A esperada reforma do Teatro Carlos Gomes, no Centro de Vitória, ganha mais um capítulo. Nesta segunda-feira (19), a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) apresentou resultados da visita técnica para elaboração do projeto arquitetônico de restauro do prédio de 93 anos.
Segundo o secretário de Estado da Cultura, Fabrício Noronha, o projeto de restauro do Teatro Carlos Gomes tem caminhado muito bem. A visita técnica foi uma etapa importante desse processo, envolvendo o Conselho Estadual de Cultura e a Prefeitura de Vitória.
"Ficamos todos muito entusiasmados diante do estêncil descoberto pelas prospecções. É a nossa história ali, sendo revelada em suas cores e formas. Todo capixaba merece ter essa experiência com o teatro reaberto e algumas dessas descobertas expostas, afirma Fabrício Noronha.
De acordo com a Secult, a elaboração do projeto de restauro e a modernização do Teatro Carlos Gomes foram pactuadas em junho de 2020, com a assinatura da Ordem de Serviço entre o Governo do Estado, por meio do DER-ES, e a Arquistudio Arquitetura e Urbanismo. A empresa tem até fevereiro de 2021 para apresentar a elaboração do projeto arquitetônico.
As outras etapas que dizem respeito a projetos de iluminação, acessibilidade, cenotécnica e modernização serão divulgadas nos próximos meses. Após a conclusão do projeto, será aberta outra licitação, desta vez para escolher a empresa que vai executar as obras de reforma.
Ainda não há prazo para a reinauguração nem valor total do restauro. De acordo com a Secretaria de Cultura do Estado (Secult), somente após a aprovação do projeto será possível obter uma previsão mais exata do custo as obras. O dinheiro investido na iniciativa sairá do orçamento anual destinado à pasta.
Na visita técnica realizada na última semana, foram feitas prospecções em diversas áreas espalhadas pelo teatro, sendo identificadas durante o processo até 12 camadas de tinta. A visita foi realizada por membros da Secult, do Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), da Prefeitura de Vitória (PMV), da Câmara Técnica de Patrimônio Arquitetônico, Bens Móveis e do Acervo do Conselho Estadual da Cultura (CEC), a Arquistudio Arquitetura e Urbanismo, empresa responsável pela elaboração do projeto técnico.
As prospecções foram feitas por meio de pesquisas históricas, análises arquitetônicas e investigações em fotografias antigas cedidas pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES). O que foi descoberto mostra que em vários pontos do teatro, como paredes, colunas e fachada, existem camadas de tinta que registram todas as épocas que o Theatro Carlos Gomes já percorreu.
Grande parte das pinturas encontradas nas prospecções do teatro era feita com uma técnica chamada de estêncil, usando um molde vazado para a aplicação de um desenho de forma repetida. Em Vitória, a técnica foi muito usada no final do século 19, feita por artesãos em sua maioria imigrantes italianos.
Poucas pinturas permaneceram até o século 20, sendo encobertas por novas camadas de tinta. Algumas edificações históricas presentes na Cidade de Vitória conservam nas suas paredes as pinturas com estêncil: a Capela de Santa Luzia, a Casa Porto das Artes Plásticas, o prédio da Fafi e também o Hotel Magestic.
A suposição de que estas pinturas com estêncil também estariam presentes nas paredes do teatro se deu durante busca por informações encontradas em fotografias datadas de 1928, época em que o teatro foi recém-inaugurado. Elas foram fundamentais para confirmar que existiam pinturas que circulavam por toda a extensão do local.
Restaurar a integridade física de um local não é necessariamente retornar ao aspecto original, uma vez que todas as alterações feitas ao longo dos anos também são importantes para a construção da história. Por isso, as decisões sobre o retorno ou não da configuração original das pinturas e revestimentos do Teatro Carlos Gomes dependem de estudos técnicos mais aprofundados e também de diálogos entre a Gerência de Memória e Patrimônio da Secult, dos Conselheiros Estaduais da Cultura e dos responsáveis pela restauração.
*Com informações da Secult
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