Quem assiste a "Em Nome de Deus", documentário original do Globoplay que fala da vida de João de Deus, vê a história e polêmicas por trás da fama do médium denunciado por centenas de mulheres que o acusam de estupro. Mas vê, também, nos episódios 4 e 5, cenas que revelam cerca de 13 mil pessoas que buscaram seus trabalhos espirituais em 8 e 9 de janeiro de 1996 em Colatina, Noroeste do Espírito Santo.
Preso desde o fim de 2018 e sentenciado a 40 anos de reclusão em regime fechado por ter estuprado cinco mulheres durante atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), João de Deus ainda mantinha uma casa espírita em Porto de Cariacica, bairro de Cariacica, até a época em que foi alvo das primeiras denúncias, como noticiado por A GAZETA. No local, o médium não dava as caras desde 2013, ano em que passou três dias atendendo no espaço capixaba.
Em março deste ano, o espírita foi liberado da cadeia para cumprir a pena em prisão domiciliar por fazer parte do grupo de risco da contaminação pelo novo coronavírus. O médium condenado tem 78 anos de idade.
Nas imagens de Colatina, cedidas à produção pela TV Gazeta, afiliada da TV Globo no Espírito Santo, é possível ver filas de fieis aguardando atendimento e comprando itens que o médium anunciava como um preparado fluidificado feito à base de ervas importadas da Índia. O "remédio" espiritual, na ocasião, era comercializado por R$ 3 cada frasco e prometia complementar o tratamento de cura.
A reportagem completa de que foram retirados os trechos que passam na série do Globoplay ainda revelam algumas pessoas que foram buscar atendimento com João de Deus, em Colatina - incluindo cenas de cirurgias espirituais. O policial Ademir da Silva aparece com um homem em uma cadeira de rodas na gravação e diz: "Vim trazer ele para ver se ele fica bom. Diz que o homem cura mesmo, então vim aqui. Ele está com muita fé que vai ser curado e sairá da cadeira".
No dia seguinte à primeira entrevista, cedida pela TV Gazeta, afiliada da TV Globo no Espírito Santo, o mesmo agente reclamou: "(João de Deus) é um tremendo farsante. O povo vem aleijado e volta mais aleijado ainda". A razão pela mudança de opinião não foi explicada pelo homem que buscou a cura com o médium.
E, já naquela época, a cura supostamente prometida não era a única coisa que era questionada. A água fluidificada e ervas importadas da Índia por João de Deus, vendidas pela equipe do médium, já eram alvo de críticas. Na ocasião, cada frasco de um preparado espírita era vendido por R$ 3. "Já fui atendida e vou tomar os remédios. Minha mãe vai tomar, né?", disse uma mulher que havia passado pelos trabalhos de João de Deus no local.
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