O isolamento social, por conta da Covid-19, vem adiantando um processo que, teoricamente, parecia inevitável. Com as pessoas mais em casa, vemos a migração de uma fatia de público - especialmente os mais jovens - das TVs convencionais para os canais e aplicativos da internet, até quando o assunto é transmissão ao vivo.
Como exemplo desta nova tendência, podemos citar o Facebook Watch, que se destaca por noticiários (incluindo a atração esportiva "Isolou", de A Gazeta), e exibições de jogos de basquete e futebol, além de servir de plataforma para gamers, que fazem lives com total interatividade junto a seu fiel público.
Outro sucesso nesta seara é a Twitch, plataforma da Amazon que, inicialmente, começou se destacando como espaço para gamers, mas, recentemente, amplia seu leque para canais com transmissões de programas de música e de esportes. Tudo com 24 horas de programação e atrações multiculturais, para todos os gêneros e gostos.
A Twitch não comenta dados sobre canais específicos, mas a recepção das transmissões ao vivo tem sido positiva desde o início da pandemia. Em média, mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo sintonizam a plataforma - que também está disponível em aplicativos para celular e smart TVs - instantaneamente. Além disso, houve um aumento de 309% no número de telespectadores de conteúdo relacionado à música, a nova aposta da multinacional para países como o Brasil.
O aumento nos índices pode ser explicado pelos dados de uma pesquisa realizada recentemente pela divisão de mídia da Nielsen Brasil, em parceria com a Toluna. O levantamento afirmou que plataformas de streaming são as preferidas para consumo de entretenimento entre pessoas com 24 a 35 anos (77,2%) e 16 a 23 anos (76,8%).
Com este panorama, caímos em um inevitável questionamento: é exagero dizer que canais como a Twitch e o Facebook Watch seriam o futuro das transmissões ao vivo? Se avaliarmos sobre o comportamento do público mais jovem, é uma forte tendência.
"Essa é a forma de consumo de mídia preferida entre essa fatia de espectadores. Muitos jovens estão deixando de consumir conteúdo na TV, rejeitando a mídia tradicional. A Twitch, por exemplo, se tornou um dos lugares onde os Millennials e a Geração Z se reúnem e encontram aqueles em quem confiam", afirma Wladimir Winter, diretor de Parcerias e Conteúdo da Twitch.
Para atrair o público, Winter também destaca a importância de produzir materiais exclusivos. "O canal do Criolo, por exemplo, é muito focado em cultura. Normalmente, cria Watch Parties (transmissões conjuntas) com seus seguidores para assistir documentários; o canal da Pitty tem variedade de conteúdo, incluindo programas em que toca músicas e fala com outros artistas; a LabFantasma (que conta com Emicida no cast) realiza talk shows e entrevistas. Marcelo D2 produziu um álbum inteiro para a Twitch, compondo novas músicas, produzindo beats e gravando vocais ao vivo", enumera.
O caso de D2 merece um capítulo à parte. Assim Tocam Meus Tambores, novo disco do artista, foi concebido entre julho e agosto no programa comandado por ele na plataforma. O rapper entrava ao vivo quase todos os dias mostrando o processo de concepção artística do projeto, do conceito à gravação, sempre interagindo com os fãs.
Com a pandemia, e a impossibilidade de apresentações ao vivo para o grande público, nomes como Kondzilla, Baiana System, Tropkillaz, Jaloo e Filipe Ret também apostaram nas transmissões ao vivo da Twitch. Recentemente, Pabllo Vittar estreou seu próprio canal na plataforma. O "PVTV", como ela chama, serviu de espaço para o lançamento de "111 Deluxe", nova versão do disco "111" lançado em março. Além disso, a cantora promete revelar o seu dia a dia para os fãs.
De acordo Wladimir Winter, o público procura uma programação diversificada nesta época de TVs digitais. As pessoas buscam por um outro tipo de conteúdo, que vão além das simples lives musicais. A Twitch, por exemplo, aposta na interação dentre artista e plateia, não importa se seja em transmissões de e-sports, maratonas de anime e shows de música. A comunidade que segue a plataforma é altamente engajada", complementa.
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