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'Tentando me parecer com Jesus', diz Priscilla Alcântara sobre postura opinativa

"Tentando me parecer com Jesus", diz Priscilla Alcântara sobre postura opinativa

Cantora gospel, que ficou famosa como apresentadora infantil do SBT, prepara novo álbum e comenta posicionamentos polêmicos em torno de religião, feminismo e homofobia

Publicado em 22 de agosto de 2020 às 14:00

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A artista Priscilla Alcântara
A artista Priscilla Alcântara. (Reprodução/Instagram @blessedalcantara)

Priscilla Alcântara está longe de ficar parada mesmo em meio à quarentena imposta pelo surto da Covid-19. Ela aproveitou músicas e gravações que já estavam prontas para trabalhar com o lançamento desses materiais enquanto se protege do coronavírus, mas sem deixar os planos só para o futuro. A atual cantora gospel, que fez fama como apresentadora infantil do SBT ao lado de Yudi Tamashiro, já está produzindo conteúdo que culminará em seu novo álbum para o momento pós-pandemia.

"Posso adiantar que meu novo álbum está em fase de finalização e ele é a consumação de tudo o que eu construí até hoje artisticamente e, também, em relação aos meus princípios e valores", diz, em entrevista ao Divirta-se.

Além da produção que vai entreter os fãs, possivelmente, depois do isolamento, Priscilla acaba de lançar o terceiro bloco do projeto ASU. Trata-se de "Me Refez", "Liberdade" e "Tanto Faz", canções que a cantora interpreta com sua voz densa - e vibrato bem marcado -, que lhe é característica.

Mas nenhum desses outros hits conseguem bater "Girassol" (2020), sua parceria musical com Whindersson Nunes. Só no Spotify, a canção que fala de "ser luz" e "ser justo e paciente como era Jesus" tem mais de 39,9 milhões de plays - a mais ouvida da artista, que beira os dois milhões de ouvintes regulares por mês.

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Sou eu tentando fazer o que Jesus fez. Sou eu tentando me parecer com Jesus

Priscilla Alcântara
Cantora
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Além da representatividade na música, a artista também levanta polêmica com opiniões públicas, como fez recentemente com o caso da menina de 10 anos de idade que ficou grávida após recorrentes estupros do próprio tio em São Mateus, no Espírito Santo. Na ocasião, ela disse que o fanatismo religioso mata. E essa não foi a única vez que Priscilla causou "espanto".

Frequentemente a cantora se posiciona favorável à liberdade de gênero e manifesta apoio à comunidade LGBT+ - outra característica que não é das mais comuns para quem comunga da vida pública cristã ativa. "Acho que a dissociação entre evangelho e justiça social não é cabível, uma vez que entendemos que Jesus foi a pessoa que sempre se atentou para os membros da sociedade mais vulneráveis. Para os que não eram ouvidos, para os que eram minoria...", justifica.

Durante o bate-papo com a reportagem, a cantora também falou da relação com o ex-colega de Bom Dia & Cia, no SBT, Yudi Tamashiro, e novos projetos para a carreira.

Mesmo em meio à pandemia você tem tido uma rotina de lançamentos ativa. Como tem sido esse retorno?

  • Tem sido um período muito diferente. Fiquei aliviada por já ter na manga o DVD. Estava pronto, e eu poderia trabalhar em um período difícil de produzir coisa inédita. Finalizamos esse DVD ano passado e trouxemos o lançamento para o período de seca (risos). E é muito especial para os fãs, para matarem a saudade do ao vivo, que é também o que estou sentindo falta. Então o público está recebendo superbem e temos que aprender a nos adaptarmos, nos alegrarmos com o que temos.

Recentemente, falou que há a versão da Priscilla lúdica e versão mais atual, madura. Como avalia essa transição?

  • Tanto minha versão lúdica e racional, digamos, que é a mais madura talvez, são equilibradas. Essa transição foi sobre encontrar um equilíbrio entre as duas versões. Minha busca nos últimos meses tem sido essa e acho que consegui... Aliás, é interminável, não é? (Risos). A gente não chega a um ponto final nunca. Mas tenho buscado isso.

E tem um papel a cumprir, tendo essas duas versões?

  • O papel que quero cumprir é oferecer o melhor das minhas versões e fazer com que meu trabalho mostre o equilíbrio dessas duas versões.

Falando em papel a cumprir... Recentemente você gerou vários comentários positivos na web em torno de posicionamentos que manifestou sobre feminismo e homofobia. Sente que há um estigma em torno de temas assim, mais polêmicos, por você se declarar cristã e cantora gospel?

  • Acho que a dissociação entre evangelho e justiça social não é cabível, uma vez que entendemos que Jesus foi a pessoa que sempre se atentou para os membros mais vulneráveis de uma sociedade, ara os que não eram ouvidos, para aqueles que eram minoria. Então, sobre justiça social, é eu me posicionar sobre a defesa da dignidade do ser humano. Não é ideologia política. Sou eu tentando fazer o que Jesus fez, sou eu tentando me parecer com Jesus. Tudo o que eu sei sobre justiça, eu aprendi com Ele. Não foi com nenhuma ideologia, partidarismo, mas com a verdade pelo exemplo de Jesus. Eu o vi promover justiça.

Você também estrelou filme cristão na Netflix, Quando o Sol se Põe, neste ano. O que pode falar do trabalho?

  • O filme foi lançado neste ano na plataforma, mas o projeto é de quase seis anos. É muito surpreendente ver onde ele chegou. Quando o filme entrou e ficamos no Top 10 foi muito legal ver que mesmo um trabalho tecnicamente antigo ainda chamou a atenção da galera. Mas esse resultado me animou bastante para projetos futuros.

A artista Priscilla Alcântara
(Kevin Rodrigues)

Falando em câmeras... Não sente falta do estúdio? Não tem saudade da época do Bom Dia & Cia?

  • Não sinto falta da TV porque foram quase 10 anos nesse meio, e sempre fui de aproveitar muito meu tempo presente. Fui muito intensa, imersiva. A televisão foi a maior porta que já foi aberta na minha vida, mas meu maior sonho foi viver de música e já que estou vivendo isso. Não faria sentido me apegar a algo que vivi no passado. Ficou para trás e eu prefiro colocar meus sentimentos no que estou fazendo hoje.

Atualmente ao que tem se dedicado em meio à quarentena?

  • Tenho dedicado esse tempo à finalização do meu novo álbum. Quando a pandemia começou, eu quis começar o novo álbum do zero. Tive alguns insights e estou usando esse tempo para isso. Em breve, teremos novidade.

E, como cristã, acha que a sociedade vai sair melhor dessa experiência?

  • Acho que nem como cristã, é como ser humano mesmo. Acredito que todo ser humano tem capacidade de evoluir e reter o que é bom. Acredito, como ser humano, e como cristã ainda mais. Se eu pudesse dar uma dica, seria isso: se apegue a uma fonte de esperança inesgotável. Eu, durante minha jornada, só consegui encontrar uma (fonte), que é a pessoa de Jesus.

O Yudi, seu parceiro de SBT, também se converteu e ficou bastante ativo nas opiniões religiosas. Vocês não pensaram em uma nova fase artística em conjunto?

  • Yudi é um irmão muito querido. Virou família pelo tempo que vivemos juntos. Me sinto feliz por tudo o que ele vive na vida dele e já colaboramos artisticamente depois disso. Ele já coreografou clipe meu. Foi muito legal voltar a trabalhar com ele, mas cada um no seu nicho. Ele na dança e eu na música, onde cada um começou a carreira.

E o que pode adiantar para os fãs sobre projetos na carreira?

  • Posso adiantar que meu próximo álbum já está em fase de finalização. Ele é a consumação de tudo o que construí até hoje artisticamente e também em relação aos meus princípios e valores. Toda a construção que fiz do início da jornada até hoje culmina nesse projeto. O pessoal vai entender porque esse próximo projeto é o que ele é, mas eu não posso dar muito spoiler (risos). Então estou muito animada, muita coisa visual, quero muito clipe e alguns outros projetos paralelos também estão sendo desenvolvidos e, em breve, todos vão saber.

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