Em obras de restauro desde o início de 2019, as centenárias ruínas da Igreja São José do Queimado, na Serra, finalmente serão reinauguradas em uma cerimônia marcada, inicialmente, para 19 de março.
A data foi anunciada pelo secretário de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer do município, Alessandre Motta, em entrevista ao DIVIRTA-SE para detalhar os planos da pasta, que contará com uma verba de cerca de R$ 2 milhões (somente para atividades culturais) em 2020.
"Contamos com o aporte financeiro de parceiros da iniciativa privada, o que foi essencial para uma obra orçada em R$ 1,3 milhões. A ideia é revitalizar o espaço, tentando preservá-lo do avanço da natureza, pois o local conta com muitas árvores e plantações rasteiras", aponta
Como já adiantado em reportagem de A GAZETA, publicada em setembro de 2019, o espaço será transformado em um museu ao ar livre, onde será possível conhecer os achados arqueológicos encontrados na região.
As ruínas, que ao longo dos anos perderam algumas paredes e a torre principal, vão receber uma estrutura metálica para dar suporte às paredes que ainda permanecem em pé. Também está sendo aplicado na estrutura um tipo de resina, que vai impedir o desgaste ocasionado pelo tempo.
A Igreja São José do Queimado - que conta com projeto de restauração do Instituto Modus Vivendi - será reinaugurada na semana em que se comemora a Insurreição do Queimado, um movimento que buscava a libertação dos escravos liderada por Chico Prego, João da Viúva e Eliziário Rangel, em março de 1849.
Alessandre Motta adianta que o órgão estuda uma parceria com escolas públicas da Serra no intuito de mostrar aos estudantes a importância da educação patrimonial. "Queremos fazer visitas monitoradas, evidenciado as potencialidades turísticas. Essas mudanças devem acontecer em maio". Ainda nas ruínas, estão previstas as construções de uma loja e de uma lanchonete.
Outra aposta da secretaria está na criação de um Plano Museológico para o Judith Leão Castello Ribeiro, localizado na Serra Sede. "Estamos fazendo uma reestruturação para o envio de uma carta de endosso ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Assim, poderemos receber grandes exposições e artefatos museológicos. Para isso, é necessário fazer uma reforma, principalmente na parte hidráulica. O projeto deve ficar pronto até o final do primeiro semestre", adianta, informado que o Judith Leão é um dos únicos museus do Estado aptos a receber o aporte financeiro do Iphan.
Inativa desde 2016, a Lei de incentivo cultural Chico Prego pode voltar em 2020. De acordo com Motta, um novo edital deve ser publicado até setembro.
"A Chico Prego está em um momento de reestruturação. Fizemos um levantamento sobre as prestações de contas e constatamos que muitos projetos contemplados desde 2001 ainda não regularizaram pendências junto à prefeitura. Estamos cobrando cerca de R$ 2 milhões, que precisam ser devolvidos aos cofres públicos", explica, afirmando que, com a reformulação da lei, a verba para as iniciativas deve sair diretamente do órgão, não mais em forma de renúncia fiscal, como feito anteriormente. "Será uma decisão tomada em conjunto com o Conselho de Cultura da Serra", complementa.
Motta também revela que o município deve fazer um chamamento público ainda no primeiro semestre para contratar oficineiros e expositores artísticos, com o intuito de estimular a economia criativa.
"Queremos fomentar a cultura em todas as áreas da Serra, especialmente no suporte para que pequenos artesãos, atores e videomakers possam se profissionalizar. Estamos propondo, ainda, uma parceria com o Sebrae, no desejo que os artistas se estruturem ainda mais", assinala.
Questionado se a prefeitura pretende apoiar o Centro Cultural Eliziário Rangel - que possuiu o único teatro em atividade do município -, Alessandre afirmou que o órgão foi procurado pelos diretores do espaço, mas ainda não tem um planejamento específico para a associação.
"O Eliziário conta com bônus da Lei de Incentivo à Cultura (antiga Lei Rouanet) e nos apresentou o projeto. Entramos em contato com empresários da Serra, mas eles ainda estão reticentes em apoiar iniciativas culturais, especialmente após as mudanças propostas pelo governo federal para o setor. Não conseguimos seguir com as negociações".
Motta afirma, porém, que um Centro Cultural será aberto na Serra, desta vez em Novo Porto Canoa.Estamos criando um Centro de Artes e Esportes Unificado (CEU), que vai beneficiar diretamente mais de 60 mil moradores. Será uma parceria com o Ministério da Cidadania, dentro do projeto Estação Cidadania e Cultura. Nossa ideia é criar um cineteatro, biblioteca e salas multiúso. A inauguração será ainda no primeiro semestre", conclui.
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