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Vitória: vereador quer cortar verba do Carnaval e revolta agremiações

Vitória: vereador quer cortar verba do Carnaval e revolta agremiações

Agremiações postaram notas de repúdio às declarações do vereador Davi Esmael, que diz que investimento não dá retorno

Publicado em 31 de outubro de 2019 às 16:34

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Desfile no Sambão do Povo: escolas já estão fazendo festas para o Carnaval 2020. (Secundo Rezende)

O vereador de Vitória Davi Esmael causou polêmica nas redes sociais ao defender o fim do uso de dinheiro público no Carnaval da Capital e destacar que a Liga das escolas lucra com a festa. As agremiações se articularam e publicaram notas de repúdio às declarações do vereador.

Em seu Instagram, o parlamentar reclama do uso do dinheiro público para a realização dos desfiles. Segundo Davi Esmael, "a Prefeitura de Vitória enviou à Câmara de Vereadores o Orçamento de 2020 com previsão de investir, no mínimo, R$ 1,2 milhão no Carnaval. O valor pode dobrar com novos remanejamentos e o valor vai custear uma festa privada, da qual poucos aproveitam e todos pagam", publicou.

"A conta é bem simples: poucos pulam e todos pagam. E a Liga das Escolas de Samba lucra com a venda de fantasias, ingressos, camarotes e patrocínios. Aquilo que tenho defendido nos últimos anos, é o fim do uso de dinheiro público no carnaval e que ele seja custeado somente pela iniciativa privada", disse no vídeo publicado na rede social.

O vereador chegou a abrir uma enquete em uma de suas redes sociais para saber se os internautas concordam. Porém, muitas respostas já vieram no próprio post do vídeo.

"Você, ao invés de falar do CARNAVAL, podia era falar do seu salário e fazer uma reunião com seus colegas vereadores e dizer para não aceitar ganhar o seu salário porque vocês não fazem NADA, que tal???? E dá para EDUCAÇÃO, SAÚDE, já e um bom começo de começar a fazer alguma coisa", respondeu Eliz Kripel.

"Faz uma lei para diminuir seu salário, para que carros da Câmara de vereadores não sirvam as famílias, faça uma lei contra a intolerância, faça uma lei para que nenhuma criança fique sem creche. Essa lei já existe, então faça valer. Se não gosta de carnaval pega o seu salário mirabolante e vai para um local afastado, se acha que não é "coisa de Deus" não se preocupe com isso já que não participa então não peca, não é? É. Vai trabalhar", comentou Norma Fernandes.

ESCOLAS DE SAMBA

Além dos comentários no post de Davi, a publicação gerou revolta das escolas de samba capixabas que publicaram notas de repúdio. "Carnaval é investimento sim! É cultura popular e geração de renda", respondeu a Unidos de Jucutuquara, mostrando que o investimento é válido.

Em resposta ao uso da verba, que o vereador quer que vá para a saúde e educação, a escola de samba Andaraí diz que "este carnaval, que o mesmo tenta condenar, gerou aos cofres públicos o montante de R$ 13 milhões no último carnaval. Valor 10 vezes maior que o investido.

O valor de retorno em impostos foi reforçado nos discursos da Pega no Samba e da atual campeã do Carnaval de Vitória, a Independente de Boa Vista, que lembrou ainda os empregos gerados. "Mais de 40 mil empregos diretos e indiretos", diz a nota.

A Mocidade Unida da Glória foi além e convidou o vereador para conhecer os projetos sociais realizados pela escola. "Antes de mais nada, gostaríamos de convidar o vereador a conhecer nossa quadra, onde movimentamos um polo em área de risco socioambiental. Espaço em que damos oportunidades a crianças, jovens e adultos a viver em ambiente harmônico e não violento. Aqui em nossa Associação trabalhamos o ano inteiro promovendo eventos onde o objetivo maior é financiar parte do nosso desfile, temos uma comunidade beneficiada com essa movimentação".

A Independentes de São Torquato exigiu respeito: "Chega de colocar a CULTURA como supérfluo, marginalizada e denegrir a imagem de um povo que dedica sua vida ao CARNAVAL. Chega eu mereço respeito"

A Novo Império foi além e quis dar uma aula sobre o uso de dinheiro público. "Vamos explicar. Cada secretaria tem sua verba anual definida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias e não é possível remanejar de uma para a outra. Não é possível tirar dinheiro da Secretaria de Esportes para investir na Educação... Cada pasta tem a sua verba anual", diz a publicação.

"As Ligas não vendem fantasias; as escolas, sim! Estas são feitas por inúmeras mãos, de gente trabalhadora, muitas vezes de nossa própria comunidade. Para alguns, uma renda extra. Para outros, a oportunidade de ter seu trabalho remunerado, dentro da onda de desemprego que assola nosso país, e ter um final e início de ano dignos para sua família. Esse rico dinheirinho, vindo do meio formal ou informal, movimenta a economia local, aquece o comércio da região e fortalece gente. Nosso povo!", continuou a nota da Novo Império.

INICIATIVA PRIVADA JÁ INVESTE

O vereador, em sua postagem, tenta reforçar que não quer o fim da festa, mas que as escolas consigam se sustentar. "Minha cobrança é que a Liga das Escolas de Samba se profissionalize e busque recursos privados para custear a festa, e não dinheiro público", diz.

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Em janeiro deste ano, o prefeito de Vitória, Luciano Rezende, destacou que o Carnaval de Vitória já conta com parceria parceria público-privada. "Em anos anteriores, o município chegou a investir cerca de R$ 9 milhões no Carnaval. Estamos indo para pouco mais de R$ 2 milhões, que são recursos somente para as escolas terem condições de colocar o desfile na avenida. Todo o restante do desfile é gerido por uma cooperação público-privada, com a possibilidade de transformar o espetáculo e ampliá-lo. O Carnaval de Vitória é o terceiro mais importante do País e gera emprego, trabalho e renda, por meio do incremento ao turismo, como hotéis e restaurantes bem movimentados", disse o prefeito Luciano Rezende, em matéria publicada no site da prefeitura.

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