Reinaugurado em 2020, após a primeira etapa de restauração, o Sítio Histórico de Queimado, na Serra, ganhará ainda em 2021 uma segunda fase de obras, agora com caráter urbanístico e projetando o potencial turístico da região.
Em entrevista ao "Divirta-se", o secretário de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer do município, Thiago Carreiro (que também é vice-prefeito), adiantou que a obra está orçada em R$ 3.716.653,12, com verba cedida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Estão previstas sinalização, iluminação, instalação de banheiros, implementação de placas turísticas informativas e melhorias no entorno, como nas estradas que dão acesso ao local.
"Queremos construir um espaço para recepcionar o turista, pensando na acessibilidade para pessoas com necessidades especiais. Além disso, haverá uma revitalização em torno do cemitério, localizado próximo às ruínas da Igreja de São José de Queimado", adianta o gestor.
Carreiro explica que o projeto precisou passar pelo crivo do Conselho Estadual de Cultura (por tratar-se de patrimônio histórico do Estado) e do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Também houve a necessidade de aprovação da Caixa Econômica Federal, responsável pelo repasse da verba ministerial.
"Tínhamos até março para aprovar o projeto e conseguimos. Estamos aptos a lançar o processo de licitação, que contratará a empresa responsável pela obra. O edital deve ser publicado em outubro. Nossa expectativa é entregar a construção no início do segundo semestre de 2022", aponta.
O secretário adianta que as novas obras do Sítio Histórico de Queimado reforçam o caráter educacional do espaço. "Há planos de fazer parceria com escolas da Serra para a criação de um Centro de Educação Patrimonial, que ficará responsável para explicar a história do local e a importância da Insurreição de Queimado aos nossos alunos".
Entre os projetos a serem aplicados no local, também está a intensa participação de instituições culturais importantes da Serra, como o Fórum Chico Prego e os Guardiões do Queimado, que devem ficar responsáveis por fazer a apresentação do local para os turistas e visitantes das ruínas.
Iniciado em 2019, o primeiro processo de recuperação da igreja de São José do Queimado durou cerca de um ano e envolveu desde trabalhos arqueológicos até reconstruções completas de estruturas da construção do século XIX.
O custo foi de R$ 1,3 milhão, investidos por uma parceria da Prefeitura da Serra (PMS) com o Sindicato do Comércio Atacadistas e Distribuidor do Espírito Santo (Sincades). Outro R$ 1,5 milhão veio do Executivo municipal, para que energia elétrica e postes de iluminação chegassem até o local em que ficam as ruínas.
Com os trabalhos de restauro, a construção agora apresenta a estrutura do que foi a igreja no passado e se torna uma espécie de museu a céu aberto. A estrutura também conta com um mirante no segundo pavimento.
As ruínas, que ao longo dos anos perderam algumas paredes e sua torre principal, receberam uma estrutura metálica para dar suporte às paredes que ainda permanecem em pé, em projeto coordenado pelo Instituto Modus Vivendi.
Resgatando a História do Espírito Santo, o local foi palco da Revolta do Queimado, ocorrida em 1849. O movimento eclodiu depois que negros escravizados não receberem a alforria prometida como compensação pelo trabalho de construção da Igreja de São José do Queimado. Entre outros combatentes, estavam Elisiário Rangel, Chico Prego e João da Viúva, considerados protagonistas do movimento e símbolos da cultura capixaba.
Eles lideraram um grande levante reprimido após a chegada de reforços militares vindos do Rio de Janeiro. Após o fim da revolta, cinco negros foram condenados à morte, entre os quais se incluem os principais líderes do movimento. Apenas um deles, Elisário, conseguiu fugir, desaparecendo no Morro do Mestre Álvaro.
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