Umberto Mannarino é conhecido por oferecer diversas dicas sobre o Enem em seu canal no YouTube, onde possui 826 mil inscritos. O rapaz, que já transitou por diferentes áreas do conhecimento, incluindo química, psicologia, fotografia e até mesmo jornalismo, agora investe na literatura, tendo lançado sua primeira obra no final de janeiro.
"Das Cinzas de Onira" tem como protagonista Olívia, uma garotinha curiosa e esperta que acaba de perder a memória após um incêndio. A menina de cabelos vermelhos vai morar com os tios, Lucas e Felícia, após ficar órfã. Durante essa mudança, fará de tudo para descobrir o que seu passado esconde. Nos corredores do casarão com ar de assombrado de seus tios, Olívia encontra uma passagem para Onira, um lugar misterioso que pode trazer as respostas que busca ansiosamente, mas não sem fazê-la conhecer criaturas estranhas e histórias inimagináveis.
Com 255 páginas, a fantasia conta com ilustrações do desenhista Edras Gomes, dando vida à imaginação do autor e cativando a curiosidade do leitor.
A história de Olívia é contada através de um narrador que está ciente de tudo o que acontece e ainda brinca diretamente com seus leitores. Uma escolha estilística que Mannarino afirma ter feito pensando em trazer um tom leve ao livro. "Gosto muito desse narrador, porque ele entra na mente do personagem. Me inspirei em Alice no País das Maravilhas", comenta o autor.
O clássico do controverso Lewis Carroll foi inspiração para Mannarino também na composição da atmosfera de "Das Cinzas de Onira", onde existe um mundo paralelo, com personagens fantásticos e regras próprias, tal como a história da sonhadora Alice. Outras inspirações na literatura foram "Coraline", de Neil Gaiman, e "As Crônicas de Nárnia", série de C.S.Lewis. Já no cinema, as referências estão no aclamado "A Viagem de Chihiro", de Hayao Miazaki, e "O Labirinto do Fauno", de Guillermo del Toro.
Apesar de parecer infantil à primeira vista, pelo fato de a fantasia estar geralmente ligada a esse imaginário, o livro de Umberto apresenta reflexões e referências que só serão percebidas por leitores mais velhos, existem diferentes camadas de entendimento da obra. Um ponto determinante nessa construção está na forma como o autor desenvolve a personagem Olívia, uma criança, mas que tem comentários pertinentes e inquietantes em suas falas. Mannarino exemplifica esse tipo de personagem infantil ao citar Mafalda, criação do cartunista Quino, uma inspiração segundo o autor.
Umberto Mannarino é amante de fantasias e declarou ter começado a escrever sem a menor pretensão. No entanto, foi extremamente disciplinado na escrita de seu livro, não se permitindo passar nem um dia sem colocar palavras no papel. "Costumava colocar metas de palavras: até 2.000 por dia", relatou o autor. A primeira versão do livro foi escrita o mais rápido possível, "Li várias vezes e fui refinando", explicou.
Em seu processo de criação o autor buscou um norte no livro de Stephen King: "Sobre a Escrita", onde o mestre do terror fala sobre técnicas de escrita e compartilha memórias.
Sobre perspectivavas futuras no mundo da literatura, Mannarino deseja primeiramente que Das Cinzas de Onira se popularize, mas tem ideias de enriquecer o livro, fazendo uma continuação com algumas respostas sobre determinadas partes. O autor tem também um livro na gaveta, uma fantasia mais sombria.
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