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Série 'A Casa das Flores' volta como filme e traz casal gay como pais

Série 'A Casa das Flores' volta como filme e traz casal gay como pais

Dario Yazbek Bernal diz que Julián e Diego têm conflitos como qualquer casal

Publicado em 22 de junho de 2021 às 17:18

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Dario Yazbek Bernal em cena do filme
Dario Yazbek Bernal em cena do filme "A Casa das Flores". (Javier Avila/Netflix)

Com humor mordaz e uma trama que satiriza os estereótipos da alta sociedade mexicana explorados à exaustão nas telenovelas, "A Casa das Flores" conquistou uma legião de fãs ao longo das três temporadas que teve na Netflix entre 2018 e 2020. Apesar de não ter sido renovada, a série ganhou sobrevida com um filme homônimo que estreia na plataforma de streaming nesta quarta-feira (23).

A trama é uma continuação direta da série, quase como um episódio estendido que poderia ter sido uma quarta temporada. Nela, os irmãos de la Mora Paulina (Cecilia Suárez), Elena (Aislinn Derbez) e Julián (Dario Yazbek Bernal) tentam invadir a antiga mansão da família para recuperar possíveis provas que incriminam um desafeto da família.

"Eu estava com muitas saudades do Julián", diz Bernal em entrevista exclusiva à reporgem. "Principalmente pelo carinho que as pessoas têm com ele e pela liberdade do personagem. Isso é algo que sempre nos faz falta."

O ator mexicano conta que soube da gravação do filme em meados de 2020. "Fico meio confuso com as datas por causa da pandemia, mas deve ter sido em agosto", conta. "Foi uma surpresa. Não fazia ideia quando o Manolo [Caro, criador da série] me ligou perguntando se eu queria participar."

"Respondi que sim sem pensar. Fiquei muito emocionado. Além de voltar aos cenários da série, foi o meu primeiro projeto desde que a pandemia começou. Tinha o frescor de não estar filmando há bastante tempo, mas também a emoção de estar em família, porque nós já nos conhecemos e sabíamos o que fazer. Foi quase uma reunião familiar."

Meio-irmão do também ator Gael García-Bernal, Bernal diz que sua família cresceu por causa da série. "Sinto como se Cecilia e Aislinn fossem minhas irmãs mais velhas. A nossa ligação transcendeu a série. A gente se escreve sempre e nos falamos o tempo todo. Estamos sempre sabendo da vida um do outro."

Ele diz que o próprio Manolo Caro faz parte desse clã. "É muito lindo ter essa conexão com as pessoas com quem você dividiu tantos momentos e com quem você descobriu tantas coisas", avalia. "Eu me sinto protegido de ter encontrado isso nessa produção."

O ator conta que quase não houve diferenças entre as gravações da série e do filme. "Os dois têm uma estética já muito estabelecida", lembra. "Tudo fluiu muito fácil, porque já conhecíamos o tom e como seria filmado. A única diferença foi que, por causa da pandemia, teve que ser tudo muito mais rápido."

Perguntado sobre o que explica o interesse do público pela família de la Mora, ele diz que é uma questão de afinidade. "É engraçado ver que as nossas próprias famílias não são as únicas loucas", explica. "Têm famílias que são piores. Não é só aquela prima maluca que é assim, tem gente doida em todo lugar."

Ao longo da série, o personagem dele e o marido, Diego (Juan Pablo Medina), ganharam uma grande torcida nas redes sociais para permanecerem juntos. No final da terceira temporada, eles tiveram um filho com a ajuda de Elena, então havia curiosidade para saber como o casal estaria agora, o que é respondido pelo filme.

"Como todo casal, eles têm momentos bons e ruins", diz Bernal. "No filme, eles têm bastante conflito. Mas, se um casal não tiver conflitos, me contem a fórmula para eu poder patentear", diz ele, aos risos. "Essa coisa de ter filhos é muito difícil para os casais. Tem que saber quando dar atenção ao filho e quando dar atenção ao cônjuge. Vamos ver Julián muito dedicado ao bebê."

"Ele vira um pouco papai-helicóptero, como dizem os gringos", explica. "Quer controlar tudo o tempo todo. Nesse sentido, veremos um Julián muito diferente de antes, quando era desprendido até demais", diz o ator, que pode ser visto em "Nova Ordem", filme que abriu a 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo no ano passado.

Dario Yazbek Bernal diz que foi muito fácil criar a forte ligação mostrada em cena pelo casal. "Manolo foi muito inteligente, porque colocou para gravarmos bem no comecinho da série a famosa cena do trio", diz o ator, ao recordar uma sequência em que ambos aparecem dividindo a cama com um terceiro rapaz.

"Isso agilizou muito a nossa conexão. De uma hora para a outra, já estávamos os dois atores pelados passeando na frente da câmera. Se isso não criasse confiança entre nós, não sei o que faria (risos)."

O filme tem menos cenas de sexo que a série, na qual a nudez de Bernal era bastante explorada. Ele conta que, apesar da naturalidade com que era visto sem roupa em cena, não era tranquilo gravar as sequências. "Sempre digo que essas cenas são as mais difíceis de todas", afirma.

"É muito esquisito de gravar, tem uma coreografia, quase uma dança, e você tem que fingir que está apaixonado e se divertindo muito, mas de repente dizem 'corta'. Quando você se vira a equipe está toda entediada (risos)."

"São cenas muito técnicas", continua. "Faz com que sejam muito complicadas de rodar e tomam muito tempo. Porém, sempre foram feitas com muita profissionalidade e com muita entrega por parte de todos os envolvidos, o que torna o trabalho um pouco mais fácil."

O ator Dario Yazbek Bernal
O ator Dario Yazbek Bernal. (Instagram/dario)

O resultado, no entanto, foi bom. Tanto que o ator diz receber muitas mensagens de apoio da comunidade LGBTQIA+. "Eu me sinto muito honrado de poder dar voz e de apoiar a todos", afirma. "Penso que a série ajudou e deixou uma marca importante na sociedade. Vejo isso no México e em muitos lugares de onde recebo mensagens."

"As pessoas dizem que, graças ao meu personagem, conseguiram falar com as famílias, ou que os parentes puderam ver de um ponto de vista mais próximo do que é, ou seja, apenas uma pessoa que quer amor."

Bernal conta que, para ele, esse sempre será o principal legado desse projeto para ele. "O maior prazer desse trabalho foi falar sobre esse tema com as pessoas e, com isso, da minha perspectiva, dar força para os que precisarem."

"Às vezes, nós nos sentimos muito sozinhos e achamos que somos diferentes. Ter essa proximidade com alguém que nos faz sentir que não somos diferentes, mas apenas nós mesmos, tem um valor muito importante."

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