Lançada em 2007, The Umbrella Academy, de Gerard Way (ex-vocalista do My Chemical Romance) e do brasileiro Gabriel Bá, foi um sopro de originalidade no mundo dos quadrinhos de heróis. A história dos sete irmãos nascidos no mesmo dia de mães que nem sequer estavam grávidas (como aconteceu com outras 36 ao redor do mundo) tinha ritmo pop até o talo e situações estranhas que temperavam tudo com um toque de bizarrice.
The Umbrella Academy, a série, chega sexta-feira (15) à Netflix com uma pegada suavizada em relação aos quadrinhos. Primeiro porque seria realmente difícil levar para as telas muito do que Way e Bá imaginaram para as páginas, mas também porque a trama original poderia não cair muito bem para o público acostumado à fórmula Netflix.
Em 10 episódios (nove foram disponibilizados para a imprensa e devidamente conferidos pela reportagem), a série acompanha os irmãos a partir da morte de Reginald Hargreeves (Colm Feore), o sujeito que os adotou com o intuito de salvar o mundo. A equipe da Umbrella Academy foi desfeita: um morreu, outro ficou preso no futuro, uma é estrela de cinema, outro é viciado em drogas, um combate o crime, outro se exilou na Lua e a última, que nunca teve poderes, escreveu um livro sobre todos os outros.
Após o enterro do pai, número 5 (Aidan Gallagher), o que estava no futuro, volta com a notícia de que o apocalipse acontecerá em três dias. Sua missão, claro, é evitar que isso aconteça.
SÉRIE VS. HQ
The Umbrella Academy, a série, tem ritmo mais lento que o material original. Assim, a narrativa ganha arcos mais definidos, com cada personagem tendo espaço de desenvolvimento uns mais e outros, menos.
Como as histórias originais são muito aceleradas, a série mistura elementos das duas primeiras revistas (A Suíte do Apocalipse e Dallas) para encher os 10 episódios da primeira temporada. Assim, os viajantes temporais Hazel e Cha-Cha, que só aparecem na segunda revista, se tornam uma interessante parte do primeiro arco sem parecer artificial. Em contrapartida, todo o desenvolvimento do antagonista é raso e previsível. É compreensível que tenham alterado o material original, estranho demais para a fórmula de TV, mas os personagens envolvidos mereciam mais carinho e criatividade.
PRODUÇÃO
Um ponto muito positivo é que, ao contrário das outras séries de heróis produzidas pela Netflix (as da parceria com a Marvel), The Umbrella Academy não parece barata. Os efeitos especiais, mesmo que não
sejam de outro mundo, funcionam bem alguns, como a simples presença de Pogo (o ajudante chimpanzé de Hargreeves) e o teletransporte do número 5 são ótimos. Da mesma forma, as cenas de lutas são bem coreografadas e montadas.
O que pesa contra a série é que, comparada ao material original, ela é pouco inventiva. Alguns diálogos são expositivos e outros somente desnecessários para cada boa sacada, existe uma cena em que Luther (Tom Hopper) tenta reafirmar sua liderança repetindo eu sou o líder ou outra em que os irmãos excluem Vanya (Ellen Page) do convívio por ela não ser especial.
A impressão que fica é que The Umbrella Academy deveria ter dois ou três episódios a menos e um ritmo mais acelerado e moderno. Ao fim, a série ameniza a pegada fantástica para ganhar maior abrangência, o que pode até causar a irritação dos fãs dos quadrinhos, mas torna a série mais fácil para o grande público. Não é revolucionário como o material original, mas é um bom produto pop.
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