A atriz transexual Renata Bastos, de 36 anos, é quem foi escalada para dar vida a Roberta Close no cinema. Ela vai protagonizar no filme "Hebe", de Carolina Kotscho, que conta a vida da apresentadora Hebe Camargo. Com 1,77m de altura, Renata também é modelo e estreou nas passarelas em 1977, no São Paulo Fashion Week. No cinema, já fez parte de filmes como "Carandiru", "Bruna Surfistinha" e "Nina". Ela foi selecionada por conta de sua semelhança física com Roberta Close. "Tive ela como ícone de beleza na minha adolescência", detalha ela, em entrevista ao jornal Extra.
Como será sua participação no filme?
Entro num momento muito especial da transição da Hebe, quando ela muda de emissora. A Roberta é uma das entrevistadas do novo programa dela.
Você e a Roberta se conhecem?
Uma vez a encontrei em uma festa em São Paulo, mas apenas a vi de longe. Meu laboratório foi intenso desde do começo, buscando informações sobre ela. Tinha que fazer uma imersão na suavidade e leveza que ela possui, em fala, trejeitos, andar, toda a sua delicadeza... Tive um cuidado muito grande, pois tive ela como ícone de beleza na minha adolescência.
O que acha dela?
Acho ela uma mulher de coragem e de uma luz muito forte. Certamente, uma das mulheres mais lindas que o Brasil já mostrou.
Como foi para você se assumir transexual?
Sou filha única, e meus pais são bem jovens. Em casa, sempre tiveram gays e pessoas ligadas à arte, moda e cultura. Minha mãe já faleceu, mas meu pai é um ser de muito amor. O medo que eles tinham era não estar comigo 24hs para me defender de tudo que pudesse ser algum tipo de agressão. Minha família tinha muito medo de que eu fosse garota de programa.
Como foi a sua mudança de sexo?
Me descobri mulher com 7 anos, quando disse que a pessoa mais bonita da sala em que eu estudava era um menino e não uma menina. Ali, os olhares foram de que eu estava errada em fazer essa escolha, que eu não podia achar um homem bonito. Com 13 anos, quando perdi minha mãe, renasci como uma fênix e me fiz perceber quanto mulher sou, como uma frase da Rita Wainer que é 'Caiu no buraco, voltei gigante'.
Você ainda enfrenta muitos preconceitos?
Sim, muitos. Desde de pessoas que não sabem lidar e me chamam pelo masculino ("o"Renata chegou). Até olhares de desejo de homens "héteros", que na vida social não tem coragem de assumir um relacionamento.
Como você lida com isso?
Sou pisciana, sonhadora e acredito que no final tudo vai dar certo e que a luz sempre vence a escuridão. Que o amor e o respeito são a força para esse mundo ser melhor. A conscientização de o mais legal da vida é você perceber que a diferença é uma beleza e não uma aberração. Que delícia sermos únicos e no fundo iguais, humanos.
Um dos motivos que fez a Roberta deixar o Brasil foi o preconceito. Você acha que existe ainda muito preconceito no Brasil?
Sim, ainda existe muito. Esse ano tivemos casos como Matheusa e ainda somos o país que mais mata transexuais no mundo. Um país em que a expectativa de vida de uma pessoa trans é de 35 anos.
Quais são os seus planos para o futuro?
Sou super minimalista, quero uma casa com um quintal com muitas árvores e flores, construir uma família com meus filhos, meu marido e meus cães. E que aos domingos faremos churrasco para familiares e amigos, coisas normais.
Fonte: jornal Extra
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