Ser assessor de imprensa na área cultural vai além do luxo que pode transparecer, dos camarins e shows, como afirma o profissional da área Thiago Paleari. O também escritor estreante mostra a realidade do ofício no seu livro “Diário de um Assessor de Imprensa”, lançado no dia 19 de março. A obra traz relatos de suas experiências profissionais ao decorrer de quase dez anos de carreira, seguindo uma linha cronológica, a partir de 2012. O livro é vendido nos site da livraria Asabeça e na Amazon.
“Eu tinha desejo e duas páginas escritas. Aí veio a pandemia e fechou tudo. O setor cultural, em que eu estou inserido, praticamente parou. Então, eu decidi retomar esse sonho e foi uma forma de manter a minha saúde mental”, comenta o escritor sobre o desenvolvimento da obra.
Thiago acrescenta que também havia uma curiosidade de seus amigos de Bariri, cidade do interior de São Paulo em que viveu sua adolescência, sobre os bastidores da profissão, de como realmente é o dia-a-dia, o que também o impulsionou a escrever a obra.
Nas noventa e seis páginas, narradas em primeira pessoa, o leitor encontrará histórias que passam por bastidores da TV, de rádio e por aí vai. “Nesses quase dez anos de carreira, aconteceu muita coisa. Acompanhei a ascensão do funk paulistano, tomei calote de evento famoso, quase fui barrado na imigração irlandesa. Passei apuros com a banda NDK, no Rio de Janeiro. Em seis meses, fui três vezes para os Estados Unidos acompanhar o DJ Erick Jay em campeonatos, apresentações e workshops. E muito mais! “, detalha o autor sobre alguns dos eventos contidos na obra.
Em um dos relatos, o assessor conta ter vivido “um dia de ator”, como se chama o capítulo na obra. Na ocasião, Paleari estava acompanhando o seu cliente, o músico e skatista Felipe Augusto Prado Emenekwum, mais conhecido como FLIP, na gravação de um curta-metragem, em uma comunidade de São Paulo.
Em certa cena, havia uma batalha de rap na qual a assistente da direção comentou estar faltando figurantes, convidando Thiago para integrá-la. O assessor aceitou participar, vivendo assim uma experiência incomum, com toques cômicos.
"A gente tá ali para contribuir, então, muitas das vezes, ainda mais quando você tá com um artista em ascensão, o assessor não pode ser só assessor, porque ainda tem umas arestas ali, então é preciso, às vezes, ser produtor, ser um amigo, fazer outros papéis, para deixar o cliente confortável", reflete sobre o ocorrido.
Além de FLIP, os personagens das vivências do livro recheado de fotografias vão de Renato Aragão a Gabriel, o Pensador, de acordo com o autor. “Durante esta trajetória, tive o privilégio de atender, acompanhar entrevistas, dividir camarim ou esbarrar com nomes como: Nasi (Ira!), Mano Brown, MV Bill, Thammy Miranda, Citizen Cope”, afirma Thiago.
Paleari garante que os leitores podem esperar muitas histórias divertidas, inusitadas e leves. O agora escritor ainda pontua: “Procuro no meu livro humanizar a profissão, porque ela tem esse esteriótipo: ‘você trabalha com artista, você vive no glamour, em camarim’. Lógico, tudo é apresentado sobre a minha ótica, não posso falar por outros profissionais, mas é uma profissão cheia de altos e baixos. Inclusive, no começo, eu pensava em colocar o título como 'Do lixo ao luxo', só que achei muito clichê, mas é mais ou menos essa a experiência que a gente vive”.
Vale destacar, que para contar as histórias o assessor buscou a aprovação dos seus assessorados diretamente envolvidos, além de ter usado o livro como uma nova forma de promover os seus clientes, para além das redes sociais, jornais e outras plataformas. “Seria muito contraditório eu expor eles de uma maneira pejorativa”, pondera. Dessa maneira, ele conta que os fãs de um artista presente na obra que adquiriram a obra podem se interessar por outros citados.
A obra ainda tem um lado informativo. Paleari diz ter se preocupado para que profissionais além da comunicação, possam ler e absorver o conteúdo, mas destaca que, para os comunicadores, o livro pode ser fonte de muito aprendizado: “É o que a faculdade não ensina, né. É o dia-a-dia. Lembro quando estava na graduação, você vai simular algum processo, você não tem recursos, profissionais e mão-de-obra limitados. Então, no dia-a-dia, quando você tem que priorizar algo, improvisar outra coisa, é aí que você amadurece como profissional”, explica.
Mesmo com a obra recheada de vivências, ela ainda pode ganhar novos capítulos, já que Thiago pensa em dar uma sequência ao título: “Esse livro, meio que sem querer querendo, dá margem para uma continuação, porque eu termino ele falando de um trabalho que eu fiz e daí estou em Bariri, esperando a quarentena acabar para viver mais histórias", adianta.
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