O documentário em quatro episódios "Punk", que chegou há pouco na Globoplay, tem uma pancada de atrações legais. Para começar, tem como produtor executivo Iggy Pop, também conhecido como o pai do punk. Isso adiciona uma aura de veracidade importante à série, especialmente por se tratar de uma cultura tão preocupada com quem é "real" e quem é punk de butique.
Além da garantia de que a história vai ser contada pelo ponto de vista de quem a viveu, ter um integrante do movimento desse porte na produção facilita muito na hora de convidar entrevistados. Assim, veremos desfilar quase todos os grandes punks ainda vivos, sentados em esgarçados sofás de couro colorido no meio de galpões escuros cuidadosamente iluminados.
Seguindo uma ordem cronológica básica, os episódios se dividem também em momentos diferentes. O primeiro é sobre o nascimento do punk na América, entre o fim dos anos 1960 e meados dos 1970. Wayne Kramer (MC5), Marky Ramone (Ramones), Debbie Harry e Chris Stein (Blondie) são alguns dos convidados desse primeiro bloco. Alguns jornalistas também aparecem.
O próprio Iggy dá o start, contando um pouco de sua vida de adolescente e do lançamento do primeiro álbum de sua banda, "The Stooges", em 1969. Ele fala de momentos históricos, como por que passou a pular em cima do público, algo que se tornaria comum nos anos seguintes.
O documentário vai além do gênero e trata o punk como movimento cultural, ao mostrar muita coisa que gravitava em torno da música, como fanzines, moda e o modo de viver "do it yourself", ou faça você mesmo, grande gatilho para que jovens que não sabiam tocar ganhassem coragem para encarar os palcos e o público.
Na segunda parte, vemos a explosão do movimento no Reino Unido, a partir de 1976. A maior atração aqui é John Lydon, o ex-Johnny Rotten dos Sex Pistols, inacreditavelmente gordo. Sua entrevista desbocada é a mais divertida e surpreendente da série.
Outra atração é Terry Chimes, baterista que tocou no Clash até o primeiro disco. Os entrevistados não aparecem só nos episódios que tratam deles e sempre voltam para comentar músicas ou atitudes dos colegas.
A terceira parte volta aos Estados Unidos nos anos 1980 para a segunda onda punk e sua transformação em hardcore, um gênero bem mais pesado e que trazia uma gritaria gutural em vez de melodias cantaroláveis.
Integrantes do Dead Kennedys, Black Flag e Bad Religion, entre outros, falam a respeito dessa transição e do que ela significou em parte -o aumento de violência nos shows e o afastamento das mulheres do movimento.
Por fim, o episódio final tem como tema a popularização do punk nos anos 1990, com bandas como Linkin Park e Green Day vendendo acima de 10 milhões de discos. Nirvana e outras inspirações passam pelo registro, além de músicos que foram punks, mas que acabaram tocando em outro tipo de banda, como Flea, do Red Hot Chilli Peppers, e Duff McKagan, do Guns'N'Roses.
Com muita música boa rolando na vitrola, a série é uma baita lição de história. Depois de assistir a esse documentário, qualquer um consegue gabaritar as questões sobre a cultura punk, quando elas caírem no Enem.
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