Mesmo que nem todas as canções de Roberto Carlos tenham sido inspiradas em experiências próprias, o rei teve sua cota de romance ao longo dos 80 anos que ele completa nesta segunda-feira (19). Dono de um repertório que faz muitos suspirarem de Norte a Sul do Brasil, o cantor capixaba não gosta de expor detalhes da vida pessoal. Porém, algumas mulheres se tornaram parte indissociável da trajetória dele.
A biografia "Roberto Carlos Em Detalhes", que o desagradou a ponto de pedir na Justiça que a proibisse, citava breves casos com famosas, como Maysa (1936-1977) e Sônia Braga, hoje com 70 anos. Mas quem primeiro encantou o cantor a ponto de fazê-lo subir ao altar foi Cleonice Rossi Martinelli, a Nice.
Na época, Nice era desquitada e mãe de uma menina, Ana Paula. Consta que foi inspirado nela que Roberto Carlos escreveu a música "Meu Grito", de 1967, gravada por Agnaldo Timóteo, que morreu, aos 84 anos, de Covid-19 no início deste mês. "Se eu grito todo mundo de repente vai saber", diz a letra. "Só falo bem baixinho, e não conto pra ninguém, pra ninguém saber seu nome. Eu grito só meu bem."
Como no Brasil os dois não poderiam se casar legalmente, já que a lei que regulamenta o divórcio só foi aprovada em 1977, os dois oficializaram a união em uma cerimônia realizada em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, em 1968. A lua de mel foi nos Estados Unidos.
Além de Ana Paula, que sempre foi tratada como filha por Roberto Carlos, o casamento com Nice deu ainda ao cantor os filhos Dudu e Luciana Braga (o primogênito, Rafael, veio de uma relação fugaz com Maria Lucila Torres e só foi reconhecido nos anos 1990, após teste de DNA). Porém, aos poucos, eles foram se afastando por causa de pequenas rusgas do dia a dia. "Sua Estupidez", de 1969, já seria um alerta de que as coisas não estavam caminhando como esperado.
Os dois se divorciaram uma década depois, em 1979. Nice morreu após uma batalha contra o câncer de mama em 1990. O cantor deu suporte à mãe de seus filhos durante o tratamento.
Na época, Roberto Carlos já havia começado e encerrado outro casamento. Em 1980, ele se casou com a atriz Myrian Rios, hoje com 62 anos. Fã do cantor desde a adolescência, ela o conheceu por acaso quando os dois se sentaram lado a lado durante um voo, em 1977. Ele a reconheceu de um concurso de talentos no programa de Moacyr Franco.
Só dois anos depois o rei, já separado de Nice, telefonou para Myrian a convidando para assistir a um de seus shows. O casamento durou dez anos, se encerrando em 1989. De acordo com o relato dela, o término ocorreu após descobrir que Roberto Carlos havia feito vasectomia e não poderia lhe dar filhos.
Foi então que um reencontro aconteceu. Roberto Carlos havia conhecido Maria Rita Simões (1961-1999) quando ela tinha 16 anos. Na época, ela foi apresentada pela enteada, Ana Paula, já que as duas estudavam juntas. Porém, os pais da garota proibiram a aproximação devido à diferença de idades.
Após a separação de Myrian Rios, eles voltaram a se encontrar em 1990, durante um show em Campos do Jordão (interior de São Paulo), e engataram um romance. No ano seguinte, em 1991, eles já estavam morando juntos. O casamento de papel passado ocorreu em 1996.
A paixão foi intensa e breve. Maria Rita descobriu um câncer em setembro de 1998. Após ser submetida a inúmeras sessões de quimioterapia e radioterapia, ela chegou a ser considerada curada em julho de 1999. Em agosto, Roberto Carlos realizou uma missa para agradecer a recuperação. Mas, depois de alguns dias, a doença voltou a se manifestar.
Maria Rita morreu em dezembro de 1999. Um dos momentos de maior emoção durante o enterro da pedagoga foi quando Roberto Carlos chorou ao cantar "Nossa Senhora". A música teria sido escrita em homenagem a ela. Outra música escrita para a amada foi "Eu Te Amo Tanto", em parceria com Erasmo Carlos.
Desde então, Roberto Carlos não voltou a assumir publicamente nenhum relacionamento amoroso. Diversas mulheres foram apontadas como supostas namoradas dele, mas nenhuma chegou a ser oficialmente o novo amor do rei.
Vale lembrar que nem só por amor romântico algumas mulheres ganharam destaque na vida de Roberto Carlos. Outra figura importante em sua vida foi a colega Wanderléa, 74 anos. Apesar das muitas especulações de que os dois teriam namorado durante a Jovem Guarda, a amizade entre ambos é que permanece até hoje.
"Não dava para ter romance", declarou ela em entrevista a Gugu Liberato em 2017, na qual lembrou que as mulheres ficavam enlouquecidas com o rei. "Todos os dois [Roberto e Erasmo Carlos] foram muito interessantes enquanto jovens, são sedutores e maravilhosos até hoje. Mas se tivesse tido alguma coisa séria, teria terminado rapidamente."
Por fim, mas não menos importante, está Laura Moreira Braga (1914-2010), a mãe do cantor. Foi ela quem apresentou a Roberto Carlos os primeiros acordes do violão. Também foi ela quem o levou para uma de suas primeiras apresentações públicas, em uma rádio de Cachoeiro de Itapemirim, região Sul do Espírito Santo, onde o filho nasceu.
Sobre a música "Lady Laura", gravada pelo filho em 1978, ela disse que escutá-la pela primeira vez "foi uma alegria imensa" e que "a música e a letra são presentes que jamais me sairão da memória". A canção não foi a única homenagem que Roberto Carlos prestou à mãe. "Dona Laura", "Lady Laura I", "Lady Laura II", "Lady Laura III" e "Lady Laura IV" são nomes de barcos que já pertenceram ao cantor.
Laura Moreira Braga morreu aos 96 anos, dois dias antes de Roberto completar 69 anos. No momento da morte, ele estava fazendo um show em Nova York. Ele interrompeu a turnê internacional que fazia e voltou ao Brasil para participar do enterro.
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