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"Segunda Chamada" fala do risco do fim do EJA em sua 2ª temporada

"Segunda Chamada" fala do risco do fim do EJA em sua 2ª temporada

Série estreou na Globoplay trazendo cenário que atinge a educação pública no país

Publicado em 14 de setembro de 2021 às 02:00

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Segunda Chamada: Evelyn (Nataly Rocha), Palito (Gustavo Luz), Valdinei (Pedro Wagner), Sandro (Flávio Bauraqui). Embaixo, da esquerda para a direita: Leandro (Tamirys O'hanna), Lúcia (Debora Bloch), Neia (Rejane Faria), Hélio (Angelo Antônio)
Segunda Chamada: Evelyn (Nataly Rocha), Palito (Gustavo Luz), Valdinei (Pedro Wagner), Sandro (Flávio Bauraqui). Embaixo, da esquerda para a direita: Leandro (Tamirys O'hanna), Lúcia (Debora Bloch), Neia (Rejane Faria), Hélio (Angelo Antônio). (Mauricio Fidalgo/TV Globo)

Neste ano, o cenário do curso noturno para jovens e adultos da Escola Estadual Carolina Maria de Jesus é ainda mais preocupante do que o habitual e coloca em risco a própria existência do turno, na nova temporada da série Original Globoplay ‘Segunda Chamada’. Escrita por Carla Faour e Júlia Spadaccini e com direção artística de Joana Jabace, a obra estreou na última sexta-feira (10), na plataforma de streaming.

As poucas matrículas não são suficientes para manter os portões abertos e é preciso um milagre para que os estudantes não voltem para casa sem o tão sonhado diploma. O diretor Jaci (Paulo Gorgulho) não encontra solução para o problema e se vê obrigado a comunicar aos colegas que não há mais nada a ser feito, deixando silenciosa a pequena sala dos professores. Angustiados com a notícia, os educadores parecem não acreditar que foram em vão os anos de luta contra a péssima infraestrutura, a falta de reconhecimento e o cansaço extremo, tudo em prol da educação. Como desistir quando o objetivo de educar jovens e adultos ainda está longe de terminar?

Para Lúcia (Debora Bloch), todavia, a possibilidade de que o curso noturno deixe de existir é inimaginável. Se na temporada passada a professora já tomava para si a responsabilidade de não perder um aluno sequer, agora, ela não terá sossego até encher as salas de aula, nem que isso signifique buscar estudantes além das redondezas da comunidade.

A volta às aulas tem um gostinho de renovação para a professora de Português, após o divórcio de Alberto e o fim do mistério envolvendo a morte de seu filho, Marcelo. O amor pela profissão volta mais forte do que nunca e possui a mesma intensidade do desafio que a educadora enfrentará. Apesar de estar determinada a provar que Jaci está errado, Lúcia sabe que manter a escola aberta não será uma tarefa fácil. A realidade dos fatos parece esmagar qualquer esperança de sucesso. Mas é em seu caminho para casa, quando tudo parece perdido, que ela avista o que pode ser um feixe de luz em sua grande missão de vida.

Na imagem de pessoas que vivem nas ruas, com pouco conforto e pertences, voluntariamente ignoradas por grande parte da população, Lucia enxerga além das aparências. A professora reconhece que cada um ali tem uma história, sonhos e sentimentos. Lembrar a estes indivíduos sem lar que todos têm direito a uma educação digna é uma questão de honra e, quem sabe, uma possível solução para salvar o curso noturno da Escola Estadual Carolina Maria de Jesus. Lúcia respira fundo e se aproxima de um grupo, pronta a fazer um convite aos homens e mulheres que a observam com olhares curiosos e incrédulos: “Quem aqui gostaria de voltar a estudar?”

Mesmo após as incertezas iniciais, os professores Marco André (Silvio Guindane), Eliete (Thalita Carauta), Sônia (Hermila Guedes) e o diretor Jaci decidem acolher a ideia de Lúcia. Ainda que não tenham claro o efeito que a chegada do novo grupo pode provocar na vida dos poucos estudantes já matriculados – Walace (Elzio Vieira), Expedita (Vilma Melo), Seu Gilsinho (Moacyr Franco), Anuiá (Adanilo), Jackson (Ariclenes Barroso), Antonia (Jennifer Dias), Jociane (Fabiana Pimenta), Chico (Dinho Lima Flor) e Vander (Rui Ricardo Diaz) -, os professores estão decididos a seguir em frente.

Juntos, eles se posicionam para distribuir os uniformes e dar as boas-vindas aos novos alunos deste ano: Hélio (Angelo Antonio), Valdinei (Pedro Wagner), Néia (Rejane Faria), Leandro (Tamirys O'Hanna), Palito (Gustavo Luz), Sandro (Flávio Bauraqui), Dona Carmem (Nena Inoue) e Evelyn (Nataly Rocha). Para os novos personagens de ‘Segunda Chamada’, que representam o universo à beira da estrada, a missão é mostrar o que há por trás dessas escolhas e realidades pouco conhecidas. Longe de se colocarem em papeis de vítimas, os alunos em situação de rua apresentam seu lado mais humano e sua garra para sobreviver e mudar de vida.

ENTREVISTA DEBORA BLOCH

A Lúcia chega nesta segunda temporada com alguns conflitos internos resolvidos, mas com novos desafios profissionais. Qual é a sua percepção da professora nesta segunda temporada?

  • Nessa segunda temporada, o grande problema da escola é a falta de alunos e o risco de ser fechada por causa disso. Lucia vai estar empenhada em trazer alunos para a escola e assim impedir o fechamento. Ela vai trazer pessoas em situação de rua e se envolver com esses alunos e suas questões.

Na sua opinião, qual é a principal mensagem desta nova fase de Segunda Chamada e o que o público pode esperar da série?

  • A série é sobre educação, mas principalmente sobre pessoas que não tiveram acesso a ela. O público vai entrar em contato com personagens que são invisíveis na nossa sociedade e que a gente não costuma ver retratados na TV.

Como é voltar ao set e dar continuidade à história de Segunda Chamada?

  • Depois de um ano de confinamento, voltar ao set foi um alívio e um alento. Com toda a dificuldade que é gravar na pandemia, poder voltar ao nosso trabalho foi muito bom. Foi uma alegria.

Segunda Chamada: Lucia ( Debora Bloch )
Segunda Chamada: Lucia ( Debora Bloch ). (Mauricio Fidalgo / TV Globo)

Como foi a sua preparação para voltar a viver a professora Lúcia nesta nova fase?

  • Tivemos muitas leituras e ensaios, mas a novidade foi a pesquisa e os encontros para conhecer a realidade da população em situação de rua. Tivemos palestras com pessoas que trabalham com essa população e também conversas com algumas pessoas que vivem nas estradas. Aprendi muito com esse processo, e acho que fui transformada por ele.

Segunda Chamada ficou conhecida por tratar de diversas questões sociais, além da problemática do ensino noturno para jovens e adultos. Agora, uma nova realidade vem à tona com a chegada dos alunos em situação de rua. Como você avalia a forma como esse debate é abordado na série?

  • Fizemos um trabalho bastante realista. A série trata do assunto sem preconceito ou julgamento, que é como acredito que deve ser tratado. Essas pessoas se tornam invisíveis para a sociedade, são desumanizadas e isso precisa ser mudado. Aprendi muito fazendo essa temporada e lidando com esse assunto. E espero, do fundo do meu coração, que as pessoas em situação de rua se sintam representadas.

*Com informações da TV Globo

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