É possível que dois seres tão distintos quanto uma borboleta e um elefante se apaixonem? Pois é justamente o que acontece em O Elefante e a Borboleta, primeiro livro infantil do roqueiro Tico Santa Cruz, vocalista da banda carioca Detonautas. Ilustrado por Carlinhos Muller, a obra acaba de chegar às livrarias do país.
A relação entre os dois personagens equilibra-se no contraste de suas realidades. Na história, o elefante está preso na jaula de um zoológico. Já a borboleta está livre e pode voar por onde quiser.
A borboleta: livre, frágil e ao mesmo tempo ágil e leve. O elefante: grande, forte, pesado e preso, escreve Tico logo nas páginas iniciais, reforçando a discrepância.
Embora haja diferenças, eles acabam se apaixonando. Ele, pela liberdade da borboleta; ela, pela atenção que o elefante recebe das crianças que o visitam no zoológico.
No fim das contas, mesmo que seja um livro para pequenos, o que Tico quer discutir é o amor. Ou, mais especificamente, que não existem barreiras ou diferenças quando se trata dele.
O livro traz dois lados: o lúdico, que brinca com a imaginação da criança quando coloca como personagem um elefante e uma borboleta; e o campo de uma mensagem a ser refletida, a do amor, explica Tico, autor ainda de Tesão (2011), Clube da Insônia (2012) e Pólvora (2014).
Família
Pai de dois filhos, uma menina de 9 anos e um adolescente de 16 anos, Tico Santa Cruz conta que ambos já conhecem a história de amor de O Elefante e a Borboleta.
Eu li para eles. A minha filha adorou. Ela queria que o livro chegasse logo para o levar para escola. Estamos entusiasmados, conta o músico de 40 anos de idade, que acredita que o contato com a arte deve ser incentivado pelos pais.
Mas há questões colocadas em pauta que temos que pensar com cuidado, pois senão a gente tira a oportunidade delas terem contato com determinadas demonstrações artísticas, opina.
No caso dos filhos de Tico, o que eles (ainda) não sabem é que o pai se inspirou na sua relação com a esposa para construir a história infantil. A coisa da borboleta voar e poder voltar para o elefante é uma metáfora da minha vida. O livro é uma inspiração com a minha esposa: como viajo muito, e ela está sempre no Rio, fiz uma comparação, diz.
O mais louco é que a borboleta do livro sou eu, que estou voando de um lado para outro. O elefante é ela. Por mais que eu viaje, sempre volto pro lugar que amo, compara-se.
Ainda que haja uma história pessoal por trás da obra, o que ela busca debater tanto para os pequenos quanto para os adultos é que não há obstáculos ou diferenças quando se trata de amor.
O livro tem essa conotação de fazer um paralelo com as relações. Mas ele também se relaciona a outras questões, como colocar o amor como um estado de espírito do bem querer, reforça ele.
Ao final, a mensagem que o roqueiro quis passar é que seres diferentes podem ser amados. O mensagem é essa: o amor não tem problema na diversidade. Não é algo de gênero, mas na diversidade de cor, classe, raça, que são coisas que muitas vezes separam as pessoas, conclui.
O Elefante e a Borboleta - Tico Santa Cruz
Editora Belas Letras, 24 páginas. R$ 29,90.
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