O Porto de Vitória se torna cenário de uma história repleta de mistérios no romance policial de estreia do escritor Carlos Antonio da Silva, “Mentiras Compulsivas”. A obra, lançada em janeiro de forma digital e em março no seu formato físico, parte do achado de um corpo de uma mulher através do procedimento de limpeza e desassoreamento do fundo do mar, conhecido como dragagem, processo que ocorreu na baía de Vitória até o ano de 2017.
“Eu passava muito pela Avenida Beira Mar, pelo Centro de Vitória ou indo para a Praia do Suá e via as dragas trabalhando e imaginei aquilo. Muita gente parava na calçada olhando o trabalho de longe e pensei: ‘E se a gente colocasse um crime ali, um corpo ensanguentado, sendo puxado do fundo do canal, com aquela lama toda’”, conta Silva.
Dessa maneira, o livro se desenvolve ao redor das buscas das forças policiais capixabas pelo autor de tal brutalidade, nas quais o grupo de investigação é liderado pelo personagem Alex Mattoso. O título entrega que o círculo de pessoas envolvidas mente e encobre os fatos que são a chave para a resolução do ocorrido.
“O enredo, de suspense e investigação, pretende provocar o intelecto do leitor, trazendo-o para dentro da trama, instigando-o a se situar também no cenário do crime, propondo, obviamente, suas próprias conclusões sobre os eventos”, explica Silva, afirmando que se trata de uma leitura leve, fluída e agradável.
Vale ressaltar, que embora a história seja puramente ficcional, os fundamentos dos processos de investigação descritos no título partem da própria vivência de Silva, delegado aposentado da Polícia Federal. Ele defende que, sob o ponto de vista legal, jurídico, policial e judiciário, a abordagem é feita baseada na realidade do Brasil atual.
Na ambientação do texto, além do porto, diversos locais da capital do Espírito Santo se fazem presentes. Áreas como a Praia de Camburi, Reta da Penha e o Morro do Romão também são descritas, tornando o livro mais interessante para os habitantes da cidade, que poderão visualizar mentalmente as áreas a partir do relato de Carlos Antonio.
Silva, que chegou a publicar crônicas em A Gazeta na década de noventa, conta que sempre trabalhou a cidade em seus escritos. Carlos, apesar de goiano, morou durante dez anos em Vitória, além de ter como esposa uma capixaba, natural de Cachoeiro de Itapemirim. “Eu adorava morar aí, conhecia tudo aí, conheço muito do Espírito Santo”, reflete.
Mas a narrativa em terceira pessoa de 220 páginas não se limita ao ES, outro Estado pelo qual a história passa é o Rio de Janeiro, local que o autor julga ser crucial para o desfecho da trama. O Estado do Cristo Redentor e do calçadão de Copacabana também foi um local de morada do autor em sua trajetória.
Tendo se relacionado com a literatura desde muito jovem, o autor, além das crônicas já citadas, produzia também poemas, iniciando o processo de escrita deste seu primeiro romance somente em 2017. “A crônica é o dia a dia né, você conta uma historinha ali, uma passagem, já o romance não, ele pede um pouco mais de enredo, cenas cenários, etc”, pontua sobre seu novo modo de produzir literatura.
No suspense, gênero escolhido para sua estreia nos romances, Silva cita alguns nomes de peso como referência, tais como: Raymond Chandler, George Simenon, Arthur Conan Doyle, Truman Capote, Dalton Trevisan, Rubem Fonseca e outros.
E a carreira de escritor vai bem. De acordo com Silva, seu livro teve uma boa recepção por parte dos leitores e agora ele se dedica à produção de uma segunda obra, que será publicada pela editora Viseu, do Paraná, a responsável pela edição de “Mentiras Compulsivas”.
“Essa nova obra também tem alguma coisa de suspense, mistério, mas não há homicídio. Estou querendo entrar um pouco no psicológico”, adianta, afirmando que o livro está quase finalizado, tendo previsão de publicação para o início de 2022.
A respeito da divulgação em meio a pandemia, o escritor conta que tem se empenhado no "boca-a-boca" e produzido conteúdo sobre sua obra publicada no Instagram @mentirascompulsivas .
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