"A gente já tinha se despedido completamente dessa história, dessa ideia", disse Junior, a certa altura da live que fez com a irmã, Sandy, na noite de terça (21). Ele está deixando claro que, após a reunião da dupla no ano passado, o show intimista, transmitido na internet, provavelmente foi o último deles juntos em algum tempo.
A apresentação, que durou mais de duas horas e meia, tinha como objetivo reunir doações para instituições beneficentes, como vem sendo comum nas grandes lives que vêm tomando o YouTube e outras redes sociais nos últimos dias. Enquanto a dupla entrava no ar, por exemplo, o Raça Negra reunia milhões de acessos simultâneos em outra transmissão.
"Isso só está acontecendo porque é uma causa muito importante", Junior afirmou, deixando claro o intuito da live. Sandy chegou a dizer que se sentia no programa "Criança Esperança", em meio às falas de conscientização contra o avanço do novo coronavírus, pedidos de doações e de agradecimentos ao patrocinador.
O show marca o fim de uma reunião estrondosa, depois de 12 anos dos dois separados. No ano passado, a dupla tocou em estádios e arenas ao redor do país, vendendo mais de 500 mil ingressos e indo até os Estados Unidos com a apresentação "Nossa História".
Os shows do ano passado tiveram repertório calcado no período da virada dos anos 1990 para os 2000, quando os irmãos chegaram à adolescência -a época mais importante da dupla, quando "As Quatro Estações" vendeu 3 milhões de cópias. No YouTube, graças aos pedidos, eles tocaram músicas ainda mais antigas.
Foi o caso de "Vamos Construir", do segundo álbum de Sandy & Junior, lançado em 1992, e "Aniversário do Tatu", faixa-título do disco de estreia dos irmãos. As músicas mais antigas foram tocadas em trechos improvisados, atendendo a pedidos dos fãs.
A fase infantil -com um pé no country americano- do começo dos anos 1990 ainda rendeu performances de "Primeiro Amor", "Etc... e Tal", "Vai Ter Que Rebolar", "Dig-Dig-Joy" e "Eu Quero Mais". Eles também improvisaram outras faixas que não costumavam tocar na turnê, como "Baby Liga Pra Mim".
Essas músicas foram as grandes atrações da live, que foi pausada diversas vezes para que a dupla mandasse beijos para amigos famosos e instituições que anunciavam doações. O repertório mais conhecido, de "A Lenda" a "Imortal", de "Era Uma Vez" a "Vamo Pula!", foi tocado com a habilidade técnica que é comum para a dupla, ainda que eles errassem um acorde ou letra de vez em quando.
A audiência da live confirmou a potência de Sandy & Junior. Eles mantiveram a transmissão com mais de 2 milhões de acessos simultâneos por quase todo o show e passaram dos 2,5 milhões em alguns momentos.
Para termos de comparação, Jorge & Mateus e Marília Mendonça passaram dos 3 milhões, mas até essa onda de lives pegar no Brasil, o recorde era de Beyoncé, com 400 mil espectadores ao mesmo tempo em seu show no Coachella de 2018.
Sandy & Junior foram acompanhados só por Lucas Lima, marido da cantora, que fazia piadas a todo momento e parecia mais um integrante da banda. Para evitar aglomerações, eles não chamaram músicos contratados e dividiram entre eles os instrumentos acústicos --incluindo uma bateria improvisada, que Junior intercalava com o violão.
A dupla também evitou a bebedeira, prática que vinha se tornando comum nas lives, mas que recentemente rendeu uma dor de cabeça a Gusttavo Lima. Ele virou alvo de representação no Conar, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, pelas propagandas de bebida alcoólica durante transmissões no YouTube.
O clima era mesmo de encontro familiar, com a mãe de Sandy & Junior, Noely, operando teleprompter e gritando informações para os filhos, e até o pai deles, Xororó, trabalhando de roadie. O cantor, conhecido da dupla com Chitãozinho, até se juntou ao duo para uma performance de "Evidências", hit nacional que vem sendo cantado pelas pessoas em suas janelas.
Hoje um fenômeno de nostalgia, Sandy & Junior conseguiram, no YouTube, atingir -ainda que em uma experiência diferente- quem não conseguiu ingressos para a turnê da dupla. A live também marca o encerramento de mais um capítulo na história dos irmãos, ratificando o tamanho estrondoso do alcance que suas músicas tiveram em quem cresceu nos anos 1990 e 2000.
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