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Dennis DJ diz que escolheu ser popular e não se prender a um só ritmo

Dennis DJ diz que escolheu ser popular e não se prender a um só ritmo

Com 25 anos de carreira, o produtor musical Dennison de Lima Gomes, 40, conhecido hoje como Dennis DJ, ajudou a construir a história do funk carioca e hoje faz sucesso em turnês pelo país com o Baile do Dennis, uma das maiores festas funk do mundo

Publicado em 7 de maio de 2021 às 09:07

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O artista Dennis DJ
O artista Dennis DJ tem 25 anos de carreira. (Reprodução/Instagram @dennisdjoficial)

Você pode até não gostar de funk, mas certamente já ouviu alguma música produzida por Dennis DJ em alguma festa ou balada. Muitos dos funks mais conhecidos no país passaram pelas mãos dele, como “Malandramente” (2016), “Cerol na Mão”(2001), “Um Tapinha não Dói” (2001) e “Vai Lacraia” (2001).

Com 25 anos de carreira, o produtor musical Dennison de Lima Gomes, 40, conhecido hoje como Dennis DJ, ajudou a construir a história do funk carioca e hoje faz sucesso em turnês pelo país com o Baile do Dennis, uma das maiores festas funk do mundo.

Como resultado dessa trajetória, ele será o primeiro artista brasileiro a ter um documentário sobre a sua história na Amazon Music. A estreia acontece nesta quarta-feira (6) na plataforma de streaming e no YouTube. À reportagem, Dennis disse que está “mega feliz” por participar desse minidoc sobre o funk.

“Mesmo que não fosse eu, só de ser o funk, de estar ali, eu ficaria feliz também, porque a gente que está desde cedo nesse movimento sabe quantas batalhas teve que lutar para ter o respeito, chegar aqui onde chegou hoje. Ter o reconhecimento é maravilhoso”, diz o produtor musical orgulhoso.

Dennis começou na década de 1990 nos bailes funk cariocas, mas não tocando. Trabalhava como “barman raiz” vendendo caipifrutas (drink com frutas derivado da caipirinha) em uma barraca. Era a época da explosão do funk, com bailes que reuniam 10 mil pessoas de quarta a domingo. Ele vendia sozinho 500 copos de caipifruta em uma noite.

“Eu começava a observar bastante os DJs, tinha 15 anos e nem podia trabalhar. Mas estava ali porque eu tinha o grande sonho, desde os 12, de cantar, tocar, compor, produzir. Era uma forma de fazer uma grana para ajudar em casa e também buscar meu sonho, foi o que me ajudou a comprar os primeiros equipamentos”, lembra.

Em 1996, ele trocou a profissão de barman pelo trabalho de DJ na equipe da Furacão 2000, empresa do mercado funk carioca. “Agora eu era o DJ naqueles bailes que antes ficava só vendo. Fiquei até 2003”. Neste período, produziu CDs da série “Furacão 2000 - Tornado Muito Nervoso” e esteve por trás de grandes sucessos do funk, ajudando a difundir o ritmo pelo país.

Após deixar a Furacão 2000, Dennis passou a cuidar da própria equipe. Fundou gravadora, estúdio, programa de rádio, além de promover bailes funk. Em 2005, lançou com o selo EMI Music a coletânea “Dennis DJ Apresenta Funkadão” (2005), depois, vieram vários CDs e parcerias, como o lançado em 2005 com o DJ Marlboro, considerado um dos criadores do funk carioca.

Em 2012, Dennis decidiu que queria tocar seu funk para “a galera da zona sul” do Rio de Janeiro e foi atrás das principais empresas de formaturas para oferecer bailes funk. Até então, ele tocava em comunidades, para o público C e D e nas casas de show da Baixada Fluminense.

“Eu fiquei de dois a três anos fazendo bastante formatura e fui construindo o meu público, que é a galera que está comigo até hoje. Nesses últimos sete anos, eles vêm me acompanhando, só que acabou expandindo o ‘Baile do Dennis’ para outros estados, para o Brasil inteiro, graças a Deus”, diz.

O BAILE DO DENNIS

Nesta época, o DJ tentou tocar no Baile da Favorita, que estava estourado, mas ouviu que a equipe já tinha DJ e, por isso, não tinham como contratá-lo. Com a recusa, decidiu criar o próprio baile e, em 2013, alugou o Clube Monte Líbano, em Ipanema, zona sul, para o primeiro evento. Nascia o Baile do Dennis.

“Eu criei ali o meu mini Tomorrowland [comparativo com o maior festival de música eletrônica] que ninguém fazia no funk. Trouxe a vibe dos efeitos especiais, até nas músicas, botando instrumentos, música eletrônica misturada com o funk. Foi um jeito de fazer o meu nome girar”, explica.

O investimento de Dennis em efeitos especiais gerou comparações com Alok, 29, conhecido mundialmente na cena eletrônica. Para Dennis, a comparação se deve ao fato dos dois terem ajudado a colocar os DJs em uma posição de respeito no mercado, independentemente do ritmo.

“Eu posso dizer que fui o primeiro DJ a tocar em rodeios e poderia ter sido o último se não tivesse sido bem feito. O Alok veio me agradecer porque se hoje ele toca em rodeios foi por minha causa”, revela.

Dennis diz que as referências dele e do Alok são as mesmas, os grandes eventos de música eletrônica do mundo e afirma que os dois têm feito um bom trabalho e ajudado quem sonha ser DJ. “A gente vem influenciando outras pessoas, outros DJs que vão nascendo. Isso só fortalece mais o movimento como um todo do mercado DJ."

“Eu fui tocando, fui produzindo e sempre tentei fazer o diferente. Quando eu entrei no funk [faziam sucesso] Claudinho e Buchecha, MC Marcinho, era música romântica, barulhinho de sample, repetição, com batida forte que é o que a galera gosta”.

Foi na Furacão 2000 que ele percebeu a força das músicas dançantes, como as do grupo É o Tchan!, e levou a dança aos bailes da equipe, usando as gírias dos funkeiros, como “só tem popozão” e “vai popozuda [mulher com bumbum grande]”.

Dennis lembra que isso foi influenciando outros cantores do funk, como MC Rock Bolado, MC Dentinho, Bonde do Tigrão e Tati Quebra Barraco. “Virou uma bola de neve que foi influenciando outros e a gente chegou no funk dançante que pegou a família brasileira no ano 2000, deu aquela explosão”.

Foi apenas em 2012 que Dennis resolveu investir em sua carreira como um artista funk DJ, inspirado por outros produtores musicais e DJs, como o francês David Gueta, e o holandês Tiësto. Mas quando Gueta investiu no popular ele teve certeza daquilo que queria fazer e deu certo.

“Hoje eu digo que não tem mais segmento, acabou ficando grande e o público entende que podemos fazer funk, eletrônico, pisadinha. Eles adoram quando a gente se reinventa. É isso, eu escolhi ser do popular e o popular não tem gracinha, não tem preconceito com nada. A gente é de todo mundo”, afirma.

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