa. Sempre penso que seria um momento legal de ter registrado. Charlie foi um grande ser humano, era muito tranquilo."

Sobre o filme "The Beatles: Get Back", documentário dirigido por Peter Jackson que cobre os momentos finais da banda, Ringo disse que rever aquelas imagens o trouxe uma sensação diferente da de "Let it Be" --o filme de 1970, de Michael Lindsay-Hogg, que cobre o mesmo período. Na verdade, as quase 60 horas de imagens não usadas no longa original são a base do novo documentário.

"Eu sempre ficava lamentando o filme original. Não tem nenhuma diversão nele, é tudo baseado naquele pequeno incidente", ele diz, falando do fim dos Beatles. "Peter veio a Los Angeles e nos mostrou as imagens da gente rindo e fazendo brincadeiras e sendo músicos. Sei lá, do começo de janeiro [de 1969] até o fim do mês fizemos um disco e aquele show no terraço que foi incrível, porque tocamos ao vivo novamente."

"Ficou um pouquinho mais longo só, está com seis horas de duração. Eu amei, mas, claro, eu estou no filme. Acho que todo mundo vai gostar porque vocês vão ver essa banda trabalhando duro e passando por altos e baixos em termos emocionais para chegar onde queríamos. Mas era assim que funcionava com quatro caras dentro de uma sala."

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